domingo, 3 de dezembro de 2017

Com aumento da temperatura, Amazônia terá incêndios mais intensos

Com aumento da temperatura e secas extremas, Amazônia pode ter incêndios mais intensos nas próximas décadas.
O Brasil registrou neste mês o maior número de queimadas de todos os tempos. Foram mais de 90 mil focos em pouco mais de 20 dias. E o cenário para o futuro não é nada animador, principalmente, para a floresta amazônica.


Um estudo feito por pesquisadores brasileiros e publicado recentemente em uma revista internacional científica criou um modelo que avaliou como ficaria a situação na região em 50 anos levando em consideração o crescente aumento da temperatura, das queimadas e uma seca extrema.
É o que explica um dos autores da pesquisa, o estudante de doutorado da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Bruno Lopes.
“No futuro a intensidade do fogo tende a ser muito mais forte do que atualmente. As secas mais intensas vão fazer o solo ficar mais seco, vai forçar a perda de folhas e galhos, e esse material, que a gente chama de material combustível, vai se acumular no solo da floresta e vai fazer com que a floresta fique muito mais vulnerável a incêndios de alta intensidade. Grandes áreas vão ficar extremamente vulneráveis se tiver uma fonte de ignição. Então, no futuro, grande áreas da floresta podem se tornar inflamáveis.”
A pesquisa prevê que, caso ocorra uma seca na Amazônia entre os anos de 2040 e 2069, como as históricas registradas em 2005 e em 2010, uma área de cerca de 550 mil Km2, maior que a França, poderá ser impactada por incêndios florestais intensos.
Emissões de carbono podem aumentar em até 90%.
O resultado disso, segundo o pesquisador, é que as emissões de carbono podem aumentar em até 90%.
“Considerando o mesmo fogo que teve em 2005, se ele ocorresse no futuro na atmosfera, com esse cenário, com a temperatura um pouco mais alta e com seca, esse fogo seria mais intenso e até mais letal para as árvores. Poderia aumentar as emissões de carbono devido a mortalidade de árvores por fogo. As árvores da Amazônia não estão preparadas para isso. Chegando a uma certa intensidade, pode matar uma quantidade maior de árvores”.
De acordo com Bruno Lopes, a ideia da pesquisa foi traçar um cenário para o futuro e, a partir dos resultados, estimular o desenvolvimento de políticas públicas que ajudem a prevenir um desastre ambiental.
O estudo foi desenvolvido em uma área de floresta, no município de Querência (MT), onde o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) realiza experimentos. Pesquisadores da entidade também participaram do trabalho. (ecodebate)

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