quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Diminui a extensão do gelo marinho na Antártida em janeiro

O gelo marinho ao redor da Antártida apresenta um comportamento complexo.

Essa camada que congela sobre o Oceano Antártico diminuiu na primeira metade do século passado, mas depois aumentou nas últimas décadas do século XX. Enquanto o gelo no resto do mundo diminuía devido às mudanças climáticas o bloco de gelo ao redor do continente meridional aumentava.

Em pesquisa recente publicada na revista Nature Climate Change por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Ohio comprovaram que a quantidade de gelo marinho aumentou até 2015. A despeito das variações anuais, a reta de tendência dos dados mensais estava sempre direcionada para cima e a inclinação era positiva.

O gráfico abaixo mostra os dados relativos ao mês de janeiro. Nota-se que entre 1979 e 2017 a inclinação da reta era de 3,5 + ou – 4,2% por década, mesmo considerando que em 2016 e 2017 a anomalia ficou abaixo da média do período. Mas considerando o período 1979 e 2022 a inclinação da reta ficou negativa, marcando -0,3 + ou – 3,4%. Ou seja, pela primeira vez nas últimas décadas a Antártida apresenta uma variação negativa no mês de janeiro/22.
O gráfico abaixo, da National Snow & Ice Data Center (NSIDC), mostra que a extensão de gelo marinho na Antártida para diversos anos e a média do período 1981-2010. Nota-se que 2017 foi o ano com o recorde de mínimo de gelo ao redor do continente. Janeiro/22 também apresenta um mínimo parecido com 2017.
Artigo de Shepherd et. al. , E. et al., publicado na Revista Nature (24/04/2018) mostra que o balanço de massa de superfície indica uma perda de 2.720 ± 1.390 bilhões de toneladas de gelo entre 1992 e 2017, o que corresponde a um aumento no nível médio do mar de 7,6 ± 3,9 milímetros. Durante esse período, o derretimento causado pelo oceano fez com que as taxas de perda de gelo da Antártida Ocidental aumentassem de 53 ± 29 bilhões para 159 ± 26 bilhões de toneladas por ano; o colapso das prateleiras de gelo aumentou a taxa de perda de gelo da Península Antártica de 7 ± 13 bilhões para 33 ± 16 bilhões de toneladas por ano.

Vinte anos atrás, uma área de gelo de quase 500 bilhões de toneladas separou-se dramaticamente do continente antártico e se despedaçou em milhares de icebergs no Mar de Weddell. A plataforma de gelo Larsen B de 3.250 quilômetros quadrados era conhecida por derreter rapidamente, mas ninguém havia previsto que levaria apenas um mês para o comportamento de 200 metros de espessura se desintegrar completamente.

Agora em 2022, glaciologistas alertaram que algo ainda mais alarmante estava acontecendo na camada de gelo da Antártida Ocidental – grandes rachaduras e fissuras se abriram tanto no topo quanto embaixo da geleira Thwaites, uma das maiores do mundo. A plataforma Thwaites faz a Larsen B parecer um pingente de gelo, pois é cerca de 100 vezes maior e contém água suficiente para elevar o nível do mar em todo o mundo em mais de meio metro.



Neste quadro, o nível do mar deve subir vários metros até o século XXII, dependendo dos níveis das emissões futuras e da aceleração do aquecimento global. As gerações que ainda nascerão vão herdar um mundo mais complicado e mais inóspito, podendo haver uma mobilidade social descendente em um mundo com muitas injustiças ambientais, apartheid climático e conflitos de diversas ordens.

O fato é que o degelo dos polos, da Groenlândia e dos glaciares já começou e tende a se acelerar nas próximas décadas. Muitas áreas litorâneas vão ficar debaixo d’água e os danos sociais e econômicos serão incalculáveis. (ecodebate)

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