A
Austrália vive o verão mais quente e seco de sua história. Desde setembro do
ano passado, os incêndios florestais destruíram cerca de 10 milhões de
hectares. Cientistas apontam que mais de 1 bilhão de animais foram mortos ou
feridos pelas chamas. Entre as vítimas estão espécies endêmicas – ou seja, que
só ocorrem naquele local, como coalas, cangurus e alguns marsupiais. Segundo
dados da organização internacional World Wildlife Fund (WWF), um terço da
população de coalas foi dizimada pelos incêndios apenas em Nova Gales do Sul. Tão
letal quanto o fogo, as ondas de calor provocaram efeitos avassaladores para a
raposa-voadora-de-cabeça-cinza.
Entre
1994 e 2007, um estudo constatou que aproximadamente 30 mil raposas-voadoras
morreram devido ao calor extremo na Austrália. A morte de alguns animais no
verão é considerada normal, mas desta vez o impacto foi devastador. O mês de
dezembro do ano passado registrou uma sequência de dias quentes que culminou
com um fenômeno mortal de três dias, com pico de cerca de 43°C em 20 de
dezembro. Foi quando o Parque Yarra Bend, próximo ao centro de Melbourne,
registrou o ecocídio de 4,5 mil raposas-voadoras. O caso foi divulgado pela
National Geographic.
A elevada taxa de mortalidade tem relação direta com filhotes. O calor veio com toda força logo após o nascimento de centenas de animais. Os morcegos jovens ainda estavam em fase de amamentação, o que os deixou ainda mais vulneráveis às altas temperaturas, bem como suas mães.
A elevada taxa de mortalidade tem relação direta com filhotes. O calor veio com toda força logo após o nascimento de centenas de animais. Os morcegos jovens ainda estavam em fase de amamentação, o que os deixou ainda mais vulneráveis às altas temperaturas, bem como suas mães.
Raposas-voadoras
estão morrendo em massa devido ao calor extremo na Austrália. No fim de 2019,
milhares de mamíferos morreram em um parque de Melbourne devido ao calor de
mais de 43°C.
Um
dia de calor é extremamente complicado para a raposa-voadora. Ao amanhecer,
elas retornam às árvores depois de seu banquete noturno. Às 8h, os ninhos se
aquecem. Elas batem as asas para se refrescar, mas logo se cansam. Debaixo do
sol do meio dia, os animais já estão exaustos e começam a ficar ofegantes,
acelerando a desidratação. Nessas condições, voar até um rio para se refrescar não
é uma opção, por falta de energia.
As
mães então carregam seus filhotes para um galho isolado e se afastam em busca
de um local fresco. Ao encontrar um porto seguro, instintivamente outros
morcegos seguem o mesmo caminho. É quando a situação fica incontrolável. Os que
chegaram primeiro já não têm ar fresco e são “esmagados” pelos outros, criando
uma confusão generalizada. Neste momento, equipes do parque disparam jatos de
água para refrescar os animais e tentar desfazer os aglomerados. Mas no ano
passado, o calor não deu trégua.
Embora
não sejam tão carismáticas quanto os coalas, as
raposas-voadoras-de-cabeça-cinza exercem um papel fundamental no ecossistema.
Elas transportam sementes e polinizam árvores, desempenhando uma função vital
para o nascimento de novas árvores que, por sua vez, proverão abrigo e alimento
para outras dezenas de espécies. É extremamente importante compreender que cada
animal e planta desempenham um papel no ciclo da natureza, que está diretamente
ligado à nossa existência. Prova disso são os efeitos diretos e indiretos dos
incêndios da Austrália em outros países.
Queimadas dessas proporções lançam na atmosfera quantidades massivas de gases de efeito estufa, que aumentam a temperatura média da Terra e aceleram os efeitos das mudanças climáticas. Segundo reportagem da revista Galileu, a neve das geleiras da Nova Zelândia ficou marrom graças às cinzas trazidas pelo vento do país vizinho. Isso acelera o derretimento do gelo, pois impede que os raios solares sejam refletidos e, como resultado, a neve absorve mais luz e calor. Na América do Sul, a fumaça chegou no Chile, Argentina e, aqui no Brasil, no Rio Grande do Sul.
Queimadas dessas proporções lançam na atmosfera quantidades massivas de gases de efeito estufa, que aumentam a temperatura média da Terra e aceleram os efeitos das mudanças climáticas. Segundo reportagem da revista Galileu, a neve das geleiras da Nova Zelândia ficou marrom graças às cinzas trazidas pelo vento do país vizinho. Isso acelera o derretimento do gelo, pois impede que os raios solares sejam refletidos e, como resultado, a neve absorve mais luz e calor. Na América do Sul, a fumaça chegou no Chile, Argentina e, aqui no Brasil, no Rio Grande do Sul.
Tamsyn
Hogarth, socorrista de morcegos, segura uma jovem
raposa-voadora-de-cabeça-cinza resgatada no Parque Yarra Bend. Hogarth
administra a Fly By Night, uma clínica de resgate e reabilitação de
raposas-voadoras. Ela e outros voluntários resgataram 255 filhotes de
raposas-voadoras do parque em dezembro/2019.
Tudo
está interligado. É urgente que todos os cidadãos entendam essa conexão e lutem
para que ela seja saudável, pelo bem de todos nós. (ecodebate)
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