EUA tiveram taxa de
fertilidade mais baixa em 30 anos, diz relatório.
Segundo o documento elaborado
pelos CDC em 2017 foram registrados 3,85 milhões de nascimentos, o que
representa o número mais baixo desde 1987
“Diferente das pragas da
idade das trevas ou das doenças contemporâneas que ainda não compreendemos, a
praga moderna da superpopulação é solúvel pelos meios que descobrimos e com os
recursos que possuímos. O que falta não é conhecimento suficiente da solução,
mas consciência universal da gravidade do problema e educação dos bilhões que
são suas vítimas” - Martin Luther King/1966.
Os pronatalistas e
conservadores de todos os tipos estão assustados com a diminuição do ritmo de
crescimento populacional nos EUA e nem o presidente Joe Biden fica livre dos
ataques do fundamentalismo. A taxa de fecundidade (filhos por mulher) está
caindo nos EUA. Houve uma grande queda na grande depressão dos anos 1930 e uma
recuperação após a 2ª Guerra Mundial (quando houve um baby boom entre 1945 e
1965). A fecundidade voltou a cair nas décadas de 1970 e 1980, teve uma pequena
recuperação entre 1980 e 2008 e voltou a cair depois da crise financeira iniciada
com a quebra do banco Lehman Brothers.
Dados do Center for Disease Control and Prevention (CDC) mostram que o número de nascidos vivos atingiu um pico em 1990, com 4,16 milhões de nascimentos, chegou a 4,06 milhões em 2000 e atingiu o zênite de 4,32 milhões de nascimentos em 2007. Portanto, as novas gerações já apresentam uma tendência de adotar famílias menores. E esta realidade foi agravada pela pandemia da covid-19, conforme mostra o gráfico abaixo.
Com as restrições à migração adotadas durante o governo Donald Trump e com a crise pandêmica de 2020, o ritmo de crescimento demográfico caiu ainda mais. Matéria de Eliana Dockterman, na revista Time (15/10/2020), mostra que muitas americanas jovens estão adiando a gravidez e outras estão, inclusive, desistindo de ter filhos. O resultado é que no ano de 2021 deve nascer menos 500 mil bebês, fazendo o número de nascidos vivos cair para 3,3 milhões de crianças no ano que vem, número equivalente àqueles da década de 1970 quando a população dos EUA era muito menor.
Um menor crescimento
demográfico dos EUA, no segundo pais mais poluidor do mundo, é uma boa notícia
para o meio ambiente. Porém, o fundamentalismo religioso e o conservadorismo
aproveitam este fato para espalhar o medo do decrescimento populacional e
reforçar a agenda pronatalista e antineomalthusiana.
Até as primeiras políticas na
área de direitos sexuais e reprodutivos adotadas por Joe Biden – o segundo
presidente católico dos EUA e um dos mais religiosos de todos os tempos – estão
sendo contestadas pela Conferência dos Bispos dos EUA.
O primeiro desafio do novo governo é reverter o legado desastroso de Donald Trump na área dos direitos humanos. No plano doméstico, ele desrespeitou as obrigações legais que permitem que as pessoas que temem por suas vidas solicitem refúgio, separou crianças migrantes de seus pais, empoderou supremacistas brancos, agiu para minar o processo democrático, e fomentou o ódio contra as minorias raciais e religiosas. Ele também fechou os olhos para o racismo sistêmico nas intervenções policiais, removeu proteções legais para pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT), revogou proteções ambientais sobre ar e água limpos e procurou enfraquecer o direito à saúde, especialmente o direito à saúde reprodutiva e sexual. Donald Trump tinha restabelecido uma política que se originou na era Reagan, proibindo a concessão de ajuda americana aos provedores de saúde no exterior que discutem o aborto, mesmo não estando relacionada com a opção pelo planejamento familiar.
Placas de pessoas idosas.
O governo de Joe Biden, um
dia depois da posse, promoveu a ruptura dos EUA com a aliança conservadora na
qual o governo de Jair Bolsonaro apostou fortemente: nas questões de saúde
sexual e direitos reprodutivos. Para tanto, o novo presidente revogou a “Política
da Cidade do México” e defendeu o compromisso mais amplo de proteger a saúde
das mulheres e promover a igualdade de gênero em casa e no mundo. Segundo o
doutor Anthony Fauci, “Será nossa política apoiar a saúde sexual e reprodutiva
de mulheres e jovens e os direitos reprodutivos nos Estados Unidos, bem como em
todo o mundo”.
Mas esta guinada não agradou
os setores mais conservadores da Igreja Católica Americana. A Conferência dos
Bispos dos EUA, emitiu uma declaração prometendo que haverá áreas de “forte
oposição” dos bispos em relação ao governo Biden. Os Bispos conservadores não
deram trégua ao presidente Biden dizendo que ele segue certas políticas que
promoveriam males morais e ameaçariam a vida e a dignidade humanas, mais
seriamente nas áreas do aborto, da contracepção, do casamento e do gênero.
Ou seja, a pauta
conservadores de costumes já se manifesta nos EUA. Não custa lembrar que a
encíclica Humanae Vitae, do Papa Paulo VI, lançada no dia 25 de julho de 1968 e
é uma das responsáveis pelas posturas equivocadas da Igreja na área dos
direitos sexuais e reprodutivos. Embora, o Planejamento Familiar tenha sido
reconhecido como um direito humano básico na Conferência de Direitos Humanos,
ocorrida em Teerã, no dia 13 de maio de 1968 (comemorando os 20 anos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, da ONU).
Taxa de natalidade nos EUA
cai ao menor nível em 30 anos.
Desta forma, liderança da
Conferência dos Bispos dos Estados Unidos ao invés de avançar se volta para a
tradição mais conservadora da Igreja e se alia com os setores mais atrasados da
sociedade americana. O fato é que Biden tenta manter os compromissos históricos
dos Estados Unidos com os direitos humanos. (ecodebate)
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