Aliada a outros fatores, exposição a microplásticos
pode interferir no ciclo de vida da sardinha.
Um
estudo produzido no curso de Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí
(Univali) avaliou a presença de microplásticos no trato digestivo da
sardinha-verdadeira e da sardinha laje, espécies provenientes das regiões sul e
sudeste do país. Da amostra analisada, 81% apresentou fibra e fragmento no
aparelho digestivo. Pesquisas indicam que aliados a outros fatores, esses
poluentes podem interferir no ciclo de vida da sardinha, um dos recursos
pesqueiros mais comercializados e consumidos no Brasil.
A
pesquisa realizada pela acadêmica do curso de Oceanografia, Camila Hagelund,
foi orientada pela professora Patrícia Fóes Scherer Costódio. A docente explica
que a avaliação foi feita no trato digestivo (estômago e intestino) dos
organismos, órgãos que em geral não são ingeridos pelas pessoas e, por isso,
podem não afetar diretamente na alimentação. Mais importante do que isso, de
acordo com Patrícia, é o impacto que esses microplásticos podem causar em toda
a cadeia trófica, podendo ser tóxicos, ameaçando as espécies e a biodiversidade
expostas a esses materiais.
As
amostras de sardinha foram obtidas no Laboratório de Oceanografia Biológica,
por meio do projeto do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). Para
quantificar o plástico nas sardinhas utilizou-se a metodologia de digestão do
trato digestivo com o ácido hidróxico de potássio, seguido de filtração em
filtro de fibra de vidro. Como resultado, foram encontrados 97 microplásticos
de diferentes categorias, sendo 92,78% do tipo fibras e 7,21% do tipo
fragmento. As áreas amostradas ocupam 2,2% do território nacional e abrangem
parte dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
formada por 464 municípios, com densidade demográfica cerca de três vezes maior
do que a média brasileira. Houve maior quantidade de microplásticos nas
espécies coletadas na área localizada mais próxima da costa do que na região
mais distante, o que segundo as pesquisadoras reflete a influência da ação do
ser humano para o ambiente marinho.
“Há
poucos trabalhos publicados no Brasil sobre a ocorrência de microplástico nos
estômagos de peixes de interesse comercial”. Artigos internacionais e nacionais
indicam a interferência desta ingestão, nos aspectos de ciclo de vida de
diferentes organismos. “Como a sardinha é um organismo filtrador, alimenta-se
exclusivamente de plâncton, está mais sujeita à ingestão acidental destas
partículas”, afirma a professora-orientadora.
Encontrado
microplástico no estômago do charuto. Porcaria estava em 81% de peixes
coletados em Santa Catarina e outros três estados.
O
mais popular dos peixes da região não escapou da poluição provocada pelos seres
humanos. (ecodebate)
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