As áreas verdes urbanas,
incluindo parques e jardins, é parte fundamental de nossas cidades e são,
muitas vezes, o único contato do ser humano com a natureza.
Estes espaços verdes urbanos
fornecem-nos uma miríade de serviços ecossistêmicos, desde a formação do nosso
sistema imunitário e promoção da saúde física e mental até à regulação das
ondas de calor e inundações, que são especialmente importantes no atual
contexto de urbanização. No entanto, esses espaços verdes urbanos também
desempenham um papel importante no sequestro global de carbono, um serviço
ecossistêmico vital para mitigar as emissões de CO2 e os efeitos das
mudanças climáticas.
O carbono armazenado em
nossos parques também contribui para a manutenção da biodiversidade do solo e
facilita a sustentabilidade de nossos parques, o que significa menos gastos
para os cofres públicos. Até agora, a quantidade, os fatores de controle e a
sensibilidade do carbono ao aquecimento global em áreas verdes urbanas não
haviam sido avaliados, o que significava uma incerteza considerável nas
previsões futuras sobre a magnitude do sequestro de carbono nesses
ecossistemas.
A pesquisa liderada pelo BioFunLab inclui amostras de 56 cidades em todos os continentes. A pesquisa destaca o papel fundamental dos espaços verdes urbanos como reservatórios de carbono. “Nosso estudo mostra que parques urbanos em espaços verdes em todo o mundo têm uma quantidade equivalente de carbono no solo a áreas naturais próximas às nossas cidades, destacando o papel de nossos parques em um contexto de mudança climática”, diz Manuel Delgado Baquerizo, líder da BioFunLab e principal autor do artigo.
Além disso, a pesquisa destaca que o carbono armazenado em áreas naturais e parques urbanos são controlados por fatores climáticos semelhantes. “Cidades mais quentes têm menor teor de carbono no solo em parques urbanos e ecossistemas naturais, o que não é uma boa notícia em nossa luta contra a mudança climática em um mundo mais quente”, diz Delgado Baquerizo.
O estudo também mostra que o
carbono nas cidades e áreas naturais é regulado por diferentes fatores biológicos.
O carbono das áreas naturais está intimamente relacionado com a produtividade
primária do ecossistema, enquanto os micróbios do solo são particularmente
importantes para explicar o carbono dos parques e jardins.
Neste quadro, a gestão do
ecossistema (por exemplo, roçada) desempenha um papel fundamental na explicação
do sequestro de carbono em espaços verdes urbanos. “Nos ecossistemas naturais,
a produtividade primária e a decomposição da matéria orgânica definem a entrada
de carbono, mas essa relação pode ser perturbada pelo manejo das comunidades
vegetais nos sistemas urbanos. Nosso estudo demonstra que os micróbios do solo
são os principais condutores de carbono nas áreas urbanas”, diz Tadeo Sáez,
membro do BioFunLab e coautor do artigo.
Finalmente, a pesquisa sugere que a importância dos micróbios como reguladores de carbono em parques urbanos é uma faca de 2 gumes. “O carbono em solos de parques e jardins é mais vulnerável à perda por meio da respiração microbiana em resposta ao aquecimento global”, diz Delgado Baquerizo. “Esses solos têm uma alta proporção de genes associados à decomposição e mineralização da matéria orgânica”, explica Tadeo Sáez.
Áreas verdes nas cidades e seu benefício para a saúde.
“Nosso estudo demonstra a
importância dos parques como reservatórios de carbono em um mundo urbanizado,
onde 7 em cada 10 pessoas viverão em cidades até 2050. Os futuros parques e
políticas urbanas devem levar em conta o microbioma do solo para manter o
carbono do solo e sua capacidade de manter múltiplos serviços ecossistêmicos,
bem como a sustentabilidade de nossos parques”, conclui Delgado Baquerizo.
(ecodebate)
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