sábado, 23 de janeiro de 2021

Mudanças climáticas causam nova doença de pele mortal em golfinhos

Condição está relacionada à queda da salinidade dos oceanos por fortes tempestades de furacões e ciclones, cada vez mais frequentes com o aumento das temperaturas do planeta.
Mudanças climáticas causam nova doença de pele mortal em golfinhos. Acima: fêmea adulta de T. aduncus que morreu em 2009 em decorrência da doença de pele de água doce.

Cientistas do Centro de Mamíferos Marinhos em Sausalito/USA, da Fundação de Mamíferos Marinhos e da Universidade de Murdoch, ambas na Austrália, identificaram uma nova doença de pele em golfinhos, que está ligada às mudanças climáticas.

Patologia foi vista pela 1ª vez em 2005, após o Furacão Katrina, em golfinhos do gênero Tursiops vivendo na costa de Nova Orleans. Desde então, pesquisadores trabalharam para descobrir sua causa. As conclusões sobre a doença foram publicadas em dezembro na Scientific Reports.

A doença, chamada de doença de pele de água doce (FWSD, na sigla em inglês), já foi observada em comunidades de golfinhos ao redor do mundo e é causada pelo declínio da salinidade da água provocado pelas mudanças climáticas. Golfinhos com a condição desenvolvem lesões cutâneas irregulares e elevadas em todo o corpo, podendo chegar a cobrir até 70% de sua pele.

Uma doença de pele devastadora está afetando (e matando) golfinhos nos EUA e na Austrália.

É conhecida como doença de pele de água doce e é uma doença de pele grave que afeta alguns mamíferos marinhos, em particular os golfinhos nariz de garrafa. E a culpa, de acordo com um novo estudo, pode ser a mudança climática.

“Esta doença de pele devastadora está matando golfinhos desde o furacão Katrina, e temos o prazer de finalmente definir o problema”, disse, em nota, Pádraig Duignan, patologista-chefe do Centro de Mamíferos Marinhos em Sausalito. “Com uma temporada recorde de furacões no Golfo do México este ano e sistemas de tempestades mais intensas em todo o mundo devido às mudanças climáticas, podemos esperar ver mais desses surtos devastadores matando golfinhos.”

Nos últimos anos, surtos da doença foram identificados na costa norte-americana do Golfo do México e na Austrália. Em todos esses lugares, um fator comum foi a drástica e repentina redução na salinidade da água. Tempestades de furacões e ciclones cada vez mais frequentes e graves estão por trás dessas mudanças, já que despejam volumes incomuns de chuva, transformando as águas costeiras em água doce. Condições de baixa salinidade podem persistir por meses e, mesmo que golfinhos estejam acostumados às mudanças nos níveis de salinidade em habitat marinhos, eles não vivem em água doce.

Especialistas preveem que tempestades extremas, como o furacão Katrina e o Harvey, ocorridos respectivamente em 2005 e 2017, serão cada vez mais frequentes com o aumento das temperaturas, resultando em surtos mais comuns da doença de pele de água doce.

“Este estudo ajuda a lançar luz sobre uma preocupação cada vez maior, e esperamos que seja o primeiro passo para mitigar a doença mortal e orientar a comunidade do oceano para lutar ainda mais contra as mudanças climáticas”, diz Duignam.

Uma visão aproximada de um golfinho mostra sinais de lesões cutâneas associadas a uma doença mortal de pele conhecida como dermatite ulcerativa.

Mudança climática está causando doença de pele mortal em golfinhos. (revistagalileu)

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