A expectativa de vida ao
nascer no Brasil estava abaixo de 30 anos no final do século XIX e deu um
grande salto no século XX, chegando aos 70 anos em 2001. A vida média dos
brasileiros mais que dobrou em um espaço de 100 anos. Isto nunca tinha acontecido
antes e não vai se repetir no futuro.
A expectativa de vida era
muito baixa em grande parte devido à enorme mortalidade infantil que existia no
país. Com os avanços na educação, na renda, nos transportes, no consumo, no
saneamento básico e na infraestrutura de saúde a sobrevivência dos
recém-nascidos cresceu e os brasileiros tiveram aumento no tempo médio de vida
durante todo o século XX.
O século XXI começou com
números mais alvissareiros e as projeções populacionais indicavam novos avanços
na luta contra a mortalidade, mas com ganhos em ritmo menor em relação ao
século passado. De fato, a expectativa de vida brasileira continuou a crescer e
ultrapassou a casa de 76 anos em 2019.
Porém, veio a pandemia da
covid-19 e o número de óbitos aumentou significativamente em 2020 e 2021.
Devido ao adiamento do censo demográfico previsto para 2020, o IBGE se viu
constrangido de divulgar os dados a partir das projeções populacionais sem
levar em conta o impacto da covid-19. Mas com os resultados do censo 2022, o
IBGE divulgou em 28/11/23 os novos cálculos da tábua de vida do Brasil.
O gráfico abaixo mostra a
taxa de mortalidade por sexo e idade. Nota-se que a taxa é elevada no primeiro
ano de vida e cai até os 5 anos, para em seguida apresentar um aumento contínuo
em todas as idades. Mas o que chama a atenção no gráfico é a barriga que existe
na linha azul entre os 15 e 35 anos.
Há uma grande sobre mortalidade masculina entre os homens jovens no Brasil, devido às mortes por causas externas e mortes violentas, por acidente de trânsito, homicídios e outros tipos de violência. Evidentemente, a expectativa de vida ao nascer no Brasil seria muito mais elevada se houvesse uma redução da violência no país e houvesse uma mudança na cultura da masculinidade tóxica. O Chile e a Costa Rica possuem expectativa de vida ano nascer, para ambos os sexos, acima de 80 anos.
A vida é o principal direito humano. E uma vida longa e saudável é fundamental para garantir o direito individual, além de possibilitar ganhos para as famílias e para as nações. Não existe nenhum país rico no mundo (com elevado bem-estar social) que tenha altas taxas de mortalidade.
A transição demográfica é uma
pré-condição para uma vida próspera e ambientalmente sustentável. A queda da
mortalidade é uma pré-condição para a queda da natalidade. A nova dinâmica
demográfica é essencial para o fim da pobreza e da fome.
O Brasil já deu passos importantes nas estatísticas vitais, mas ainda tem um longo caminho a trilhar para atingir os níveis alcançados, por exemplo, pelo Japão. (ecodebate)
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