segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Área queimada no Brasil, em 2022, supera 16 milhões de hectares

Área queimada no Brasil em 2022 superou 2021 e equivale ao tamanho do Acre. Área de florestas queimadas em 2022 é quase o dobro de 2021.
Dados do Monitor do Fogo do MapBiomas mostram que 16,3 milhões de hectares foram queimados entre janeiro e dezembro/2022 — uma área equivalente ao estado do Acre. Esse número representa um crescimento de 14% em relação a 2021.

A área de florestas queimadas em 2022 quase dobrou: foram cerca de 2,8 milhões de hectares, um crescimento de 93% em relação ao ano anterior. Desse total, 85% ocorreram na Amazônia. Da área total queimada nesse bioma ao longo de todo o ano passado, 70% ocorreram nos meses de agosto, setembro e outubro. E ainda em dezembro, onde não se espera muito fogo, a Amazônia queimou 50% a mais do que em 2021 só nesse mês. A formação florestal foi o tipo de vegetação nativa que mais queimou na Amazônia no ano passado: 30% da área queimada entre janeiro e dezembro/2022.

Em 2021, o Cerrado queimou mais que a Amazônia, porém no ano passado a Amazônia o ultrapassou: 7,9 milhões de hectares, ou praticamente metade do fogo (49%) registrado no período, ocorreram na Amazônia. O estado que mais queimou entre janeiro e dezembro de 2022 foi o Mato Grosso, seguido do Pará e Tocantins.

No Cerrado, 7,4 milhões de hectares (45% do total) queimaram em 2022. Apesar disso, o Cerrado continua como o bioma mais afetado pelo fogo, já que sua área total equivale a metade da extensão da Amazônia brasileira. A boa notícia veio da Mata Atlântica e do Pantanal, que apresentaram a menor área queimada nos últimos quatro anos. Em relação a 2021, a redução foi de 85% no caso do Pantanal.

Em 2022, o fogo atingiu prioritariamente vegetação nativa, que respondeu por 70% de tudo que foi queimado no ano passado; a maioria, em formações savânicas e campestres. Dentre os tipos de uso agropecuário queimados no ano passado, as pastagens se destacaram, representando 25% da área queimada.

As Unidades de Conservação que lideram o ranking de área queimada em 2022 são: Parque Nacional do Araguaia, Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. Somente em dezembro de 2022 o ranking é liderado pela Estação Ecológica do Taim, Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e APA Serra da Ibiapaba.

As Terras Indígenas que lideram o ranking de área queimada em 2022 são: Parque Indígena do Araguaia, TI Raposa Serra do Sol e Parque Indígena do Xingu. Somente em dezembro de 2022, o ranking é liderado pela TI Raposa Serra do Sol, São Marcos e Parque do Tumucumaque, esses na porção norte da Amazônia, onde o fogo acontece normalmente de dezembro a fevereiro.

Queimadas aumentaram 90% em dezembro de 2022

Dezembro passado viu um salto de 90% na área queimada em relação ao mesmo mês de 2021: 332 mil hectares, ou 157 mil hectares a mais que no ano anterior. Desse total, 71% ocorreram na Amazônia, que foi o bioma com maior área queimada no Brasil em dezembro de 2022, com 234.723 mil hectares. Em relação a novembro/2022, o crescimento foi de 101%.

Os 3 estados com maior extensão queimada em dezembro/2022 pertencem à Amazônia Legal: Maranhão (126 mil hectares), Pará (98 mil hectares) e Roraima (22 mil hectares). Juntos, eles respondem por 57% da área queimada total no período. Os municípios de Portel (PA), Pacajá (PA) e Turiaçu (MA) foram os que tiveram maior área queimada no mês em questão.

Mais da metade (58%) da área queimada no último mês de 2022 foi em vegetação nativa, a maioria em formações florestais (90 mil hectares queimados), que representou 27% da área queimada no mês. Dentre os tipos de uso antrópico mais queimado em dezembro de 2022, as pastagens se destacam, com 38% do total queimada no mês. Mas na Amazônia, a pastagem foi a classe de uso da terra que mais queimou, com 51% da área total queimada no bioma em dezembro/2022.

Mato Grosso lidera queimadas no Brasil em 2022

Os estados que mais queimaram no Cerrado em 2022 foram Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Os 7,4 milhões de hectares queimados no Cerrado em 2022 representaram um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Apesar da área queimada em dezembro passado ter diminuído em relação aos meses anteriores, ainda assim foi 207% maior na comparação com dezembro de 2021 (ou 37 mil hectares a mais), com destaque para a concentração do fogo no norte do bioma.

Quase metade (48%) da área queimada em 2022 atingiu formações savânicas (3,6 milhões de hectares). Entre os tipos de uso antrópico, destacam-se as pastagens, onde ocorreram 330 mil hectares de queimadas.

Em 2022, Pampa teve a maior área queimada dos últimos quatro anos

A área total queimada em 2022 no Pampa foi de 39.166 hectares. Trata-se da maior extensão registrada para o bioma nos últimos 4 anos. A maior parte dessas queimadas se concentrou no período do verão, nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro. Em dezembro passado, como consequência de um novo período de estiagem, a área de queimadas foi de 9.866 hectares, alterando um padrão de poucas queimadas observado entre março e novembro do mesmo ano. Dentre estas queimadas do mês de dezembro, merece destaque a do banhado do Taim, que foi a maior extensão de área queimada registrada entre as unidades de conservação do Brasil.

Janeiro/2022 foi também um mês de pico na Mata Atlântica, com área queimada 3 vezes maior quando comparada ao mesmo mês de anos anteriores. Esse aumento se deveu a uma queimada na região próxima ao PN Ilha Grande, entre os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Apesar disso, a área queimada na Mata Atlântica de janeiro a dezembro do ano passado foi a menor dos últimos 4 anos.

Toda a área queimada no Pantanal em 2022 foi a menor nos últimos 4 anos, mas em dezembro/2022 foram queimados 17.984 hectares. A Caatinga seguiu o padrão do Pantanal, com áreas queimadas inferiores aos anos anteriores, com 12.601 hectares queimados em dezembro/2022 e 507.886 hectares queimados em todo ano de 2022. O fogo na Caatinga se concentra principalmente nas formações savânicas.

Sobre o Monitor do Fogo: O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente.

Sobre MapBiomas: iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas. (ecodebate)

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