Estudo internacional revela que legislação ambiental
brasileira não protege os rios de forma adequada.
“A conservação dos igarapés depende do bom funcionamento das microbacias hidrográficas das quais fazem parte. Ou seja, não apenas o desmatamento nas margens dos igarapés traz consequências negativas aos peixes”, conta a Dra. Cecília Gontijo Leal, primeira autora do estudo e pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA).
A pesquisa aponta ainda que os igarapés em paisagens de floresta e agropecuária abrigam uma alta diversidade de peixes, sendo algumas espécies novas para a ciência e muitas delas raras, ou seja, apenas encontradas em baixo número de indivíduos ou em poucos igarapés. E mais, mostra que em uma mesma bacia hidrográfica, igarapés distantes poucas dezenas de quilômetros uns dos outros podem abrigar conjuntos de espécies bastante diferentes.
“A conservação dos igarapés depende do bom funcionamento das microbacias hidrográficas das quais fazem parte. Ou seja, não apenas o desmatamento nas margens dos igarapés traz consequências negativas aos peixes”, conta a Dra. Cecília Gontijo Leal, primeira autora do estudo e pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA).
A pesquisa aponta ainda que os igarapés em paisagens de floresta e agropecuária abrigam uma alta diversidade de peixes, sendo algumas espécies novas para a ciência e muitas delas raras, ou seja, apenas encontradas em baixo número de indivíduos ou em poucos igarapés. E mais, mostra que em uma mesma bacia hidrográfica, igarapés distantes poucas dezenas de quilômetros uns dos outros podem abrigar conjuntos de espécies bastante diferentes.
A
pesquisa foi realizada em 83 pequenos igarapés (até 3 metros de largura) nos
municípios de Santarém e Paragominas, no Pará, regiões com 60% de cobertura
florestal, mas, também, com grande atividade agropecuária.
Estudo internacional, liderado pelo Museu Paraense
Emilio Goeldi, publicado no periódico científico Journal of Applied Ecology (Reino Unido) mostra
a importância dos igarapés em regiões de expansão agropecuária para a
conservação da biodiversidade. Também revela que as leis ambientais brasileiras
não os contemplam de forma adequada. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCTIC) também colaborou com a pesquisa.
A pesquisa foi realizada em 83 pequenos igarapés
(até 3 metros de largura) nos municípios de Santarém e Paragominas, no Pará,
regiões com 60% de cobertura florestal, mas, também, com grande atividade
agropecuária.
Os 16 autores do trabalho, entre eles o pesquisador
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTIC), Jansen Zuanon, são
da Rede Amazônia Sustentável (RAS), iniciativa que reúne mais de 30
instituições do Brasil e do exterior com o objetivo de subsidiar com
informações científicas a conservação e o uso sustentável da terra na região.
Na Bacia Amazônica, a maior do mundo, o que mais
chama atenção são os grandes rios como o próprio Amazonas e seus principais
afluentes. Menos evidente é a importância das centenas de milhares de pequenos
cursos d’água, regionalmente chamados de igarapés, que estão amplamente
distribuídos na paisagem amazônica.
O trabalho chama atenção para o fato de que os
mecanismos legais que o Brasil dispõe para a conservação da floresta não
representam bem os igarapés como, por exemplo, no caso do Código Florestal, a
legislação ambiental mais importante nas propriedades privadas, as áreas de
preservação permanente (APPs) de mata ciliar têm como objetivo proteger os cursos
d’água. Mas os impactos que acontecem além das margens dos igarapés e que não
são previstos pela legislação também ameaçam a fauna de peixes.
Segundo Leal, as florestas mais afastadas das
margens (reservas legais pelo Código Florestal) também são importantes, assim
como outros impactos não mencionados no código, como as estradas de terra e a
intensificação da agricultura.
De acordo com a pesquisa, os resultados encontrados
trazem algumas implicações importantes à implementação do Código Florestal. A
lei permite que uma área desmatada em determinada propriedade seja compensada
em qualquer lugar do bioma. Mas o estudo ressalta a importância da restauração
acontecer localmente, seja pela recuperação em áreas altamente desmatadas, ou
pela compensação fora da propriedade, mas dentro da mesma bacia hidrográfica.
Outro ponto levantado pelos autores é que o foco do
Código Florestal nas APPs de mata ciliar não deve diminuir a necessidade de
manter e restaurar a vegetação nativa em áreas mais distantes dos cursos
d’água, ou seja, nas reservas legais. ¨É preciso conservar adequadamente a
paisagem florestal nas microbacias, pois é onde ocorre a captação da água que
abastece os igarapés e que permite a manutenção dessa enorme diversidade de
peixes e de outros organismos aquático, ressalta o Dr. Jansen Zuanon,
pesquisador da Coordenação de Biodiversidade do INPA.
“Nosso estudo mostra que manter alguns poucos
igarapés dentro de unidades de conservação não é suficiente para proteger
tamanha biodiversidade”, endossa Jansen.
O Dr. Jos Barlow, professor da Universidade de
Lancaster, no Reino Unido, e coautor do estudo, explica: “As propriedades
privadas têm um papel importante na conservação dos cursos d’água da Amazônia,
já que as unidades de conservação não vão dar conta do recado sozinha. É
fundamental que a conservação dos igarapés seja também garantida além dos
parques e demais reservas públicas”.
Já o Dr. Paulo Pompeu, professor da Universidade
Federal de Lavras, e também coautor acrescenta: “Nossos resultados destacam a
complexidade da conservação de um grupo que representa uma parcela importante
da biodiversidade mundial, já que quase 10% dos vertebrados do planeta são
peixes de água doce da Amazônia”.
O trabalho só foi possível graças às parcerias
nacionais e internacionais estabelecidas. “As colaborações internacionais são
fundamentais para fortalecer os programas de pós-graduação brasileiros podendo
resultar em publicações com grande relevância aplicada”, comenta o Dr. Paulo
Pompeu.
“Nosso
conhecimento sobre ecossistemas tão emblemáticos da paisagem amazônica ainda é
bastante limitado. Assim é fundamental contarmos com mais investimento na
ciência e em estudos que avaliem as paisagens em grande escala nesse bioma de
importância mundial”, destaca a Dra. Cecília Gontijo Leal. (ecodebate)
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