A Indonésia tem conseguido
reduzir a percentagem da população vivendo em situação de pobreza, mas, ao
mesmo tempo, tem aumentado os problemas ambientais.
A Indonésia é o quarto país
mais populoso do Planeta e o maior país muçulmano do mundo. Com uma área de 1,9
milhão de km2, possui uma densidade de 144 habitantes por km2
em 2022. A título de comparação, o Brasil tem uma densidade de 26 hab/km2
e a Rússia de apenas 9 hab/km2.
O resultado da transição demográfica já se manifesta na estrutura etária com a diminuição do montante da população jovem de 0-14 anos que deve cair de 70 milhões atualmente para menos de 50 milhões no final do século, como mostra o gráfico abaixo (painel da esquerda). Já o número de idosos (gráfico da direita) tem crescido nos últimos 70 anos e deve se acelerar nas próximas décadas, devendo atingir 90 milhões em 2100.
Mudança da estrutura etária fica evidente nas pirâmides etárias da Indonésia, conforme mostrado nos gráficos abaixo. Pirâmide etária de 1950 tinha o modelo clássico de estrutura rejuvenescida e se modificou nas décadas seguintes com redução proporcional dos grupos etários mais jovens e uma elevação dos grupos em idade produtiva. Isto favore o 1º bônus demográfico que tem ajudado o país a reduzir a pobreza e a incrementar o desenvolvimento econômico. Esta fase favorável deve permanecer até meados do atual século.
A Indonésia ainda está em meio do processo da transição demográfica. Isto significa que a razão de dependência ainda está caindo, como mostra o gráfico abaixo. Existiam pouco mais de 90 pessoas consideradas dependentes em meados da década de 1960 para cada 100 pessoas em idade produtiva. Esta razão tem caído e deve chegar no nível mais baixo, em torno de 57 dependentes para cada 100 pessoas em idade ativa até 2030. Em 2100, a projeção média indica uma razão de dependência abaixo de 90, ou seja, uma proporção menor de pessoas dependentes em relação ao início da década de 1970.
A Indonésia tem apresentado um crescimento econômico acima da média mundial. O país tinha cerca de 1,5% do PIB global em 1980 e já chegou a 2,5%, conforme mostra o gráfico abaixo (lado esquerdo). Como a população indonésia é cerca de 3% da população global, isto significa que a renda per capita é menor que a média mundial. A renda per capita da Indonésia (em preços correntes em poder de paridade de compra) era de apenas US$ 1,3 mil em 1980, cerca da metade da renda per capita mundial. Nas décadas seguintes a renda cresceu até US$ 14,5 mil em 2022, conforme mostra o gráfico abaixo (lado direito). A Indonésia é um país emergente, pois a cada ano diminui a diferença em relação à média internacional.
A Indonésia tinha um grande superávit ambiental no século passado, mas passou a apresentar déficit ecológico no século XXI. Segundo o Instituto Global Footprint Network a Indonésia tinha, em 1961, uma Pegada Ecológica per capita de 1,47 hectares globais (gha) e uma Biocapacidade per capita de 2,73 gha. Portanto, o sinal era verde. Mas com o elevado crescimento demográfico e econômico a Pegada Ecológica per capita passou para 1,72 gha e a Biocapacidade per capita caiu para 1,24 gha em 2018. Assim, o déficit ecológico per capita passou para 0,50 gha, o que representa um déficit relativo de 30%, conforme mostra a figura abaixo.
A Indonésia tem conseguido reduzir a percentagem da população vivendo em situação de pobreza, mas, ao mesmo tempo, tem aumentado os problemas ambientais. A cidade de Jacarta está afundando e o governo já tem um plano para construir uma nova capital. O desmatamento tem aumentado a emissão de CO2 e o país enfrenta dificuldades para cumprir o prometido no Acordo de Paris. O desafio da Indonésia é o mesmo da Índia e de outros países em desenvolvimento que necessitam melhorar o padrão de vida da população, mas sem agravar os problemas ecológicos.
A Indonésia será sede da 17ª
Cúpula do G20, em novembro/2022. A reunião ocorrerá na ilha de Bali e deve
contar com a presença de Vladimir Putin da Rússia e de Xi Jinping da China. A
pauta de problemas globais é enorme – mudanças climáticas, pandemias,
insegurança alimentar e guerra nuclear. Os desafios globais exigem uma resposta
global e uma melhor governança global. Mas reunir uma resposta eficaz será
impossível se a comunidade internacional continuar dependente das instituições
e processos ultrapassados que foram estabelecidos após a Segunda Guerra
Mundial. Sem dúvida, haverá muito a ser discutido na Cúpula do G20 em novembro,
incluindo as questões demográficas, quando a população mundial chegar a 8
bilhões de habitantes em 15/11/2022. (ecodebate)
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