Colniza, MT, Brasil: Área
degradada no município de Colniza, noroeste do Mato Grosso.
Em 1987, Roberto Duailibi, da
agência DPZ criou a campanha “Estão tirando o verde da nossa terra“. A imagem da bandeira brasileira perdendo o verde ao
som do hino nacional foi a maior ação de comunicação voltada para o meio
ambiente já feita no Brasil e acabou se transformando no logotipo da Fundação
SOS Mata Atlântica.
A Mata Atlântica é um tipo de
floresta tropical que se estende pela costa leste, sudeste e sul do Brasil,
chegando até o Paraguai e a Argentina. Sua proximidade com o Oceano Atlântico
fez com que ela fosse o primeiro bioma a ser ocupado, a partir dos
descobrimentos.
Restam 12,4% de seus 108
milhões de hectares originais, cerca de 13,4 milhões de hectares, responsáveis
por uma exuberante biodiversidade e pela existência de espécies únicas no
mundo.
Cerca de 70% da população do
Brasil – em 3.429 dos 5.570 municípios brasileiros – está fixada em seu
território, a partir de um processo de ocupação que determinou sua degradação e
fragmentação.
Extremamente ameaçada, tem
sido objeto de inquietação e iniciativas de conservação e defesa, especialmente
a partir do final da década de 80.
Tal preocupação, para além de
considerar sua importância para a manutenção do extraordinário banco de
recursos genéticos que ela representa, tem fundamentos de ordem prática: os 120
milhões de pessoas que vivem em seu domínio, dela dependem para que suas
necessidades hídricas sejam satisfeitas.
Isto posto, é preciso,
especialmente neste dia, avaliar adequadamente as ameaças que pairam sobre esse
bioma único e imprescindível à qualidade de vida das pessoas que o ocupam.
Depois de um longo e árduo
trabalho desenvolvido especialmente a partir de iniciativas da sociedade civil,
em direção à sua proteção – envolvendo desde o desenho de corredores ecológicos
e replantio de áreas degradadas à implantação de Planos Municipais para sua
conservação e recuperação, entre outros – os dois últimos anos oferecem motivos
de sobra para apreensão.
Segundo informações do Atlas
da Mata Atlântica – uma iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – o biênio 2018-2019
representou um total de desmatamento de 14.502 hectares, 27,2% superior ao
ocorrido no período anterior (2017-2018), quando foi de 11.399 hectares.
São indisfarçáveis as
investidas governamentais, no sentido de fragilizar e desmontar a estrutura
legal de proteção ambiental. Elas vão desde o enfraquecimento contínuo dos
órgãos de comando e controle (IBAMA e ICMBio), da substituição das direções das
Unidades Federais de Conservação por profissionais de capacitação discutível,
passando pela limitação da participação da sociedade na construção das normas
ambientais (com a alteração da composição do CONAMA-Conselho Nacional do Meio
Ambiente) até os ataques diretos à legislação protetiva específica, ou seja a
Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428/2006).
Inicialmente, o Despacho MMA
4.410/2020 emitido pelo Ministro do Meio Ambiente há mais ou menos um mês,
reconhece como consolidadas as APPs-Áreas de Preservação Permanentes (margens
de rios e topos de morro) desmatadas e ocupadas até julho de 2008 em
propriedades rurais no bioma Mata Atlântica. Essa medida isenta seus
proprietários da obrigação de recuperá-las com vegetação nativa, aplicando o
Código Florestal em lugar da legislação específica para proteção do bioma.
Desde então, em consequência
de uma Ação Civil Pública decorrente de representações oriundas da sociedade
civil organizada, o MPF-Ministério Público Federal tem recomendando aos órgãos
ambientais federais nos estados a não seguir essa decisão, sob pena de medidas
judiciais cabíveis, incluindo responsabilização do servidor.
No entanto, uma proposta do
Ministério do Meio Ambiente para alteração do Decreto 6.660/2008, que
regulamenta a Lei da Mata Atlântica já tem sua minuta depositada na mesa
Presidencial.
Continuam tirando o verde da
nossa terra, não podemos nos omitir, vamos protestar contra o desmonte na área
ambiental e o descaso com o nosso futuro!
Sem floresta, sem vida!
Sem floresta não há água!
(ecodebate)
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