As emissões brutas causadas
por desmatamento no Brasil cresceram 20% entre 2020 e 2021, indicam dados do
SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa)
lançados em 01/11/22. O desmate na Amazônia é o principal vetor para o aumento,
sendo responsável por 77% das emissões por mudanças de uso da terra, setor
analisado em recorte por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental
da Amazônia) no SEEG e que envolve emissões ligadas às alterações nos padrões
do território, majoritariamente, por desmatamento e fogo associado.
O aumento nas emissões por
mudanças de uso da terra registrado em 2021 é maior que o observado entre 2017
e 2018, de 18%, e em todos os anos anteriores. Só é superado pela alta que
houve entre 2002 e 2003, de 20%. Todos os biomas cresceram em emissões causadas
por desmatamento em 2021, com maior expressividade na Mata Atlântica (65%), na
Amazônia (17%) e no Pantanal (15%). No Cerrado o aumento foi de 4%, na Caatinga
e no Pampa, de 3%.
“A taxa de desmatamento em 2021 na Amazônia Legal foi de 13.038 km², o maior nível desde 2006, quando o desmatamento estava em franco decrescimento desde 27.772 km² em 2004. Isso demonstra que o aumento das emissões atualmente está refletindo esse retrocesso e a redução das ações de combate e fiscalização de desmatamento no país”, explica Bárbara Zimbres, pesquisadora no IPAM e no SEEG, responsável pelo cálculo de emissões por mudanças de uso da terra no Brasil, citando dados do Prodes, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Floresta queima no estado do Maranhão. Diferente de países desenvolvidos, cujas emissões provêm principalmente da queima de combustíveis fósseis, no Brasil as emissões de gases estufa são fruto principalmente da derrubada de florestas para dar lugar à agropecuária.
Emissões de gases estufa
aumentam no Brasil, atividades rurais lideram.
Relatório anual do
Observatório do Clima indica aumento de 9,6% em 2019, em relação a 2018.
Mudanças no uso da terra e agropecuária correspondem a 72% dos gases de efeito
estufa emitidos no país.
O SEEG também apresenta como
dado adicional o impacto das queimadas não associadas ao desmatamento nas
emissões, que são os incêndios florestais em vegetação nativa, por exemplo.
Essas emissões ocorrem por conta da degradação da vegetação nativa atingida
pelo fogo, mas atualmente não são contabilizadas no Inventário Nacional de
Emissões do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O
destaque é que a consideração desse tipo de queimada elevaria em 8% em média as
emissões anuais do país.
“O Brasil agora tem a chance
de voltar a ser um dos protagonistas globais na redução das emissões de gases
efeito estufa, reduzindo o desmatamento em todos os biomas e cumprindo os
compromissos assumidos internacionalmente”, diz Julia Shimbo, pesquisadora no
IPAM e no SEEG.
Além do setor de mudanças de uso da terra, o SEEG calcula as emissões brasileiras por agropecuária, energia, processos industriais e resíduos. Praticamente todos os setores tiveram alta nas emissões: 3,8% na agropecuária, setor que costuma ter flutuações pequenas nos gases de efeito estufa; 12,2% no setor de energia, a maior alta desde 1973; e 8,2% no setor de processos industriais e uso de produtos. O setor de resíduos foi o único com emissões estáveis de 2020 para 2021.
Os dados estarão disponíveis para consulta e download no site do SEEG. (ecodebate)
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