O que está impulsionando o
desmatamento tropical?
Cientistas mapeiam 45 anos de imagens de satélite.
Um novo método de mapeamento
baseado em dados de mais de 45 anos pode ajudar a identificar o que está
causando o desmatamento tropical e onde as florestas são mais vulneráveis à
degradação e incêndios futuros.
As florestas tropicais estão
sob crescente pressão da atividade humana, como a agricultura. No entanto, para
implementar medidas eficazes de conservação, os tomadores de decisão locais
devem ser capazes de identificar com precisão quais áreas da floresta são mais
vulneráveis.
Um novo método de análise
liderado por pesquisadores do Centro Francês de Pesquisa Agrícola de
Desenvolvimento Internacional (CIRAD), do Centro Internacional de Agricultura
Tropical (CIAT) e da Universidade de Rennes-2 poderia ser a chave.
Uma mudança de paradigma
O método concentra-se no
conceito de vulnerabilidade da floresta, significando a exposição da floresta a
ameaças e sua capacidade de se recuperar delas. Anteriormente, esse conceito de
vulnerabilidade, definido pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC), era usado apenas em relação aos efeitos das mudanças climáticas nas
florestas.
Os pesquisadores são
pioneiros no uso do conceito de vulnerabilidade florestal em termos de
atividade humana, além de integrar imagens de cobertura florestal e mudanças no
uso da terra em uma análise holística e detalhada. Esse uso combinado de dados
marca uma mudança de paradigma na maneira como a vulnerabilidade da floresta é
calculada.
O método foi testado pela primeira vez no
distrito de Di Linh, no Planalto Central do Vietnã, onde o cultivo de culturas
comerciais como o café transformou as áreas florestais em áreas vulneráveis à
seca, à erosão do solo e à eclosão de incêndios.
Planeta perdeu 12 milhões de
hectares de florestas tropicais em 2018. Brasil foi o país que mais desmatou.
Meio século de dados
Os pesquisadores combinaram o
mapeamento em mosaico do uso atual da terra com 45 anos de imagens de satélite
Sentinel-2 e Landsat. Juntos, esses dados forneceram uma imagem detalhada de
como o território havia mudado ao longo do tempo e permitiram a identificação
precisa das áreas mais vulneráveis.
“Mostramos que as áreas mais
vulneráveis são compostas por florestas degradadas, uma alta fragmentação do
habitat florestal que aumenta a sensibilidade de uma floresta a incêndios e a
presença do café por extensão”, disse Clément Bourgoin, cientista do CIAT e Ph.
D. aluno do CIRAD que ajudou a desenvolver o método. “Esses mapas tornam
possível atingir áreas onde devemos limitar a expansão das culturas e aumentar
a capacidade de resposta das florestas, limitando a fragmentação”.
Os resultados do estudo,
publicado no International Journal of Applied Earth Observation and
Geoinformation, mostram como o desenvolvimento de infraestrutura, café, arroz
e outras culturas na região tem sido às custas das florestas sempre verdes. Ele
revela que, desde 1973, a cobertura florestal sempre verde na região foi
reduzida de 100 para 60 milhões de hectares, como consequência direta da
expansão agrícola. O desmatamento atingiu o pico em 1992 e desacelerou nos
últimos anos, embora novas áreas ainda estejam sendo convertidas e evidências
de degradação e fragmentação ainda possam ser vistas.
Capacitar tomadores de
decisão
O método foi testado na
região como parte de um projeto piloto de REDD + (Redução de Emissões por
Desmatamento e Degradação Florestal) que visa ajudar tomadores de decisão, como
planejadores de uso da terra e guardas florestais locais, no monitoramento de
florestas. Os pesquisadores esperam que o mapeamento leve a um monitoramento
mais regular da vulnerabilidade da floresta por meio de sistemas como o
Terra-i, que podem detectar o desmatamento quase em tempo real.
A equipe aplicou um método semelhante a uma antiga frente de desmatamento em Paragominas, no estado brasileiro do Pará, e espera publicar um estudo com suas descobertas no próximo ano.
A equipe aplicou um método semelhante a uma antiga frente de desmatamento em Paragominas, no estado brasileiro do Pará, e espera publicar um estudo com suas descobertas no próximo ano.
Planeta perde área de um
estado de SP por ano em florestas.
Relatório aponta que desmatamento
saltou 43% em todo o mundo desde 2014.
Segundo relatório, entre 2001
e 2018 Brasil perdeu 55 milhões de hectares de florestas – área equivalente à
da Bahia. (ecodebate)
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