A Cargill, a maior
importadora de soja do Reino Unido, está ligada ao desmatamento de 61.260
hectares de florestas na Amazônia brasileira e no Cerrado desde março de 2019.
É o que revelam novos dados
publicados hoje na ferramenta de monitoramento da Mighty Earth, o Rastreador de
Desmatamento de Soja e Gado. Todos os principais supermercados da Grã-Bretanha
vendem frango e carne suína alimentados com soja brasileira.
Perguntados sobre suas
conexões com a Cargill, os supermercados J. Sainsbury, ASDA, Morrisons e
Aldi-UK recusaram-se a confirmar ou negar suas ligações diretas ou indiretas
com a comerciante. Entretanto, a Tesco, num gesto de transparência, reconheceu
que a Cargill está presente nas cadeias de suprimento de seus fornecedores
diretos de frango e publicou um documento delineando a origem da soja utilizada
para seus produtos.
Apesar das sucessivas
promessas dos principais supermercados da Grã-Bretanha de alcançar o
desmatamento zero em sua cadeia de abastecimento até 2020, os varejistas
continuam altamente expostos ao desmatamento e ao desmatamento no Brasil,
alimentado pela produção de soja.
A Cargill domina o mercado
britânico de soja, importando mais de dois terços (70%) dos grãos de soja que
entram no Reino Unido diretamente do Brasil. Três quartos (78%) das exportações
diretas de soja brasileira para o Reino Unido vêm de regiões ameaçadas do
Cerrado, a maior savana tropical do mundo, e da Amazônia, a maior floresta
tropical do mundo.
Quase toda (90%) a soja consumida no Reino Unido é utilizada para alimentar animais de criação, como frangos e porcos, que são depois vendidos nos supermercados britânicos.
“Os consumidores britânicos têm falado alto e claro – eles não querem ser cúmplices na destruição das florestas preciosas do Brasil. Entretanto, os supermercados estão falhando em protegê-los do consumo de carne alimentada com soja destruidora da floresta”, afirma Robin Willoughby, diretor da Mighty Earth do Reino Unido. “Estamos instando os CEOs da Tesco PLC, J.Sainsbury’s, ASDA, Morrisons e Aldi UK a tomar medidas imediatas para deter a destruição do Brasil e abandonar a Cargill”.
De fato, juntamente com a
divulgação da pesquisa, a Mighty Earth do Reino Unido está lançando uma
campanha nacional para que medidas decisivas sejam tomadas em relação à
Cargill.
Levantamento
Todos os meses, a Mighty
Earth e a organização de pesquisa Aidenvironment usam alertas de desmatamento
via satélite de agências governamentais brasileiras, imagens de propriedade,
investigações por uma equipe local e envolvimento com as empresas nomeadas para
estabelecer os vínculos entre os comerciantes de soja, processadores de carne
bovina e a destruição de florestas no Brasil.
O Mighty Earth’s Soy &
Cattle Deforestation Tracker (Rastreador de Desmatamento de Soja e Gado)
conecta instâncias de desmatamento em larga escala na Amazônia e no Cerrado a
comerciantes de soja e frigoríficos e torna esses vínculos públicos pela
primeira vez. Ele não captura todo o desmatamento no Brasil, que é muitas vezes
maior.
De acordo com a agência espacial brasileira (INPE), o desmatamento da floresta amazônica no país bateu o recorde dos últimos 12 anos. Na semana passada, o governo brasileiro removeu qualquer medida para combater o desmatamento no plano nacional de ação climática (NDC) sob o Acordo de Paris, apesar de o desmatamento ser a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no país. Segundo a Mighty Earth, soja e pecuária bovina são as atividades mais relacionadas à degradação florestal no Brasil.
Cargill combate desmatamento do Cerrado.
Em anexo está o relatório
final do estudo e uma cópia preliminar de um briefing (em português) elaborado
pela Migthy Earth que explica como a nova ferramenta de monitoramento por
satélite tornará cada vez mais clara a relação entre o desmatamento praticado
no Brasil e as cadeias produtivas globais. (ecodebate)
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