“A
mudança climática é o maior desafio do nosso tempo” - Amanda Gorman no poema
Earthrise.
A
esperança de vida ao nascer avançou muito no mundo nos últimos 60 anos,
passando de 50,1 anos em 1960 para 72,6 anos em 2019. Foi um aumento de 0,4 ao
ano durante todo o período, embora os ganhos tenham diminuído pela metade nos
últimos anos, conforme mostra o gráfico abaixo.
A China
teve o maior crescimento passando de 43,7 anos para 76,9 anos, um aumento de
0,6 ao ano. Os EUA tiveram o pior desempenho passando de 69,9 anos para 78,9
anos, uma aumento de somente 0,15 ao ano, sendo que a esperança de vida ao
nascer está praticamente estagnada na última década (até 2019). O Japão tem a
maior esperança de vida do mundo (empatado com Hong Kong) e a Costa Rica
ultrapassou os EUA. A Índia está abaixo da média mundial, mas tem crescido a
0,5 ao ano e convergido para a média global.
No
período de 2000 a 2019, ocorreram 7.348 grandes eventos de desastres
registrados, ceifando 1,23 milhão de vidas, afetando 4,2 bilhões de pessoas
(muitos em mais de uma ocasião), resultando em aproximadamente US$ 2,97
trilhões em perdas econômicas globais.
Este é
um aumento acentuado em relação aos vinte anos anteriores. Entre 1980 e 1999,
4.212 desastres foram associados a desastres naturais em todo o mundo, ceifando
aproximadamente 1,19 milhão de vidas e afetando 3,25 bilhões de pessoas,
resultando em aproximadamente US $ 1,63 trilhão em perdas econômicas.
Também
foi estimada a mortalidade devido a infecções respiratórias entre crianças
menores de cinco anos nas Américas e na Europa, regiões para as quais temos
dados confiáveis sobre o risco relativo desse resultado de saúde. Essa
estimativa é mais do que o dobro dos relatórios do Global Burden of Disease
Study que estima o número total de mortes globais por partículas materiais no
ar, incluindo poeira e fumaça de incêndios florestais e queimadas agrícolas.
Portanto,
a emergência climática e ambiental mata mais que a emergência sanitária e
confirma as previsões de Ulrich Beck (1995) no livro a Sociedade de Risco.
Ele
alertou: “O que estava em jogo no velho conflito industrial do trabalho contra
o capital eram positividades: lucros, prosperidade, bens de consumo. No novo
conflito ecológico, por outro lado, o que está em jogo são negatividades:
perdas, devastação, ameaças”.
“Com a
generalização dos riscos da modernização, é desencadeada uma dinâmica social
que não mais pode ser abarcada e concebida em termos de classe”. E ainda: “A natureza
não pode mais ser concebida sem a sociedade, a sociedade não mais sem a
natureza”.
Portanto, os anos de ganhos na esperança de vida parecem que ficaram para trás. A década de 2011-20 foi de crescimento lento da esperança de vida ao nascer do mundo. Mas a década que começa em 2021 pode ser de estagnação ou até mesmo de retrocesso.
Os EUA, a maior potencia econômica mundial (quando medida em termos de dólares correntes – já apresentou queda na vida média de seus habitantes nos últimos anos). Esta realidade americana pode se generalizar em função da simultaneidade de várias crises que se manifestam em função da degradação ecológica perpetuada pelo sistema de produção e consumo a serviço dos interesses egoísticos da humanidade. (ecodebate)
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