Por outro lado, eles não
fizeram qualquer progresso na ampliação do financiamento climático e ainda
deixaram a porta aberta para investimentos públicos em gás.
O acordo alcançado em Turim,
na Itália, será apresentado em junho aos líderes políticos dos 7 países mais
ricos do mundo para aprovação. Com muitas eleições-chave em 2024, especialmente
nos EUA, analistas temem que os tímidos progressos obtidos sejam obstruídos.
O G7 é responsável por 21%
das emissões globais de gases de efeito estufa e está sob pressão para detalhar
como responderá ao resultado da COP28, principalmente iniciar uma transição
para longe dos combustíveis fósseis, triplicar as energias renováveis, dobrar a
eficiência energética e desbloquear financiamento climático para nações de
baixa renda.
Na COP29, que será realizada em novembro/24, em Baku, no Azerbaijão, os países devem concordar com uma nova meta global de financiamento climático e preparar suas novas NDCs (planos nacionais de contribuição climática ou Nationally Determined Contributions) que devem ser submetidas antes de fevereiro de 2025.
Os principais anúncios do G7 sobre clima e ambiente
Carvão
O carvão é o combustível
fóssil mais poluente e menos eficiente na geração de eletricidade. O G7
concordou em “eliminar gradualmente a geração de energia a carvão não
controlada existente em nossos sistemas de energia durante a primeira metade da
década de 2030 ou em um cronograma consistente com a manutenção de um limite de
1,5°C [meta do Acordo de Paris]”. O anúncio ocorre dois anos após o grupo
concordar em descarbonizar totalmente ou “predominantemente” seu setor de
energia até 2035.
• A decisão deve ter impacto significativo para
a Austrália, que respondeu por 50% do total de carvão importado pelos países do
G7 em 2023. 30% de todo o carvão produzido na Austrália foi queimado apenas no
Japão em 2023;
• O compromisso também
estabelece, finalmente, uma data (2035) para que os EUA e o Japão eliminem o
carvão de suas matrizes elétricas. Há dúvidas sobre se a Alemanha atualizará
sua data legal para isso (2038). O governo de coalizão de Scholz tem o
compromisso de eliminar o carvão “idealmente até 2030”.
• O Japão tem a maior
participação de carvão na eletricidade no G7 (32%), seguido pela Alemanha (27%)
e os EUA (16%). Os outros membros do G7 já eliminaram em grande parte o carvão:
França (0,4%), Reino Unido (1,4%), Canadá (5,1%) e Itália (5,3%). Os dados da
Ember mostram que os países do G7 geraram em média 16% de sua eletricidade a
partir de carvão em 2023 – era 29% em 2015.
Baterias
De forma inédita, o G7 decidiu contribuir para uma meta global de armazenamento de energia no setor elétrico, que será de 1500 GW em 2030, um aumento de mais de seis vezes em relação aos 230 GW em 2022, além de aumentará significativamente “o investimento em redes de transmissão e distribuição de eletricidade até 2030, reconhecendo que são necessários US$ 600 bilhões por ano para atender às metas climáticas nacionais anunciadas”.
Gás
O texto deixa aberta a
possibilidade de investimento público em gás como forma de redução da
dependência em relação à Rússia. Isso é contraditório em relação à decisão
anterior do G7 de se comprometer a “alcançar um setor de energia totalmente ou
predominantemente descarbonizado até 2035”.
Metas climáticas
O G7 se comprometeu a apresentar Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDCs) de 9 a 10 meses antes da COP30, que será realizada no Brasil. As NDCs devem demonstrar “progressão e a mais alta ambição possível, com metas de redução absoluta abrangentes, cobrindo todos os GEEs, setores e categorias, alinhadas com 1,5°C”.
Metano
O grupo concordou em
“perseguir esforços coletivos para uma redução de 75% das emissões globais de
metano provenientes de combustíveis fósseis, incluindo a redução da intensidade
das emissões de metano das operações de petróleo e gás até 2030, e trabalhar
com países produtores de petróleo e gás interessados para obter cortes
significativos nas emissões de metano”.
Finanças
A COP29 em Baku precisa
concordar com uma nova meta climática pós-2025 – o Novo Objetivo Coletivo
Quantificado. O G7 observa que o mínimo da meta deve ser de US$ 100 bilhões
(meta anterior) e diz que “a nova meta deve ser de várias camadas em sua estrutura,
abrangendo componentes públicos, privados, domésticos e internacionais”. O
texto também reconhece “os desafios que os países vulneráveis estão enfrentando
em relação aos impactos climáticos e aos ônus da dívida”.
Subsídios aos combustíveis
fósseis
Financiamento da natureza
A seis meses da próxima COP16 da Biodiversidade, na Colômbia, o texto reafirmou o compromisso dos líderes de fornecer US$ 20 bilhões em financiamento para a natureza até 2025 para alcançar os objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica estabelecidos em 2022, em Montreal. (ecodebate)
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