“Se
a economia crescente do descarte imediato dos bens e do desperdício continuar,
seremos capazes
de entregar a Terra ainda banhada em sol, apenas à vida bacteriana.”
- Nicholas Georgescu-Roegen.
O
aquecimento global provocado pela emissão de gases de efeito estufa é uma
realidade inquestionável e já está trazendo danos crescentes para a economia e
a sociedade. Os últimos 6 anos (2014-19) foram os mais quentes já registrados e
a década 2011-20 é a mais quente da série histórica. O mês de janeiro de 2020
bateu todos os recordes históricos de temperatura para o primeiro mês do ano. A
atmosfera do Planeta está ficando mais quente e isto tem um impacto devastador
em diversos aspectos, pois pode deixar amplas áreas da Terra inóspitas ou
inabitáveis.
O
jornalista David Wallace-Wells tem escrito sobre a possibilidade de uma
catástrofe ambiental e o seu livro “The uninhabitable Earth: life after
warming” (2019), mostra que os efeitos do aquecimento global vão ser
abrangentes, terão um impacto muito rápido e vão durar muito tempo. A
degradação ambiental já está ocorrendo e trazendo danos em várias áreas, como a
acidificação dos solos, águas e oceanos, a precarização dos ecossistemas e os
desastres climáticos extremos, como secas, chuvas, furacões e inundações de
grandes proporções (Alves, 2020).
As
perdas gerais decorrentes de catástrofes naturais em todo o mundo em 2019
totalizaram US$ 150 bilhões, praticamente em linha com a média ajustada pela
inflação dos últimos 30 anos e abaixo dos US$ 186 bilhões em 2018, segundo a
seguradora Munich Re, conforme mostrado na figura abaixo.
Houve
820 eventos que causaram perdas em 2019, em comparação com 850 eventos em 2018.
As perdas seguradas nos eventos de 2019 totalizaram US$ 52 bilhões, abaixo dos
US$ 86 bilhões em 2018. Catástrofes naturais em 2019 causaram cerca de 9.000
mortes, em comparação com 15.000 em 2018.
Sete
desastres causaram danos estimados em mais de US$ 10 bilhões: as inundações no
norte da Índia e o tufão Lekima, na China (US$ 10 bilhões cada); o Furacão
Dorian, na América do Norte (US$ 11,4 bilhões); as inundações de junho a agosto
na China (US$ 12 bilhões); inundações no meio-oeste e sul dos Estados Unidos
(US$ 12,5 bilhões); o tufão Hagibis, no Japão, em outubro, (US$ 15 bilhões); e
os incêndios florestais na Califórnia, de outubro a novembro (US$ 25 bilhões).
A pior catástrofe classificada pelo número de mortes foi o ciclone Idai, que
atingiu Moçambique, Malawi, Zimbábue e África do Sul em março e causou mais de
1.000 mortes.
O
gráfico abaixo mostra que o número de catástrofes “naturais” no mundo está
aumentando no período 1980 a 2018, sendo que os eventos meteorológicos e os
eventos hídricos são os mais comuns, mas os eventos climáticos são crescentes.
Enquanto
a roda viva da economia continua sufocando as forças da natureza, os desastres
“naturais” tendem a crescer de forma exponencial. Aquilo que os cientistas
chamavam de maneira cautelosa de “mudanças climáticas” se transformou em “crise
climática” ou “caos climático”, passando a representar um perigo existencial à
civilização e uma ameaça concreta à sobrevivência da vida humana e não humana.
A Terra está ficando cada vez mais inóspita e pode ter amplas áreas inabitáveis
em decorrência das agressões ao meio ambiente ocorridas, principalmente, desde
o início da Revolução Industrial e Energética.
Para
Herman Daly, um dos principais autores da economia ecológica, as atividades
humanas já ultrapassaram os limites econômicos do Planeta e entraram em uma
fase de “crescimento deseconômico”. O crescimento dos custos ambientais é a
demonstração que a era do enriquecimento humano às custas do empobrecimento do
meio ambiente está com os dias contados e todo o modelo de desenvolvimento
fóssil precisa ser repensado e redirecionado. (ecodebate)
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