Diferentemente
de outras descobertas — como a de massacres direcionados a famílias
específicas, dentro do campo de batalha ou até como parte de rituais religiosos
—, o achado revela um cenário em que o crime foi executado desordenadamente.
"O
DNA, combinado com as evidências arqueológicas e esqueléticas — especialmente
aquelas que indicam violência sistemática, talvez até no estilo de execução —
demonstra um massacre indiscriminado e sepultamento aleatório de 41 indivíduos
de uma comunidade pastoril antiga no que hoje é o leste da Croácia", disse
James Ahern, professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Wyoming,
em nota à imprensa.
Segundo
o pesquisador, a descoberta também dá novas pistas de como viviam os primeiros
agricultores dos períodos Neolítico e Paleolítico. Antes, acreditava-se que
eles vivam em pequenas aldeias ou grupos, mas as análises genéticas dos
esqueletos encontrados sugerem que eles se organizavam em grupos maiores.
"A
evidência de DNA indica apenas alguns parentes próximos em uma amostra tão
grande, o que significa que, não apenas a violência foi aparentemente
indiscriminada, mas envolveu um subconjunto de uma população local muito
maior", explica Ahern.
Evidências de grandes assentamentos já haviam sido encontradas em locais como Çatalhüyük, na Ásia Menor, e Vucedol, nos Balcãs; mas Potočani é cerca de um milênio mais antiga do que elas.
Restos de massacre ocorrido há 6,2 mil anos são encontrados na Croácia. Acima: Lesões no lado direito do crânio de uma mulher jovem encontrada entre as vítimas do massacre de Potočani.
Perfil
das vítimas
De
acordo com as análises genéticas, 70% dos esqueletos não tinham relações
parentais entre si e o número de homens e mulheres mortos era praticamente o
mesmo. Essa informação sugere que o crime não tratou de uma batalha entre
guerreiros e nem uma represália contra determinado sexo.
Lesões
cranianas foram encontradas em 13 dos 41 indivíduos assassinados no local.
"Embora não tenhamos evidências sobre a causa da morte de outros
indivíduos, suas mortes foram quase certamente violentas", diz Ahern. As
datações de radiocarbono realizadas e os estudos da sedimentologia do terreno
indicam que houve um único evento de sepultamento após o massacre.
Os pesquisadores acreditam que possíveis mudanças climáticas que tenham afetado a disponibilidade de água e alimentos na região possam ter sido o estopim do conflito. “Esses fatores [ambientais] tendem a atrapalhar o modo de vida humano, e os grupos às vezes tentam tomar o controle dos territórios e recursos de outras pessoas”, explica Ahern. “O aumento do tamanho da população faz com que os grupos excedam seus recursos locais e exijam expansão para outras áreas.
Tanto a mudança climática quanto o aumento da população tendem a causar desorganização social e atos violentos, como o que aconteceu em Potočani, que se tornam mais comuns à medida que os grupos entram em conflito um com o outro". (revistagalileu.globo)
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