Reflorestamento de áreas degradadas da
Amazônia requer participação da sociedade.
Pedro
Brancalion atua na Amazônia há anos e revela uma ausência assustadora do
Estado: “É terra sem lei”.
Agosto
registra mais focos de queimadas na Amazônia que a média dos últimos 21 anos,
aponta o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE). Essa situação crítica, na maior floresta tropical do planeta, faz com
que os olhos do mundo se voltem para o Brasil. Os líderes do G7 ofereceram US$
20 milhões, cerca de R$ 83 milhões, de ajuda emergencial para combater os
incêndios na Amazônia.
Uma
assistência de médio prazo para o reflorestamento também foi proposta. Para
recebê-la, o Brasil deve concordar em trabalhar com Organizações Não
Governamentais (ONG’s) e populações locais. O Jornal da USP no Ar conversa com
o professor Pedro Brancalion, do Laboratório de Silvicultura Tropical da Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP, sobre a situação da Amazônia
e o reflorestamento.
Especialista
na área de manejo e restauração florestal, Brancalion explica que existe uma
cadeia de fatores que levam ao desmatamento da Amazônia. “Em momentos de crise,
os governantes buscam soluções simples para problemas complexos”, comenta o
professor sobre as queimadas, e avança: “Se propor a reflorestar áreas
desmatadas, ou queimadas, sem tratar todo o sistema complexo que resulta na
degradação dessas áreas, não será efetivo”.
Em
defesa da floresta amazônica.
No
plano ideal, antes do reflorestamento é preciso entender o que tem levado à
degradação da floresta, combater os fatores de desmatamento para – só então –
iniciar o processo de restauração florestal. No entanto, a situação da Amazônia
é crítica e exige intervenções imediatas. Para Brancalion, o trabalho de
compreensão dos fatores de degradação deve acontecer em paralelo com ações de
restauração florestal.
Ponto-chave
para a conservação ambiental, sobretudo da floresta amazônica, é “o
fortalecimento dos órgãos de Estado, como a Polícia Federal e o IBAMA”,
discorre o professor da ESALQ, Brancalion atua na Amazônia há anos e revela uma
ausência assustadora do Estado: “É terra sem lei”.
Considerando
a Amazônia como toda a região ocupada pela bacia do rio Amazonas temos,
aproximadamente, 7 milhões de km², dos quais 5,5 milhões de km² são cobertos
pela floresta tropical. Devido a essa imensa extensão territorial, compreender
as necessidades das populações locais, bem como as particularidades da área que
se pretende intervir, é requisito para uma ação efetiva.
Brancalion
explica que cerca de 20% da área da Amazônia é de floresta secundária, ou seja,
regiões que foram desmatadas e passaram por um processo de regeneração natural.
O professor esclarece que o modelo de recuperação, no qual o homem deixa de
desmatar e a floresta se regenera, é o ideal, mas dificilmente praticável.
Portanto, a solução mais efetiva e sustentável é o processo participativo. O
poder público deve dialogar com a sociedade civil, entender as demandas das
populações locais para depois desenvolver o melhor modelo de recuperação
florestal.
Aliança
para proteger a Amazônia quer reverter tendência de desmatamento da floresta.
(ecodebate)
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