Diminuição
de florestas tropicais foi menor em 2017 – mas ainda é a segunda pior de todos
os tempos.
O Brasil
e a República Democrática do Congo foram os que mais perderam; as coisas
melhoraram na Indonésia. Aqui estão cinco tópicos de um novo relatório.
Áreas
agrícolas fazem fronteira com a floresta tropical do Parque Nacional do Iguaçu,
no Brasil, que teve a maior perda florestal, segundo um novo relatório sobre o
desmatamento tropical em todo o mundo.
Uma cidade madeireira fica ao
lado do rio Kinabatangan, em Sabah, em Bornéu. No total, a Indonésia reduziu
seu desmatamento em 60% em 2017.
Esta imagem aérea mostra uma
paisagem degradada em Johor, na Malásia. O desmatamento tropical ocorre
principalmente quando a terra é desmatada para a criação de gado e cultivo de
soja e óleo de palma e exploração de produtos madeireiros.
A floresta tropical cobre o
Parque Nacional de Dzanga, na República Centro-Africana. As florestas tropicais
absorvem dióxido de carbono, ajudando a mitigar as mudanças climáticas.
Imagine-se olhando de cima
para baixo sobre uma enorme faixa de floresta exuberante – mas antes que você
possa sacar o telefone e tirar uma foto, ela desaparece.
Em regiões tropicais ao redor
do mundo, a cobertura florestal está desaparecendo nessa velocidade: a cada
minuto do dia, nos últimos dois anos, uma área do tamanho de 40 campos de
futebol foi cortada ou queimada para aumentar a produção de soja, gado, óleo de
palma e produtos madeireiros.
Apesar dos esforços para
reduzir o desmatamento tropical, a perda de cobertura florestal quase dobrou
nos últimos 15 anos. Em 2017, 15,8 milhões de hectares desapareceram – uma área
quase do tamanho do estado de Washington, nos Estados Unidos –, segundo novos dados divulgados pelo grupo de
pesquisa do Instituto de Recursos Mundiais (World Resources Institute, WRI) no Fórum de Floresta Tropical de Oslo, onde 500
especialistas florestais e legisladores estão se reunindo para debater sobre o
assunto. A última perda total só fica em segundo lugar se comparada a 2016, o
pior ano de perda de florestas tropicais até agora, com 16,9 milhões de
hectares.
Incêndios, secas e
tempestades tropicais também estão desempenhando um papel crescente na perda de
florestas, especialmente à medida que as mudanças climáticas os tornam mais
frequentes e severos, de acordo com o relatório. As regiões que mais perderam
floresta em 2017 foram as da América Latina, do Sudeste Asiático e da África
Central.
O desmatamento é, em si, um
dos principais impulsionadores das mudanças climáticas. Emissões oriundas da
destruição de florestas tropicais, incluindo biomassa subterrânea e drenagem de
florestas de turfa, acrescentaram cerca de 7,5 bilhões de toneladas métricas de
dióxido de carbono à atmosfera em 2017, de acordo com WRI – quase 50% acima das
emissões de carbono de fontes energéticas de todos os Estados Unidos.
Enquanto a destruição das
florestas libera enormes volumes de dióxido de carbono, o plantio de florestas
sequestra a substância da atmosfera, fazendo da proteção florestal uma das
respostas para mitigar as mudanças climáticas. E como as florestas tropicais
crescem o ano todo, elas são especialmente importantes. A conservação adequada
e a restauração de florestas tropicais, manguezais e turfeiras podem ser uma maneira
econômica de atingir até 23% das reduções de dióxido de carbono necessárias até
2030, de acordo com um documento de trabalho do WRI sobre clima e florestas tropicais divulgado
no fórum de Oslo.
Apesar disso, países e o
setor privado gastam cerca de USD $ 100 bilhões por ano subsidiando e
investindo na expansão agrícola e no desenvolvimento da terra que destroem a
floresta, disse Frances Seymour, ilustre membro-sênior do WRI. Enquanto isso,
ela acrescenta, apenas um bilhão de dólares anuais são destinados à conservação
florestal.
“É como tentar apagar um incêndio doméstico com
uma colher de chá enquanto mais gás vaza sobre a chama”, ela disse.
Uma
cidade madeireira fica ao lado do rio Kinabatangan, em Sabah, em Bornéu. No
total, a Indonésia reduziu seu desmatamento em 60% em 2017.
A pecuária é a maior responsável
Muito dos USD $ 100 bilhões
anuais investidos em subsídios e investimentos vão para a exportação de
alimentos e de produtos madeireiros para outros países. A China e a Índia estão
entre os maiores importadores mundiais de soja, pasta de papel e celulose e
óleo de palma. A China sozinha é um grande importador de carne bovina, e a
pecuária é a maior causadora isolada de desmatamento, de acordo com um
documento de trabalho do WRI sobre cadeias de fornecimento livres de
desmatamento.
Esses subsídios e
investimentos devem ser redirecionados para o aumento da agricultura
sustentável em terras não-florestais, diz Andreas Dahl-Jørgensen, vice-diretor
da Iniciativa Internacional de Floresta e Clima da Noruega, durante uma
coletiva de imprensa sobre os novos dados.
A taxa de perda de cobertura
florestal é inferior à metade em terras comunitárias e indígenas, em comparação
a outros lugares. No entanto, isso tem um preço alto. O grupo de direitos
humanos Global Witness documentou 197 assassinatos de pessoas defendendo
direitos territoriais e ambientais em 2017. Muitos deles eram indígenas,
observou Victoria Tauli-Corpuz, uma especialista da ONU e líder indígena.
Reconhecer e apoiar os
direitos legais dos povos indígenas do mundo – que ocupam mais de 50% das
terras – é uma ferramenta poderosa de proteção às florestas e ao clima, ela
diz.
Cinco conclusões do novo relatório
O Brasil
ainda é de longe o líder em desmatamento, com 4,5 milhões de hectares perdidos
em 2017, seguido pela República Democrática do Congo com 1,5 milhão de
hectares.
A
Indonésia reduziu drasticamente sua perda florestal em 60%, em 2017, embora o
Sumatra, lar do extremamente ameaçado tigre de Sumatra, tenha observado um
aumento na perda de florestas primárias – incluindo 18,5 mil de hectares no
Parque Nacional de Kerinci Seblat.
O
desmatamento na Colômbia foi três vezes maior em 2017 do que em 2015 – o fim da
guerra civil resultou em uma corrida pela pecuária, mineração, soja, madeira e
especulação imobiliária.
O Congo
interrompeu a exploração madeireira industrial há 16 anos, mas a perda de
florestas aumentou em 2016-17. Este ano, as empresas chinesas receberam novas
concessões madeireiras na maior floresta de turfa do mundo.
A ilha
de Dominica perdeu 32% de sua floresta remanescente devido a furacões, em 2017,
enquanto Porto Rico perdeu 10%. (nationalgeographicbrasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário