"Geleira
do Juízo Final" está mais estável do que o previsto, diz estudo.
Ao
analisar o colapso de formações verticais no glaciar chamadas de “falésias de
gelo”, cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, notaram que
a instabilidade do manto nem sempre leva a uma rápida desintegração.
"O
que descobrimos é que, em longas escalas de tempo, o gelo se comporta como um
fluido viscoso, como uma espécie de panqueca se espalhando em uma
frigideira", ilustra Jeremy Bassis, professor associado de engenharia e
ciências climáticas e espaciais da universidade norte-americana.
"Portanto, o gelo se espalha e afina mais rápido do que se degrada e isso
pode estabilizar o colapso. Mas se o gelo não puder se afinar rápido o
suficiente, é aí que você tem a possibilidade de um colapso rápido da
geleira."
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores combinaram, pela primeira vez, dados sobre as falhas e os fluxos de gelo do glaciar. Assim, eles descobriram que o alongamento e afinamento do gelo podem regular os efeitos negativos da instabilidade das falésias. Além disso, os cientistas notaram que nem sempre os icebergs que se desgrudam das geleiras contribuem para o seu colapso. Isso porque, caso eles caiam e fiquem presos no afloramento do fundo do oceano, podem provocar uma pressão sobre a geleira que a ajuda a se estabilizar.
Ainda que o colapso da geleira não seja iminente, os pesquisadores alertam que ele possa contribuir para um grande aumento no nível do mar no futuro. Com aproximadamente 119 mil Km2, o Glaciar Thwaites é quase 3 vezes maior que o estado do Rio de Janeiro. Por seu gigantesco tamanho e risco de desintegração, o local foi apelidado de “Geleira do Juízo Final”.
Estimar
o colapso de galerias é um desafio que envolve a análise da temperatura da água
e do ar, os efeitos das correntes de água no gelo e a tensão de bilhões de
toneladas de gelo em movimento. Por isso, os cálculos da degradação do Glaciar
Thwaites vão de décadas a séculos. Com esta nova análise sobre o manto de gelo,
os pesquisadores acreditam que será possível fazer previsões mais precisas
sobre o declínio do local.
"Não há dúvidas de que o nível do mar está subindo e que isso continuará nas próximas décadas", afirma Bassis. "Mas acho que este estudo oferece esperança de que não estejamos nos aproximando de um colapso completo — de que existem medidas que podem mitigar e estabilizar as coisas. E ainda temos a oportunidade de mudar as coisas tomando decisões sobre elementos como emissões de energia, metano e CO2."
A equipe de pesquisa já está trabalhando no próximo passo do estudo, que envolve refinar os modelos de simulação ao adicionar variáveis que afetam o recuo glacial, como os formatos dos glaciares e seus efeitos sobre a estabilidade dessas formações e a interação entre o gelo e o oceano líquido ao seu redor. (revistagalileu.globo)



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