Técnicas de agricultura
sustentável ajudam na conservação do solo. Especialistas apontam algumas.
Sistema de plantio direto na
lavoura de mandioca.
Dados da FAO (Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) indicam que um terço dos solos do
mundo está degradado. Isso significa que perderam, em algum grau de
intensidade, sua capacidade de gerar serviços ecossistêmicos, como regulação
hidrológica, sequestro de carbono ou retenção de nutrientes para a produção de
alimentos.
Para evitar que esse quadro
se intensifique, a agricultura tem papel fundamental. Por meio de técnicas sustentáveis
de plantio é possível aumentar a qualidade do solo, permitindo que ele continue
sendo uma importante fonte de serviços naturais que beneficiam toda a
sociedade.
Conheça algumas:
1) Plantio Direto
O plantio direto é o cultivo
de plantas agrícolas sob os restos vegetais do cultivo anterior, evitando assim
o revolvimento do solo. Essa prática reduz os efeitos erosivos, visto que a
camada de resíduos vegetais atua como um escudo contra a água e o vento.
André Ferreti, gerente de
Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e
membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), explica que
o plantio direto é uma prática fundamental para se evitar a perda do solo por
meio da chuva. “Essa camada de resíduos vegetais protege o solo da gota de
chuva, que quando bate direto no solo, além de facilitar a erosão, compacta-o
de tal forma que ele vai perdendo a capacidade de deixar a água se infiltrar”.
2) Rotação de Culturas
“É uma técnica tão antiga
quanto a própria agricultura, mas que foi deixada de lado nos últimos anos por
questões econômicas e de políticas agrícolas”, observa o engenheiro agrônomo
Carlos Hugo Rocha, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza
(RECN) e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR).
A rotação de culturas é a alternância entre o que é plantado numa mesma área, evitando o desgaste nutricional do solo e seu desequilíbrio químico e biológico. Pode-se, por exemplo, plantar soja numa safra e depois alternar para o plantio de milho, escapando assim da prática da monocultura, prejudicial a vida e à conservação do solo.
A rotação de culturas é a alternância entre o que é plantado numa mesma área, evitando o desgaste nutricional do solo e seu desequilíbrio químico e biológico. Pode-se, por exemplo, plantar soja numa safra e depois alternar para o plantio de milho, escapando assim da prática da monocultura, prejudicial a vida e à conservação do solo.
3) Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta
Assim como a técnica
anterior, a ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) também é uma forma de
rotação de cultura, só que mais complexa. Nela, o agricultor alterna entre o
plantio da lavoura, o plantio de pastagem para o gado e combina essas duas
culturas com o plantio de árvores, como o eucalipto ou espécies nativas. “Isso
minimiza os impactos negativos e maximiza os potenciais benéficos, pois são
três formas de plantio distintas que atuam em frentes diferentes na conservação
do solo”, explica o especialista da RECN.4) Preservação das APPs e áreas ripárias
Outra técnica agrícola que
ajuda na conservação do solo é a proteção das APPs (Áreas de Preservação
Permanente) ao redor da propriedade rural e das áreas ripárias. As APPs são
definidas no Código Floresta Brasileiro como “área protegida, coberta ou não
por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos,
a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas”. As áreas ripárias, por sua vez, são aqueles ecossistemas diretamente
relacionados a um curso d’água.
5) Retorno da Matéria
Orgânica
Por fim, uma das técnicas
essenciais é garantir o retorno da matéria orgânica ao solo. Esse, no entanto,
é o grande “calcanhar de Aquiles” da agricultura brasileira. Devido ao clima
tropical, os nutrientes da matéria orgânica que cai no solo são rapidamente
absorvidos pela terra. Ao mesmo tempo, isso faz com que seja rapidamente
degradada, obrigando a utilizando de fertilizantes químicos para compensar a
perda nutricional do solo antes da colheita.
“Nisso, a agricultura orgânica é essencial. Quanto mais aprimorado é o manejo agronômico, mais você cria um solo que não precisa de produtos nocivos à vida do solo, como fertilizantes químicos e agrotóxicos. O próprio solo, através de seus organismos, fornece os nutrientes que as plantas necessitam. Isso já existe na pequena escala, mas precisamos criar oportunidades para expandir para uma escala maior”, explica Rocha.
Técnicas para melhorar o solo.
“Nisso, a agricultura orgânica é essencial. Quanto mais aprimorado é o manejo agronômico, mais você cria um solo que não precisa de produtos nocivos à vida do solo, como fertilizantes químicos e agrotóxicos. O próprio solo, através de seus organismos, fornece os nutrientes que as plantas necessitam. Isso já existe na pequena escala, mas precisamos criar oportunidades para expandir para uma escala maior”, explica Rocha.
Técnicas para melhorar o solo.
Para ele, é possível levar
essas práticas para todo o Brasil, principalmente com a coordenação de
políticas públicas que garantam investimentos em práticas sustentáveis e
orgânicas. (ecodebate)
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