Feche
a torneira ao escovar os dentes! Banho de 5 minutos! Lave o carro e o quintal
com balde e não com mangueira!
Fomos
acostumados a pensar que essas são as únicas ações possíveis para pouparmos
água. Obviamente, ao adotarmos esse tipo de prática em nosso dia a dia, não só
economizamos este importante benefício natural, mas também comprovamos que é
totalmente possível (sobre) viver com menos. Segundo um levantamento da
Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa consegue atender suas
necessidades básicas com 110 litros de água por dia. Porém, no Brasil, o
consumo médio é de cerca de 200 litros. Entretanto, além de gastarmos mais água
do que realmente necessitamos, devemos estar atentos ao consumo de “água
virtual”. Isso mesmo!
Esqueça
um pouco da torneira aberta e pense sobre todos os outros produtos que você
possui dentro de casa. Todos necessitam de água, seja na matéria-prima, na
fabricação ou no transporte até o ponto de venda. Essa é a “água virtual”: uma
água que nós não vemos, mas que foi usada em tudo que faz parte do nosso dia a
dia.
Para
cada litro de cerveja, consome-se 300 litros de água, que é usada não somente
na matéria-prima, mas também na produção da cevada e do lúpulo, por exemplo. Os
aparelhos eletrônicos, apesar de não levarem água na sua composição, chegam a
gastar 15 mil litros para serem produzidos. Mas a campeã é a agropecuária: para
produzir 1 quilo de carne, consome-se 15,5 mil litros de água, considerando
toda a cadeia de produção e fabricação de ração para os animais, fora a grande
quantidade que é usada para a irrigação das lavouras.
No
Brasil, de toda a água utilizada, 70% são consumidos pela atividade
agropecuária, 20% no setor industrial e 10% são voltados para o uso doméstico.
Devemos pensar também no consumo necessário para a exportação. Considerando que
o País é uma das principais nações em termos de agronegócios, isso faz com que
o Brasil seja visto como um dos maiores exportadores de água do mundo.
Os
cálculos relativos à água virtual são importantes para a verificação do impacto
ambiental em termos hídricos de empresas, setores da economia e até mesmo de
países. Esse impacto é também chamado de “pegada hídrica”, que leva em conta o
volume de água usado nos processos econômicos, o total de habitantes, a água
usada nos produtos importados e a que serviu para o exportados. Embora sejam
importantes para a economia do País, essas atividades vêm gerando impactos
significativos para o desenvolvimento regional. A quantidade cada vez maior de
transposições de água de rios para cultivar grandes monoculturas causa, muitas
vezes, déficit de água para comunidades que historicamente faziam uso daquela
fonte.
O
exemplo dado sobre as comodities brasileiras é uma questão complexa que envolve
discussões econômicas e políticas, mas certamente entender esse cenário já é um
grande passo. Já os dados de consumo de água em alimentos, como a carne, o
arroz e a cerveja, nos faz refletir sobre o nosso cardápio diário, de maneira
que ele seja mais “sustentável”, privilegiando produtos que exigem menos água
para sua produção. E sobre outros produtos, realmente precisamos de todos eles?
Computadores e smartphones, certamente. Mas as muitas outras coisas que
consumimos? Pense nisso!
Calcular
e discutir esses dados são formas de garantir o uso racional da água,
possibilitando a redução do seu consumo. Se ficou curioso, uma calculadora
disponível no site waterfootprint.org faz o cálculo da
quantidade de água que você tem consumido indiretamente.
*Renato
Atanazio é coordenador de Soluções baseadas na Natureza da Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza.
Água
e produção de alimentos. (ecodebate)
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