A área de florestas queimadas
em 2022 quase dobrou: foram cerca de 2,8 milhões de hectares, um crescimento de
93% em relação ao ano anterior. Desse total, 85% ocorreram na Amazônia. Da área
total queimada nesse bioma ao longo de todo o ano passado, 70% ocorreram nos
meses de agosto, setembro e outubro. E ainda em dezembro, onde não se espera
muito fogo, a Amazônia queimou 50% a mais do que em 2021 só nesse mês. A
formação florestal foi o tipo de vegetação nativa que mais queimou na Amazônia
no ano passado: 30% da área queimada entre janeiro e dezembro/2022.
Em 2021, o Cerrado queimou
mais que a Amazônia, porém no ano passado a Amazônia o ultrapassou: 7,9 milhões
de hectares, ou praticamente metade do fogo (49%) registrado no período,
ocorreram na Amazônia. O estado que mais queimou entre janeiro e dezembro de
2022 foi o Mato Grosso, seguido do Pará e Tocantins.
No Cerrado, 7,4 milhões de
hectares (45% do total) queimaram em 2022. Apesar disso, o Cerrado continua
como o bioma mais afetado pelo fogo, já que sua área total equivale a metade da
extensão da Amazônia brasileira. A boa notícia veio da Mata Atlântica e do
Pantanal, que apresentaram a menor área queimada nos últimos quatro anos. Em
relação a 2021, a redução foi de 85% no caso do Pantanal.
Em 2022, o fogo atingiu
prioritariamente vegetação nativa, que respondeu por 70% de tudo que foi
queimado no ano passado; a maioria, em formações savânicas e campestres. Dentre
os tipos de uso agropecuário queimados no ano passado, as pastagens se
destacaram, representando 25% da área queimada.
As Unidades de Conservação
que lideram o ranking de área queimada em 2022 são: Parque Nacional do
Araguaia, Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba. Somente em dezembro de 2022 o ranking é liderado
pela Estação Ecológica do Taim, Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e
APA Serra da Ibiapaba.
As Terras Indígenas que lideram o ranking de área queimada em 2022 são: Parque Indígena do Araguaia, TI Raposa Serra do Sol e Parque Indígena do Xingu. Somente em dezembro de 2022, o ranking é liderado pela TI Raposa Serra do Sol, São Marcos e Parque do Tumucumaque, esses na porção norte da Amazônia, onde o fogo acontece normalmente de dezembro a fevereiro.
Queimadas aumentaram 90% em dezembro de 2022
Dezembro passado viu um salto
de 90% na área queimada em relação ao mesmo mês de 2021: 332 mil hectares, ou
157 mil hectares a mais que no ano anterior. Desse total, 71% ocorreram na
Amazônia, que foi o bioma com maior área queimada no Brasil em dezembro de
2022, com 234.723 mil hectares. Em relação a novembro/2022, o crescimento foi
de 101%.
Os 3 estados com maior
extensão queimada em dezembro/2022 pertencem à Amazônia Legal: Maranhão (126
mil hectares), Pará (98 mil hectares) e Roraima (22 mil hectares). Juntos, eles
respondem por 57% da área queimada total no período. Os municípios de Portel
(PA), Pacajá (PA) e Turiaçu (MA) foram os que tiveram maior área queimada no
mês em questão.
Mais da metade (58%) da área queimada no último mês de 2022 foi em vegetação nativa, a maioria em formações florestais (90 mil hectares queimados), que representou 27% da área queimada no mês. Dentre os tipos de uso antrópico mais queimado em dezembro de 2022, as pastagens se destacam, com 38% do total queimada no mês. Mas na Amazônia, a pastagem foi a classe de uso da terra que mais queimou, com 51% da área total queimada no bioma em dezembro/2022.
Mato Grosso lidera queimadas no Brasil em 2022
Os estados que mais queimaram
no Cerrado em 2022 foram Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Os 7,4 milhões de
hectares queimados no Cerrado em 2022 representaram um aumento de 18% em relação
ao ano anterior. Apesar da área queimada em dezembro passado ter diminuído em
relação aos meses anteriores, ainda assim foi 207% maior na comparação com
dezembro de 2021 (ou 37 mil hectares a mais), com destaque para a concentração
do fogo no norte do bioma.
Quase metade (48%) da área queimada em 2022 atingiu formações savânicas (3,6 milhões de hectares). Entre os tipos de uso antrópico, destacam-se as pastagens, onde ocorreram 330 mil hectares de queimadas.
Em 2022, Pampa teve a maior área queimada dos últimos quatro anos
A área total queimada em 2022
no Pampa foi de 39.166 hectares. Trata-se da maior extensão registrada para o
bioma nos últimos 4 anos. A maior parte dessas queimadas se concentrou no
período do verão, nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro. Em dezembro
passado, como consequência de um novo período de estiagem, a área de queimadas
foi de 9.866 hectares, alterando um padrão de poucas queimadas observado entre
março e novembro do mesmo ano. Dentre estas queimadas do mês de dezembro,
merece destaque a do banhado do Taim, que foi a maior extensão de área queimada
registrada entre as unidades de conservação do Brasil.
Janeiro/2022 foi também um
mês de pico na Mata Atlântica, com área queimada 3 vezes maior quando comparada
ao mesmo mês de anos anteriores. Esse aumento se deveu a uma queimada na região
próxima ao PN Ilha Grande, entre os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul.
Apesar disso, a área queimada na Mata Atlântica de janeiro a dezembro do ano
passado foi a menor dos últimos 4 anos.
Toda a área queimada no Pantanal em 2022 foi a menor nos últimos 4 anos, mas em dezembro/2022 foram queimados 17.984 hectares. A Caatinga seguiu o padrão do Pantanal, com áreas queimadas inferiores aos anos anteriores, com 12.601 hectares queimados em dezembro/2022 e 507.886 hectares queimados em todo ano de 2022. O fogo na Caatinga se concentra principalmente nas formações savânicas.
Sobre o Monitor do Fogo: O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente.
Sobre MapBiomas: iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas. (ecodebate)
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