Com aumento da temperatura e secas extremas, Amazônia pode
ter incêndios mais intensos nas próximas décadas.
O Brasil registrou neste mês o maior número de queimadas de todos os
tempos. Foram mais de 90 mil focos em pouco mais de 20 dias. E o cenário para o
futuro não é nada animador, principalmente, para a floresta amazônica.
Um estudo
feito por pesquisadores brasileiros e publicado recentemente em uma revista
internacional científica criou um modelo que avaliou como ficaria a situação na
região em 50 anos levando em consideração o crescente aumento da temperatura,
das queimadas e uma seca extrema.
É o que
explica um dos autores da pesquisa, o estudante de doutorado da Universidade
Federal de Viçosa (UFV) Bruno Lopes.
“No futuro
a intensidade do fogo tende a ser muito mais forte do que atualmente. As secas
mais intensas vão fazer o solo ficar mais seco, vai forçar a perda de folhas e
galhos, e esse material, que a gente chama de material combustível, vai se
acumular no solo da floresta e vai fazer com que a floresta fique muito mais
vulnerável a incêndios de alta intensidade. Grandes áreas vão ficar
extremamente vulneráveis se tiver uma fonte de ignição. Então, no futuro,
grande áreas da floresta podem se tornar inflamáveis.”
A pesquisa
prevê que, caso ocorra uma seca na Amazônia entre os anos de 2040 e 2069, como
as históricas registradas em 2005 e em 2010, uma área de cerca de 550 mil Km2,
maior que a França, poderá ser impactada por incêndios florestais intensos.
Emissões de
carbono podem aumentar em até 90%.
O resultado
disso, segundo o pesquisador, é que as emissões de carbono podem aumentar em
até 90%.
“Considerando
o mesmo fogo que teve em 2005, se ele ocorresse no futuro na atmosfera, com
esse cenário, com a temperatura um pouco mais alta e com seca, esse fogo seria
mais intenso e até mais letal para as árvores. Poderia aumentar as emissões de
carbono devido a mortalidade de árvores por fogo. As árvores da Amazônia não
estão preparadas para isso. Chegando a uma certa intensidade, pode matar uma
quantidade maior de árvores”.
De acordo
com Bruno Lopes, a ideia da pesquisa foi traçar um cenário para o futuro e, a
partir dos resultados, estimular o desenvolvimento de políticas públicas que
ajudem a prevenir um desastre ambiental.
O estudo
foi desenvolvido em uma área de floresta, no município de Querência (MT), onde
o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) realiza experimentos.
Pesquisadores da entidade também participaram do trabalho. (ecodebate)
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