Mudança
Climática – Mais de 300 milhões de pessoas devem sofrer com a insegurança
alimentar até 2050, aponta estudo.
Um
novo relatório divulgado em 10/11/21 pela Visão Mundial – ONG humanitária de
proteção da infância e da adolescência – aponta que 26% das crianças em todo o
mundo sofreram de má-nutrição em 2020 e que a situação pode piorar se o quadro
atual de mudanças climáticas não for revertido. De acordo com o estudo, o
número de pessoas que enfrentam crises de fome aumentou de forma constante nos
últimos cinco anos pela primeira vez em décadas. Se a mesma trajetória dos
últimos for mantida, a entidade prevê que mais de 300 milhões de pessoas enfrentarão
a insegurança alimentar até 2030.
O
documento foi publicado faltando poucos dias para o encerramento da COP26, como
forma de alertar líderes globais sobre as consequências desastrosas que um
fracasso nas negociações em Glasgow pode ter sobre populações de todo o
planeta. Intitulado “Mudança Climática, Fome e Futuros das Crianças”, o
relatório estuda a ligação entre as alterações no clima e o risco de fome nas
populações, em especial as consequências em longo prazo na desnutrição de
crianças.
“Crianças
em todo o mundo têm relatado que experimentam o impacto devastador das mudanças
climáticas todos os dias – e seus avisos devem ser ouvidos em alto e bom som
pelos líderes da COP26”, diz o CEO e presidente internacional da Visão Mundial,
Andrew Morley.
“Ouvimos histórias de partir o coração, de que a água está se tornando escassa e os meios de subsistência das famílias destruídos por tempestades, enchentes e secas recorrentes, que podem levar à fome e à desnutrição com riscos para a vida. As crianças muitas vezes não têm escolha a não ser abandonar a escola e são forçadas a trabalhar ou se casar por seus pais, que lutam para sobreviver”, completa.
Segundo o estudo, enquanto os países economicamente mais ricos produzem a grande maioria das emissões de gases de efeito estufa, os eventos climáticos extremos impactam, desproporcionalmente, os países de baixa renda de maneira mais aguda.
Em
2018, Madagascar contribuiu com apenas 0,06% das emissões globais de gases de
efeito estufa, mas está enfrentando o que poderia ser o primeiro quadro de fome
na história moderna causado pelas mudanças climáticas, com a insegurança
alimentar afetando um total estimado de 1,14 milhão de pessoas.
Para
comunidades em países em desenvolvimento, em especial na África e na América
Latina, uma alta dependência da produção agrícola local se traduz um alto risco
de devastação devido a eventos meteorológicos extremos. “Uma colheita que não
dê certo pode ter resultados imediatos e consequências no comércio local, além
de danos a longo prazo, limitando o acesso a alimentos nutritivos”, alerta i
relatório, elaborado a partir de estatísticas de entidades como o Programa
Alimentar Mundial e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura.
Em comparação com 2019, houve um acréscimo de pessoas afetadas pela fome, em 2020, de 46 milhões África, 57 milhões na Ásia e cerca de 14 milhões na América Latina e Caribe. “Quase uma em cada três pessoas no mundo (2,37 bilhões) não teve acesso a alimentos adequados em 2020 – um aumento de quase 320 milhões de pessoas em apenas um ano”, revela o documento da Visão Mundial.
“Conflitos, Covid-19 e mudança climática estão interagindo para criar novos e agravantes focos de fome e estão revertendo os ganhos que as famílias tiveram para escapar da pobreza”, explica o diretor de Advocacy e Relações Institucionais da Visão Mundial, Welinton Pereira. (ecodebate)
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