Publicação científica internacional descreve
metodologia do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito
Estufa).
Metodologia
do sistema de estimativas de emissões do OC foi publicada no periódico Scientific Data, do grupo Nature.
A
metodologia usada por organizações integrantes do Observatório do Clima para
produzir os dados anuais de emissões e remoções de gases-estufa do Brasil foi
descrita num periódico científico internacional. É o primeiro artigo científico
contendo o passo a passo completo do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões
de Gases de Efeito Estufa). Ele foi publicado em 29/05/18 no periódico Scientific Data. A revista
integra o grupo Nature,
que edita a principal revista científica do planeta.
Os
23 autores do trabalho pertencem a oito instituições. Eles explicam como são
feitas e atualizadas as estimativas de emissão de CO2 e outros
gases para os cinco setores responsáveis por emissões na economia brasileira
(Mudança de Uso da Terra, Agropecuária, Energia, Processos Industriais e
Resíduos), e falam da importância dos dados públicos dos inventários oficiais
de emissões como referência.
Com
a publicação, num periódico indexado e com revisão por pares (o cânone do
processo científico), o SEEG amplia a disseminação de sua metodologia, que é
aberta e pode ser replicada, criticada e aprimorada por qualquer pesquisador de
qualquer parte do mundo que lide com dados de emissões.
“Esta publicação consolida um
método que vimos desenvolvimento no Observatório do Clima ao longo dos últimos
cinco anos para gerar informações confiáveis, atualizadas e completas sobre as
emissões de gases de efeito estufa no Brasil, que é o 7o maior
emissor de gases de efeito estufa do planeta”, disse Tasso Azevedo, criador e
coordenador do SEEG.
“Além
do rigor técnico-científico, nosso foco é divulgar e comunicar os dados de
emissões do país de forma simples, intuitiva e detalhada para contribuir para o
desenho de políticas publica e ações no âmbito privado e da sociedade civil
para colocar o Brasil do caminho de uma economia de baixo carbono”, prosseguem.
Para
Ciniro Costa Júnior, pesquisador de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora e
coautor do artigo, a publicação do SEEG “evidencia a elevada capacidade técnica
construída pela sociedade civil quanto ao tema das emissões de gases de efeito
estufa no Brasil e torna-se uma referência sólida para auxiliar a tomada de
decisões e o planejamento para o problema das mudanças climáticas”.
“A
transparência de métodos, premissas e fontes de informação são aspectos
fundamentais para que o SEEG contribua com a disponibilização de informações
ricas e precisas para a sociedade pensar políticas públicas”, disse David Tsai,
do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).
Transparência
e interdisciplinaridade também são destacadas por Amintas Brandão, do
Imazon. “A publicação na Scientific
Data fortalece o método e a abordagem transparente e
interdisciplinar que desenvolvemos no projeto SEEG”.
Outro
coautor, Igor Albuquerque Reis, gerente de Mudanças Climáticas do ICLEI –
Governos Locais pela Sustentabilidade, afirma que o trabalho representa “uma
validação de todo o processo de construção dessa plataforma e o respaldo
científico necessário para também fortalecer o SEEG na esfera acadêmica”.
Criado
em 2012 e com sua quinta versão lançada em 2017, o SEEG hoje é a maior base de
dados pública sobre emissões de um país em todo o mundo. Ele abarca todas as
emissões brasileiras de gases-estufa entre 1970 e 2016 (exceto para o setor de
uso da terra, que tem dados para o período 1990-2016). Em sua plataforma na
internet, ele permite buscar os dados por setor da economia, segmento, ano, por
Estado e por gás de efeito estufa para quase 600 fontes de emissão e remoção
avaliadas. Dois produtos derivados do sistema, o Monitor Elétrico e o Monitor Agropecuário, permitem acompanhar em tempo
quase real as emissões desses dois setores. Um terceiro, o MapBiomas, permite entender todas as mudanças de uso do solo do Brasil de
2000 a 2016. A metodologia SEEG já deu origem a sistemas de monitoramento de
emissões da sociedade civil no Peru e na Índia.
O
SEEG é executado por cinco instituições: Instituto de Energia e Meio Ambiente,
que faz as estimativas dos setores de energia e de processos industriais;
Imaflora, que calcula as emissões da Agropecuária; Imazon e Ipam, que cuidam
das estimativas de uso da terra; e ICLEI, que produz as do setor de resíduos.
Além
dos dados anuais, o SEEG divulga também relatórios com uma análise sobre o
perfil das emissões e recomendações para políticas públicas. Os analíticos do SEEG 5, que cobre o período até 2016,
serão publicados semanalmente entre maio e julho. (ecodebate)
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