O panorama
religioso da Europa vai ficar mais plural nas próximas décadas e um dos
elementos da maior diversidade religiosa é o crescimento da população
muçulmana, ao mesmo tempo em que diminui a proporção das filiações católicas e
protestantes. Segundo projeções do Instituto Pew Research Center (novembro de
2017), a população muçulmana na Europa pode triplicar entre 2016 e 2050.
Em 2016
havia 25,8 milhões de muçulmanos na Europa (representando 4,9% da população
total) e este número pode passar, no cenário de alta migração, para 75,6
milhões em 2050 (representando 14% da população total).
O gráfico
acima apresenta três cenários para 2050. Em todos eles há um crescimento da
população muçulmana. No cenário de zero imigração, a percentagem de muçulmanos
que estava em 4,6% em 2015, passaria para 7,4% em 2050. No cenário médio de
imigração a percentagem passaria para 11,2%. E no cenário de alta imigração a
percentagem de muçulmanos na Europa chegaria a 14% em 2050.
O mapa
abaixo mostra que os países com as maiores presenças de muçulmanos, em 2016,
eram Chipre (25,4%), Bulgária (11,1%), França (8,8%), Suécia (8,1%), Áustria (6,9%),
Alemanha (6,1%), Suíça (6,1%), etc. Em termos absolutos, a França lidera com
5,7 milhões de pessoas estimadas na prática da fé islâmica.
População muçulmana nos países da Europa em 2016
Segundo as
projeções do Instituto Pew Research Center (novembro de 2017), apresentadas no
mapa abaixo, a presença muçulmana na Europa em 2050, no cenário de alta
imigração, pode chegar a 14%, sendo 30,6% na Suécia, 19,9% na Áustria, 19,7% na
Alemanha, 18,2% na Bélgica, 17,2% no Reino Unido, 17% na Noruega, etc.
População muçulmana (em %) nos países da Europa.
Cenário de elevada imigração, em 2050.
Em termos
absolutos, no cenário de alta migração, conforme mostra a tabela abaixo, o
número de muçulmanos pode chegar a 17,5 milhões na Alemanha, 13,5 milhões no
Reino Unido, 13,2 milhões na França, 8,3 milhões na Itália, etc.
Os
muçulmanos na Europa são, em média, mais jovens (30,4 anos) do que os não
muçulmanos (43,8 anos), o que significa também que há mais mulheres em idade
fértil. Quase um terço da população muçulmana na Europa (27%) tem menos de 15
anos – quase o dobro da proporção entre não muçulmanos (15%).
O Instituto
Pew estimara que uma mulher muçulmana terá 2,6 filhos em média, um a mais do
que o 1,6 filho projetado para mulheres não muçulmanas que vivem na Europa.
Embora nem todos os filhos nascidos de pais muçulmanos se identificam como
muçulmanos, eles tendem a assumir a identidade religiosa de seus pais.
Evidentemente,
é muito difícil antecipar o futuro, pois os fatores que impulsionaram os fluxos
de migrantes e refugiados – como a instabilidade na África e no Oriente Médio –
podem diminuir ou aumentar. Muito depende também da economia e dos governos
europeus, que estão sujeitas a várias alterações.
O Pew
Research Center baseou suas projeções em pessoas que se identificaram como
muçulmanas, usando informações de 2.500 bancos de dados, incluindo estatísticas
oficiais e pesquisas realizadas em países que não coletam informações sobre
identidade religiosa.
Independentemente
do que vai acontecer no futuro, a realidade atual é que existe um crescimento
da presença muçulmana na Europa e uma diminuição da prática católica e
protestante no Velho Continente.
Entre 2010
e 2016, sete milhões de migrantes e refugiados chegaram à Europa, sendo mais da
metade deles muçulmanos.
Reportagem
de Roberto Scarcella, publicada em La Stampa (11/12/2017) mostra que, na
Europa, centenas de edifícios sagrados do cristianismo mudam de função e
diversos viraram mesquitas. Na Grã-Bretanha, Alemanha, França, Suécia, Bélgica
e Holanda são, cada vez mais, numerosas as comunidades cristãs que preferem
tornar rentáveis os espaços, cedendo a outra religião os lugares de culto
religioso abandonados pela evasão dos fiéis. Apenas na Frísia, no norte da
Holanda, cerca de 250 das 720 igrejas fecharam suas portas e tornaram-se
apartamentos, escritórios, restaurantes ou, em alguns casos, mesquitas.
A
reportagem cita o caso da França, onde um filósofo existencialista romeno,
adotado pelos parisienses, é citado sem parar, cada vez que se inicia um debate
inter-religioso devido a uma frase contida em uma sua correspondência com o
erudito austríaco Wolfgang Kraus: “Os franceses não acordarão até que Notre Dame
seja transformada em mesquita”.
Ou seja, o
quadro religioso da Europa está mudando com o aumento da presença muçulmana,
aumento do número de pessoas que se declaram sem religião e declínio do número
de praticantes da fé católica. O “velho continente” está ficando mais plural.
Resta saber se haverá uma convivência pacifica, com maior harmonia e
reciprocidade ou vai predominar a xenofobia e a intolerância religiosa.
(ecodebate)
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