Quase
sete entre cada dez brasileiros (67%) acreditam que, se o governo não agir
agora para combater as mudanças climáticas, estará deixando a desejar com o
povo do país. O dado faz parte do levantamento Earth Day 2021, realizado pela
Ipsos com entrevistados de 30 nações na ocasião do Dia da Terra, celebrado em
22 de abril. Considerando os respondentes do mundo todo, o percentual é
ligeiramente menor (65%).
Ainda
que responsabilize a esfera governamental, a população do Brasil também cobra
ações do setor privado. Três em cada quatro pessoas (75%) afirmam que se as
empresas locais não agirem agora para combater as mudanças climáticas, elas
estarão falhando com seus clientes e funcionários. No mundo, são 68%.
Além
disso, 77% dos entrevistados brasileiros concordam que falharão com as gerações
futuras se, enquanto indivíduos, não agirem para combater as mudanças
climáticas neste momento. Levando em conta os respondentes das 30 nações, o
índice é de 72%.
Apesar
da ampla cobrança por iniciativas, no Brasil, 45% das pessoas acham que o
governo não tem um plano claro de como vai trabalhar, em conjunto com as
empresas e a própria população, para enfrentar as mudanças climáticas. Por
outro lado, 26% acreditam que o governo possui, sim, ações planejadas para
lidar com a questão. Globalmente, a média de respondentes que não deposita
confiança no plano de ação de seu governo é de 34%, contra 31% que acreditam
haver um plano claro traçado por seus governantes para o combate das mudanças
climáticas.
“Enquanto 67% dos brasileiros concordam que se o governo não agir agora para combater a mudança climática estará decepcionando as pessoas, apenas 26% dizem que o governo realmente tem um plano claro de como fazer com que o próprio governo, empresas e pessoas atuem juntas nessa questão. Com o tema de meio ambiente ganhando cada vez mais espaço no noticiário, principalmente por conta da Amazônia, isso traz um claro alerta. 75% dos brasileiros também esperam das empresas privadas ações de combate à mudança climática, do contrário estarão decepcionando seus clientes e empregados. Isso mostra que mesmo no cenário de pandemia e seus respectivos reflexos no bolso do consumidor, as ações verdes lideradas pelas marcas e empresas ainda continuam com alta relevância para seus consumidores”, analisa Ronaldo Picciarelli, diretor de clientes na Ipsos no Brasil.
Impactos no pós-Covid
No
Brasil, 37% das pessoas acreditam que o enfrentamento das mudanças climáticas
deve ser uma prioridade do governo na retomada econômica pós-pandemia, enquanto
35% afirmam o contrário. Quando perguntados a respeito de quais comportamentos
pessoais esperam mudar quando as restrições impostas pela crise humanitária
acabarem, 45% dos entrevistados no país disseram que irão fazer o possível para
evitar o desperdício de alimentos.
Além
disso, 41% falaram que vão passar a fazer mais trajetos a pé ou de bicicleta,
em vez de usar o carro. A queda no consumo foi a terceira opção mais citada,
empatada com a adesão ao trabalho remoto. 35% dos brasileiros afirmaram que vão
comprar somente o que realmente precisam, em vez de comprar roupas, sapatos e
outras coisas só por diversão, e 35% disseram que vão trabalhar mais em casa,
em vez de se deslocar até ao trabalho.
“A
informação de que 41% dos entrevistados no Brasil têm intenção de se locomover
menos de carro e mais a pé ou de bicicleta conversa com o fato de que 35% dos
brasileiros pretendem trabalhar de casa após a pandemia, uma tendência que se
intensificou bastante no último ano e que parece ter se estabelecido dentro do
grupo de pessoas que tem essa possibilidade. Isso também afeta a diminuição da
mobilidade nas cidades, migração de consumo em comércios mais próximos do lar,
maior uso de entrega em domicílio (delivery), consumo de serviços e produtos
dentro do lar, assim como uma possível migração de moradias longe dos centros
comerciais”, comenta Picciarelli.
O que
pode ser feito?
Pensando nas atitudes que podem ser tomadas a fim de limitar a própria contribuição para a mudança climática, 54% dos respondentes no Brasil afirmam que é provável que evitem produtos que tenham muita embalagem; 46% devem passar a reciclar materiais como vidro, papel e plástico; 46% revelam a possibilidade de consumir menos laticínios ou substituí-los por alternativas, como leite de soja; e 40% pretendem comer menos carne ou substituí-la por alternativas como feijão.
A pesquisa on-line foi realizada com 21.011 entrevistados sendo mil brasileiros, com idades entre 16 e 74 anos de 30 países. Os dados foram colhidos entre os dias 19/02 a 05/03/2021. A margem de erro para o Brasil é de 3,5%.
* A
Ipsos é uma empresa de pesquisa de mercado independente, presente em 90
mercados. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário