70% da exploração madeireira no Pará é ilegal, de
acordo com estudo do Imazon.
Intensificar
fiscalizações em áreas protegidas e aperfeiçoar o processo de licenciamento e
monitoramento dos planos de manejo florestal sustentáveis são caminhos para
reverter esse cenário.
Um
novo estudo publicado pelo Imazon atestou que 38 mil hectares de floresta foram
explorados no período de agosto de 2017 a julho de 2018. Desses, apenas 30%
possuíam autorização para exploração, enquanto 70% eram irregulares. O Sistema
de Monitoramento da Exploração Madeireira (SIMEX) cruza informações das
Autorizações para Exploração Florestal (Autefs) operacionais no período,
emitidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do estado
do Pará (Semas-PA), com imagens de satélite processadas para verificar a
consistência e execução dessas autorizações.
“A
exploração não autorizada de madeira concentrou-se principalmente em áreas
privadas ou sob disputa (76%), seguida de Terras Indígenas (12%), Assentamentos
(8%) e Unidades de Conservação (UCs) (5%). Quanto às áreas privadas, foram
mapeados 18.796 hectares em propriedades inscritas no Cadastro Ambiental Rural
(CAR), representando 70% da extração ilegal mapeada no estado”, informa a
pesquisa.
Os
dados apontam uma redução de 29% na exploração detectada pelo sistema com
relação ao período anterior, sendo 47% de exploração autorizada e 17% de não
autorizada. Parte desses números se deve ao fato das imagens acabarem
comprometidas por nuvens, o que impede a análise.
O
estudo também analisou os hectares de desmatamento por município. Entre os que
tiveram maiores quantidades de exploração ilegal estão Paragominas, Tomé-Açú,
Dom Eliseu, Uruará e Ipixuna do Pará, com um total de 16.640 hectares
explorados sem autorização.
“Na
comparação com o período anterior (agosto/2016 a julho/2017), observamos reduções
expressivas na exploração ilegal de madeira nos municípios de Portel (100%),
Dom Eliseu (61%) e Tomé-açu (54%). Por outro lado, observamos aumentos
consideráveis nos municípios de Altamira (845%), Rondon do Pará (206%) e Dom
Eliseu (77%). O município de Paragominas, topo da lista, ainda apresentou
aumento de 12% em relação ao período anterior”, observa o relatório.
Também
foi avaliada a qualidade de exploração e manejo da floresta nas áreas
exploradas com autorização. “Dos planos de manejo operacionais, selecionamos 28
Autefs em cujas imagens de satélite foram possíveis visualizar cicatrizes da
exploração de madeira e avaliar sua qualidade. Da exploração detectada nessas
imagens, aproximadamente 28 mil hectares (78%) apresentaram qualidade
intermediária e cerca de 8 mil hectares (22%) apresentaram qualidade boa.
Nenhum caso foi classificado com manejo de baixa qualidade”.
O
estudo também traz recomendações para melhorar o monitoramento da atividade
exploratória no Pará. São elas: Aperfeiçoar o processo de licenciamento e
monitoramento dos planos de manejo florestal sustentáveis; facilitar o acesso a
dados sobre os planos de manejo; intensificar fiscalizações em áreas protegidas
e verificar a consistência de listas de espécies florestais dos projetos.
“O
monitoramento de planos de manejo é fundamental para a prevenção e combate a
irregularidades no setor florestal, além de estimular o bom manejo. Dessa
forma, com base nos resultados apresentados neste relatório, consideramos
crucial melhorar o monitoramento dessa atividade no estado”, finaliza a
pesquisa. (ecodebate)
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