segunda-feira, 11 de setembro de 2023

A população da Ásia de 1950 a 2100

A população asiática era de 1,4 bilhão de habitantes em 01/07/1950, chegou a 3,7 bilhões no ano 2000, deve atingiu o pico de 5,3 bilhões em 2055 (na projeção média), para iniciar um decrescimento até 4,7 bilhões de habitantes em 2100.
A Ásia tem conseguido reduzir a percentagem da população vivendo em situação de pobreza, mas, ao mesmo tempo, tem aumentado a crise ambiental e climática

A Ásia é o maior continente do mundo, com 43,8 milhões de km2, uma população de 4,7 bilhões (representando 59% da população global) e uma densidade demográfica de 150 habitantes por km2 em 2022. A população asiática era de 1,4 bilhão de habitantes em 01/07/1950, chegou a 3,7 bilhões no ano 2000, deve atingiu o pico de 5,3 bilhões em 2055 (na projeção média), para iniciar um decrescimento até 4,7 bilhões de habitantes em 2100.

Ou seja, a população asiática vai crescer nas próximas décadas e voltar ao nível de 2022 no final do século. Na hipótese mais alta da projeção a população da Ásia pode chegar a 7 bilhões e na hipótese baixa pode diminuir para 3 bilhões de habitantes em 2100 (conforme mostra o gráfico abaixo, no painel da esquerda).

A população asiática em idade ativa, de 15-59 anos, deu um salto de cerca de 776 milhões de pessoas em meados do século passado para 2,3 bilhões no ano 2000, e deve atingir o pico em 2039 com 3,1 bilhões para decrescer para 2,4 bilhões em 2100 (conforme o gráfico abaixo, painel da direita). Portanto, o continente mais populoso vai ter uma redução significativa na oferta da força de trabalho na segunda metade do atual século.

Os gráficos abaixo mostram a evolução das taxas de fecundidade e a expectativa de vida. A Ásia tinha uma média de cerca de 6 filhos por mulher em meados do século passado. A taxa de fecundidade começou a cair fortemente a partir da década de 1970 e atingiu o nível de reposição em 2020 e deve se manter abaixo de 2 filhos por mulher nas décadas seguintes e ficar em 1,7 filhos por mulher no final do século (Gráfico abaixo, painel da esquerda).

A expectativa de vida ao nascer, que estava em torno de 45 anos em 1950, cresceu nos anos seguintes, embora tenha tido uma grande queda na década de 1960 em função da alta mortalidade da China na época do Grande Salto para a Frente.

Chegou a 70 anos em 2006. Houve nova queda em função da pandemia da covid-19, mas segundo a projeção média da Divisão de População da ONU a expectativa de vida ao nascer, para ambos os sexos, deve ficar em 85 anos em 2100 (como mostra o gráfico acima, painel da direita).

O resultado da transição demográfica já se manifesta na estrutura etária com a diminuição do montante da população jovem de 0-14 anos que deve cair de 1,1 bilhão atualmente para menos de 700 milhões no final do século, como mostra o gráfico abaixo (painel da esquerda). Já o número de idosos (gráfico da direita) cresceu de 92 milhões de pessoas em 1950 para 674 em 2022, deve atingir o pico em 1,68 bilhão em 2080 e deve diminuir para 1,65 bilhão em 2100.

A mudança da estrutura etária fica evidente nas pirâmides etárias da Ásia, conforme mostrado nos gráficos abaixo. A pirâmide etária de 1950 tinha o modelo clássico de estrutura rejuvenescida e se modificou nas décadas seguintes com redução proporcional dos grupos etários mais jovens e uma elevação dos grupos em idade produtiva. Isto tem favorecido o 1º bônus demográfico que tem ajudado o continente a reduzir a pobreza e a incrementar o desenvolvimento econômico. Esta fase favorável deve permanecer até meados do atual século, devendo ter uma estrutura mais envelhecida em 2100.

A Ásia apresenta o nível mais baixo da razão de dependência atualmente, com menos de 60 pessoas consideradas dependentes para cada 100 pessoas em idade produtiva, como mostra o gráfico abaixo. Os últimos 50 anos foram favoráveis ao desenvolvimento econômico, mas no restante do atual século a proporção de pessoas dependentes vai aumentar. Em 2100, a projeção populacional média indica uma razão de dependência em torno de 100, ou seja, uma igualdade entre pessoas ativas e dependentes.

O continente asiático, especialmente a Ásia emergente, tem apresentado um crescimento econômico acima da média mundial. A Ásia emergente tinha menos de 10% do PIB global em 1980 e deve ultrapassar 35% em 2026, conforme mostra o gráfico abaixo (lado esquerdo).

A renda per capita da Ásia emergente (em preços correntes em poder de paridade de compra) era de apenas US$ 557 em 1980, 5,4 vezes menos do que a renda per capita mundial. Nas décadas seguintes a renda cresceu até US$ 14,3 mil em 2022 e deve atingir US$ 19 mil, conforme mostra o gráfico abaixo (lado direito). No início da próxima década a Ásia emergente deve ultrapassar a renda média internacional.

O continente asiático tinha um pequeno superávit ambiental no século passado, mas passou a apresentar déficit ecológico no século XXI. Segundo o Instituto Global Footprint Network a Ásia tinha, em 1961, uma Pegada Ecológica de 1,6 bilhão de hectares globais (gha) e uma Biocapacidade de 1,7 bilhão de gha. Portanto, o sinal era verde. Mas com o elevado crescimento demográfico e econômico a Pegada Ecológica passou para 10,8 bilhões de gha e a Biocapacidade passou para 3,3 bilhões de gha em 2018.

Assim, o déficit ecológico passou para 7,5 bilhões de gha, o que representa um déficit relativo de 224%, conforme mostra a figura abaixo. A Pegada Ecológica da Ásia é tão elevada que está próxima de atingir a Biocapacidade total do mundo. Ou seja, apenas um continente está utilizando os recursos de todo o Planeta.

A Ásia tem conseguido reduzir a percentagem da população vivendo em situação de pobreza, mas, ao mesmo tempo, tem aumentado a crise ambiental e climática. Evidentemente, o problema não é só da Ásia e todo o mundo precisa estar em alerta com as palavras do Secretário-geral da ONU.

António Guterres, disse a ministros de 40 países reunidos para discutir a crise climática na metade de julho de 2022: “Metade da humanidade está na zona de perigo, de inundações, secas, tempestades extremas e incêndios florestais. Nenhuma nação está imune. No entanto, continuamos a alimentar nosso vício em combustíveis fósseis”. A maior frequência e intensidade dos incêndios florestais e das ondas de calor causando estragos em várias partes do globo mostram que a humanidade caminha, alertou Guterres, para um “suicídio coletivo”.

A Ásia emite mais da metade de todo CO2 lançado na atmosfera, tornando cada vez mais difícil deter o aquecimento global e colocar em prática os limites estabelecidos pelo Acordo de Paris, de 2015. O mundo precisa tirar o pé do acelerador do crescimento demográfico e econômico, revertendo a elevação da Pegada Ecológica global.

A humanidade já ultrapassou a capacidade de carga da Terra e necessita reduzir o processo de degradação dos ecossistemas, reduzir as desigualdades sociais e evitar o desequilíbrio climático. A população mundial atingiu 8 bilhões de habitantes no dia 15/11/2022 e continua crescendo, mesmo que em ritmo cada vez menor.

A população da Ásia vai diminuir na segunda metade do século XXI. Mas isto só não basta, pois a Ásia precisa mudar urgentemente o seu modo de produção e consumo para evitar um desastre ecológico global. (ecodebate)

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