O que os dados mostram é que
o eleitorado brasileiro está ficando mais envelhecido e mais feminino.
As mulheres brasileiras
conquistaram o direito de voto em 1932. Porém, mesmo sendo maioria da
população, continuaram minoria do eleitorado até a virada do século. O gráfico
abaixo mostra que, em 1974, mais de quatro décadas depois da conquista do
direito de voto, as mulheres ainda eram apenas um terço do eleitorado (24
milhões de eleitores homens e 12 milhões de eleitoras mulheres). Mas a
diferença de gênero foi diminuindo e, em 1998, houve empate, com cerca de 53
milhões de eleitores para cada sexo.
Em 1992, o percentual de eleitores de 16 a 24 anos era de 23,8% e o percentual de eleitores idosos (60 anos e mais) era de 10,5%. Portanto, o peso dos jovens era mais do dobro do peso dos idosos. Mas esta diferença veio mudando e a partir de 2014 os idosos superaram os jovens. Em 2020, o percentual de jovens caiu para 13,5% e o percentual de idosos subiu para 20,4%.
Os dados do Tribunal Superior Eleitoral, de agosto de 2020, indicam um eleitorado total de 150,5 milhões de pessoas, sendo 20,3 milhões de jovens (representando 13,5% do eleitorado) e 30,6 milhões de idosos (representando 20,4% do eleitorado). Portanto, o número de idosos aptos a votar superará em quase 7 milhões o número de jovens. A tendência é que o processo de envelhecimento seja ainda mais acentuado em 2022, nos 200 anos da Independência do Brasil.
Cabe ressaltar que o poderio eleitoral do total de idosos será acompanhado pelo maior peso proporcional das mulheres idosas. O gráfico abaixo mostra que a percentagem de mulheres no eleitorado era de 49,2% em 1992, sendo que o sexo feminino tinha menos de 50% em todos os grupos etários. Mas em 2006, as mulheres já eram 51,5% do eleitorado e eram maioria em todos os grupos etários. Nas eleições de 2020, o peso feminino chegou a 52,5% do total do eleitorado e as mulheres ampliaram a vantagem em todos os grupos etários, por exemplo, chegando a 53,9% no grupo etário 60-69 anos e a 55,9% no grupo etário 70 anos e mais. Portanto, é cada vez maior o peso proporcional das mulheres com mais de 30 anos (balzaquianas) no eleitorado brasileiro.
Evidentemente, o envelhecimento ocorre de maneira diferenciada nas diversas Unidades da Federação (UF). O gráfico abaixo mostra a percentagem de jovens e idosos nas 4 UFs que possuem um eleitorado com uma estrutura etária mais envelhecida: Rio de Janeiro com 25,3% de idosos, Rio Grande do Sul com 25%. Minas Gerais com 22,7% e São Paulo com 21,8%, todos mais envelhecidos do que a média do Brasil (com 20,4% de idosos). O Amapá (AP) é a UF com um eleitorado mais rejuvenescido do país, sendo 19,8% de jovens de 16 a 24 anos e somente 11,4% de idosos.
O gráfico abaixo mostra que o Rio de Janeiro é a UF com maior percentagem de mulheres no eleitorado (53,8%), seguido de São Paulo (52,9%). O Rio Grande do Sul está empatado com a média do Brasil (52,5%), Minas Gerais tem 52,1% e o Amapá tem 51,2% de mulheres.
O que todos estes dados mostram é que o eleitorado brasileiro está ficando mais envelhecido e mais feminino. Aliás, as mulheres reverteram o hiato de gênero na educação e são maioria em todos os níveis educacionais.
Nas Olimpíadas de Pequim,
2008 e de Londres, 2012, conquistaram 2 das 3 medalhas de ouro trazidas ao
Brasil. A participação feminina no mercado de trabalho aumentou muito nas
últimas décadas.
Mas nos espaços de poder a
participação feminina ainda é muito baixa e o déficit democrático de gênero no
Poder Legislativo não reflete o avanço social do “segundo sexo” no Brasil.
As eleições de 2020 podem contribuir para reduzir as desigualdades de gênero e garantir maior inserção feminina na política municipal. (ecodebate)
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