A transição demográfica
(redução das taxas de mortalidade e de fecundidade) é um pré-requisito para o
desenvolvimento econômico. Os dois fenômenos são sincrônicos e se auto reforçam
no desenrolar do avanço das forças produtivas ao longo do tempo. Países com
baixa taxa de fecundidade total (TFT) possuem alto Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) e países com alta TFT possuem baixo IDH.
Isto ocorre porque altas
taxas de fecundidade estão relacionadas com elevada proporção de crianças e
jovens na população, gerando alta razão de dependência demográfica, baixa taxa
de ocupação e baixas taxas de poupança e investimento. Mas a queda das taxas de
fecundidade provoca uma mudança da estrutura etária e gera um bônus demográfico
que favorece o desenvolvimento econômico. Desta forma, a queda da TFT é um
pré-requisito para o aumento do IDH.
O gráfico abaixo mostra a relação entre a taxa de fecundidade e o IDH para 187 países em 2021. Todos os países com IDH acima de 0,500 possuem menos de 3 filhos por mulher e todos os países com mais de 6 filhos por mulher possuem IDH abaixo de 0,500. Nota-se que 71,3% do aumento do IDH está associado com a queda na TFT.
A Coreia do Sul, que era um país pobre e com baixo grau de desenvolvimento em meados do século passado, iniciou um processo de transição demográfica e de desenvolvimento econômico a partir da década de 1960 e chegou em 2021 com a menor TFT do mundo (0,9 filho por mulher) e um IDH acima de 0,900.
Todos os países com IDH acima
de 0,900 possuem TFT abaixo de 2 filhos por mulher, a única exceção é Israel
(que por razões geopolíticas e religiosas) tem TFT de 2,9 filhos por mulher. Os
países com menor IDH (abaixo de 0,400) possuem alta fecundidade, por exemplo,
Níger e Chad apresentam mais de 6 filhos por mulher e o Sudão do Sul apresenta
TFT de 4,5 filhos por mulher. A República Democrática do Congo apresenta IDH de
0,479 e TFT de 6,2 filhos por mulher.
Quando um país avança com o
processo de desenvolvimento das forças produtivas, avança também com o processo
de urbanização e passa pela reversão do fluxo intergeracional de riqueza, isto
é, aumentam os custos e diminuem os benefícios dos filhos. As famílias passam a
investir menos na quantidade e mais na qualidade da prole, ou seja, filhos com
mais direitos de saúde, educação, mercado de trabalho, etc.
Desta forma a “cidadania se
torna o melhor contraceptivo” (Martine, Alves, Cavenaghi, 2013). Uma população
mais urbanizada, mais educada e com mais acesso ao conhecimento se torna mais
produtiva e, em geral, produz mais com menos. A menor fecundidade está
relacionada com a maior produtividade. E a maior parte dos países com elevado
IDH já apresentam decrescimento demográfico, tendendo a diminuir os impactos
negativos sobre o meio ambiente.
Neste momento em que a população mundial está alcançando a marca de 8 bilhões de habitantes, em 15 de novembro de 2022, é preciso reconhecer que a dinâmica demográfica importa para o bem-estar humano e ambiental.
A Austrália cresce há 30 anos e tem o 3º IDH, grande contraste com o Brasil.
A transição demográfica é
fundamental para o desenvolvimento econômico e também para o desenvolvimento
sustentável. (ecodebate)
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