domingo, 5 de março de 2023

2023 começou com recorde de degelo na Antártida

Uma das consequências inexoráveis do aquecimento global é o degelo dos polos, da Groenlândia e dos glaciares que tem o potencial, no longo prazo, de elevar o nível dos oceanos.

“Já estamos profundamente envoltos na trajetória rumo ao colapso” - Will Steffen (25/06/1947 – 29/01/2023).
Até 2060, derretimento de gelo da Antártida será irreversível.

Os últimos 9 anos foram os mais quentes já registrados e a década passada 2011-20 foi a mais quente da série histórica da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). O Planeta está com febre e não só está esquentando, com aquece a taxas crescentes. Por isso, o aquecimento global não é um problema como outro qualquer, mas sim o evento que engloba e potencializa os demais e obriga a humanidade a repensar suas prioridades diante da possibilidade de um armagedon ecológico. Indubitavelmente, uma catástrofe ambiental será o prenúncio de uma catástrofe social.

Se as temperaturas continuarem subindo de forma acelerada, diversas áreas do Planeta se tornariam inóspitas e inabitáveis e o mundo pode chegar à situação denominada “Terra Estufa”, como mostrou o grande cientista do clima Will Steffen, que morreu em 29/01/23.

Seguindo as tendências das últimas décadas, a Terra caminha para um “ponto de inflexão global” (alguns dizem que já ultrapassou o ponto de não retorno) que pode ser o início de um efeito dominó – capaz de gerar uma série de acontecimentos desagradáveis em cascata. A catástrofe climática está no horizonte e só será evitada se forem adotadas ações concretas para reduzir e zerar as emissões de gases de efeito estufa.

Uma das consequências inexoráveis do aquecimento global é o degelo dos polos, da Groenlândia e dos glaciares que tem o potencial, no longo prazo, de elevar o nível dos oceanos em mais de 70 metros. Mesmo algo como 5% de degelo já seria suficiente para os oceanos subirem 3,5 metros, o que seria devastador para as áreas costeiras e para as cidades litorâneas.

Os gráficos abaixo, da National Snow & Ice Data Center (NSIDC), mostram a concentração de gelo marinho ao redor da Antártida em 31/01/2015 e de 2023. Em 2015 havia 4,7 milhões de km2 de gelo, valor superior à média do período 1981 a 2010 que foi de 3,7 milhões km2. No dia 31/01/2023 a concentração de gelo foi de apenas 2,299 km2, o menor valor já registrado na série histórica. Ou seja, em 2023 há menos 2,4 milhões km2 de gelo ao redor da Antártida do que em 2015.

O gráfico abaixo, também do NSIDC, mostra que a extensão de gelo marinho na Antártida para diversos anos e a média do período 1981-2010. Nota-se que o ano de 2015 estava acima da média das últimas décadas e 2022 bateu o nível mínimo de gelo ao redor do continente durante todo o ano. Porém, janeiro/2023 apresentou menor nível de degelo marinho. Desta forma, o mês de janeiro/2023 bateu todos os recordes de degelo marinho do continente, confirmando as mudanças das tendências climáticas da Antártida.

Os gráficos abaixo mostram os dados relativos ao mês de janeiro. Nota-se que entre 1979 e 2017 a inclinação da reta era de 3,5 + ou – 4,2% por década, mesmo considerando que em 2016 e 2017 a anomalia ficou abaixo da média do período. Mas considerando o período 1979 e 2023 a inclinação da reta ficou negativa, marcando -1,3 + ou – 3,4%. Ou seja, houve uma mudança na tendência e a Antártida passou a apresenta variação negativa para o mês de janeiro.

Em 2022, os glaciologistas alertaram que algo ainda mais alarmante estava acontecendo na camada de gelo da Antártida Ocidental – grandes rachaduras e fissuras se abriram tanto no topo quanto embaixo da geleira Thwaites, uma das maiores do mundo. A plataforma Thwaites faz a Larsen B parecer um pingente de gelo, pois é cerca de 100 vezes maior e contém água suficiente para elevar o nível do mar em todo o mundo em mais de meio metro.

Em 2023, um vasto iceberg, equivalente ao tamanho da Grande Londres, se desprendeu da plataforma de gelo da Antártica. O enorme iceberg – que mede mais de 1.550 km2 – se separou da plataforma de gelo Brunt de 150 metros de espessura.

Na continuidade deste quadro, o nível do mar pode subir vários metros até o século XXI, dependendo dos níveis das emissões futuras e da aceleração do aquecimento global. As gerações que ainda nascerão vão herdar um mundo mais complicado e mais inóspito, podendo haver uma mobilidade social descendente em um mundo com muitas injustiças ambientais, apartheid climático e conflitos de diversas ordens. O fato é que o degelo dos polos, da Groenlândia e dos glaciares já começou e tende a se acelerar nas próximas décadas.

Cidades litorâneas da costa brasileira, onde vivem mais de 60% de toda a população, já sofrem com a alta elevação do nível do mar, cuja tendência é aumentar muito nas próximas décadas.

Muitas áreas litorâneas vão ficar debaixo d’água e os danos sociais e econômicos serão incalculáveis. A cidade de Santos/SP, será uma das mais afetadas no país. Mas o Rio de Janeiro, a  maior cidade do Brasil, também será muito afetada e bairros com a Barra da Tijuca podem ficar completamente debaixo d’água. (ecodebate)

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