Cientistas relacionam a incidência de furacões mais
destrutivos, como o Irma, ao aumento da temperatura global.
Furacão Irma sobre o Caribe, o mais forte registrado no Oceano
Atlântico.Cientistas ligados a UCS afirmam que os oceanos absorveram 93% do excesso de energia gerada pelo aquecimento global entre 1970 e 2010. Dessa maneira, foi possível observar a intensificação da atividade de furações em algumas regiões.
Furacões mais potentes causaram perdas humanas, perdas econômicas para o Estado, a iniciativa privada e a população em geral.
A
ocorrência este mês de dois furacões em um prazo de uma semana – o Harvey,
no Texas, e o Irma, em países do Caribe e da Flórida – reacendeu o debate
sobre as mudanças climáticas e trouxe novas críticas ao posicionamento da
gestão Trump. A maior parte da comunidade científica americana relaciona a
incidência de furacões mais destrutivos ao aumento da temperatura global.
Um estudo
chamado Relatório Especial Ciência e Clima, do Programa de
Investigação da Mudança Global dos Estados Unidos (CSSR, a sigla em Inglês),
que reúne cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica
(NOAA), da NASA e de mais 11 agências federais do país, afirma que a atividade
humana contribui para o aumento da temperatura global e, consequentemente, a
incidência de furacões.
No estudo,
a incidência de furacões mais destrutivos é usada como evidência de que é
“muito provável que mais da metade do aumento das temperaturas, ao longo das
últimas quatro décadas, foram causadas pela atividade humana”.
Miami – Árvore caída na pista devido aos fortes ventos das primeiras
chuvas ligadas ao Furacão Irma em Miami.
O relatório
é parte da Avaliação Nacional do Clima e começou a ser feito durante o mandato
de Bill Clinton, em 1990. Em junho, o estudo foi publicado pela
comunidade científica, que encaminhou o relatório para avaliação da Casa
Branca. Até então, a administração Trump não se pronunciou.
As
conclusões batem de frente com a ideologia defendida por Donald Trump – de que
não é possível comprovar que o aquecimento global é consequência da
interferência humana.
A Union of Concerned Scientist (UCS, a sigla em inglês para a União
dos Cientistas preocupados com o clima), uma entidade que reúne especialistas
norte-americanos, também publicou em sua página um artigo em que afirma haver
probabilidade de ocorrerem mais furacões destrutivos, como o Irma, que afetaram
milhões de comunidades e colocaram estruturas em risco.
Estudos
sobre os furacões e o aquecimento global já foram desenvolvidos várias vezes
pela comunidade científica americana. A UCS trouxe o assunto à tona novamente
por ocasião da passagem do Irma – já são mais de 60 mortes confirmadas e
algumas ilhas destruídas no Caribe – Antígua e Barbuda, San Martin, Ilhas
Virgens Americanas, e Turks e Caikus (território britânico).
Além das
ilhas devastadas, são registrados enormes prejuízos financeiros – ainda não
totalmente contabilizados – para praticamente todos os países e territórios
caribenhos: Porto Rico (EUA), República Dominicana, Haiti, Cuba e Bahamas.
No
continente, os Estados Unidos tiveram nove estados afetados, entre eles a
Flórida, que teve todo o seu território atingido.
A UCS
lembra que “para as comunidades costeiras, as cicatrizes sociais, econômicas e
físicas deixadas por grandes furacões, como o Irma, são devastadoras”.
Os
cientistas reafirmaram que os furacões são parte natural do sistema climático.
Lembraram, no entanto, que as pesquisas recentes sugerem o aumento de seu
poder destrutivo, ou intensidade, desde a década de 1970, em particular na
região do Atlântico Norte.
Medidas do
potencial de destruição de furacões, calculadas a partir de sua força ao longo
da vida útil, também mostram uma duplicação desse potencial nas últimas
décadas. Um exemplo é o de um furacão que se mantém em níveis 4 e 5 (mais
destrutivos) na escala Saffir-Simpson (que vai de 1 a 5) por mais tempo,
causando mais danos.
Não só os
furacões no Atlântico estão se intensificando, os tufões do Oceano Pacífico
também estão atingindo a Ásia de maneira mais feroz.
Impacto
oceânico
Passagem do furacão Irma pela província holandesa de Philipsburg, na
ilha de San Martín.
O furacão é
um fenômeno formado pelo aquecimento das águas oceânicas. Temperaturas
marítimas superiores a 27º graus causam a evaporação da água que sobe aquecida
em forma de vapor até as nuvens. O contato do vapor quente e do ar frio da
atmosfera provoca correntes de ar que se descolam em movimento circular e
formato de cone.
Os níveis
do mar também estão subindo, porque com os oceanos mais quentes,
água do mar se expande. Essa expansão segundo a UCS, combinada ao derretimento
do gelo na Terra, causou um aumento médio global de aproximadamente 8 polegadas
(20 cm) do nível do mar, desde 1880.
A tendência
esperada é de aceleração desse processo nas próximas décadas. Níveis do mar
mais elevados na região costeira e a água mais aquecida poderão proporcionar
furacões destrutivos, como o Katrina (2005), o Harvey ou Irma.
Impacto
econômico
O impacto
econômico será sentido massivamente, como vem ocorrendo nos últimos anos.
afetando milhares de pessoas. Só nos Estados Unidos, 100 milhões de pessoas
vivem em municípios litorâneos – cerca de um terço da população total.
Houston – Cidade do Texas foi fortemente afetada pela tempestade
tropical Harvey.
Nos Estados
Unidos, o impacto do Harvey foi bastante sentido pelas indústrias petrolíferas
da costa do Texas. O abastecimento comprometido deixou os preços da gasolina
mais altos e a falta do produto foi sentida durante a passagem do furacão pela
Flórida.
Foi
preciso que o governo do estado garantisse abastecimento nas estradas para a
população que tentava deixar as áreas atingidas e que não conseguia abastecer
os carros nos postos das rodovias. (ecodebate)
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