Pesquisadores produzem por
acidente proteína capaz de degradar plásticos PET e que pode ajudar a reduzir
poluição causada pelo material. Mais de oito milhões de toneladas de plástico
são despejadas nos oceanos por ano.
Enzima descoberta acidentalmente poderá facilitar
reciclagem de plástico
Pesquisadores nos Estados Unidos e no Reino Unido
produziram por acidente uma enzima que consomem plásticos, revelou um estudo
divulgado em 16/04/18. A descoberta poderá ajudar a reduzir o grave problema da
poluição causada pelo produto derivado do petróleo.
Cientistas da Universidade de Portsmouth e do
Laboratório de Energias Renováveis do Departamento de Energia dos EUA decidiram
concentrar seus esforços numa bactéria de ocorrência natural descoberta no
Japão há alguns anos.
Pesquisadores japoneses acreditam que a bactéria
Ideonella sakaiensis se desenvolveu nas últimas décadas num centro de
reciclagem, uma vez até os anos 1940 o plástico ainda não tinha sido inventado.
O organismo parece se alimentar exclusivamente de um tipo de plástico conhecido
como Politereftalato de etileno (PET), amplamente utilizado na fabricação de
garrafas.
Os cientistas buscavam compreender o funcionamento de
uma das enzimas dessa bactéria, denominada PETase, analisando sua estrutura.
"Eles acabaram avançando um passo à frente e acidentalmente
desenvolveram uma enzima que consegue desmembrar ainda melhor os plásticos
PET", afirma o relatório divulgado na publicação científica
americana Procedimentos da Academia Nacional de Ciências
(PNAS).
Pesquisadores encontram micropartículas de plástico em
água engarrafada.
Utilizando um raio-X de brilho dez bilhões de vezes
mais forte do que o Sol, eles conseguiram elaborar um modelo tridimensional de
alta resolução da enzima.
Cientistas da Universidade de Campinas (Unicamp) e da
Universidade do Sul da Flórida desenvolveram através de computadores um modelo
que demonstrava que a PETase era bastante semelhante a outra enzima, a
cutinase, encontrada em fungos e bactérias.
Uma área da PETase, porém, apresentava algumas
diferenças, levando os cientistas a deduzir que esta seria a parte que
permitiria a degradação do plástico. Ao modificar essa enzima, tornando-a mais
semelhante à cutinase, os pesquisadores descobriram acidentalmente que a enzima
mutante conseguia degradar o plástico com eficácia ainda maior do que a PETase.
Os cientistas trabalham agora em melhorias nessa
enzima, para que possa, no futuro, ser desenvolvida em grande escala e
utilizada no setor industrial. O objetivo ao quebrar o plástico em partes
menores seria permitir que ele seja reutilizado de maneira mais eficiente.
Cientistas sintetizam enzima mutante que come
plástico.
"O acaso muitas vezes tem um papel significativo
na pesquisa científica fundamental, e nossa descoberta não é exceção",
afirmou o autor do estudo, o professor John McGeehan, da Faculdade de Ciências
Biológicas de Portsmouth.
"Ainda que modesta, a descoberta inesperada
sugere que há espaço para desenvolver ainda mais essas enzimas, nos aproximando
de uma solução para reciclar as montanhas de dejetos de plástico que não para
de crescer", observou.
Enzima que come plástico foi desenvolvida quando
pesquisadores estudavam bactéria descoberta no Japão.
Mais de oito milhões de toneladas de plástico são
despejadas anualmente nos oceanos, enquanto aumenta a preocupação com os
problemas causados à saúde humana e ao meio ambiente. Apesar dos esforços
globais para reciclar essa matéria-prima, a maior parte dos produtos plásticos
sobrevive durante centenas de anos. (dw)
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