O pico dos nascimentos no
mundo e nos quatro países mais populosos.
Mas esta história mudou nos
últimos dois séculos. As taxas de mortalidade começaram a cair ainda no século
XIX e continuaram caindo desde então. As taxas de natalidade também começaram a
cair em alguns países mais ricos, especialmente na primeira metade do século
XX, mas passou a apresentar uma queda global a partir do final da década de
1960.
Em decorrência da transição
demográfica, que vem se desenrolando nos últimos 2 séculos, o número de
nascimentos no mundo já chegou ao pico, ou seja, o número de bebês que vinha
crescendo até a segunda metade do século XX, estabilizou na virada do milênio,
atingiu um valor máximo, passou a diminuir e vai continuar decrescendo ao longo
do atual século. É o prelúdio de um decrescimento da população total que será a
grande novidade no final do século XXI.
Número de nascimentos no
mundo era de 92 milhões de bebês em 1950, subiu para 142 milhões em 1990, caiu
para 134 milhões no ano 2000 e atingiu o pico de 144,2 milhões de bebês em
2012. Em 2023, nasceram 134 milhões de bebês, este número deve subir até 139
milhões em 2042 e vai apresentar um declínio contínuo até 111 milhões de bebês
em 2100, segundo a Divisão de População da ONU.
A população mundial era de
2,5 bilhões de habitantes em 1950, chegou a 5 bilhões em 1987 (dobrou em 27
anos), alcançou 8 bilhões de habitantes em 2022 e deve atingir 9 bilhões em
2037. O pico populacional global está estimado em 10,43 bilhões em 2086 e a
Divisão de População da ONU prevê um decrescimento para 10,35 bilhões em 2100.
Mas o grupo etário 0 a 14 anos que era de 868 milhões de pessoas em 1950,
chegou ao pico em 2001, com 1,86 bilhão de pessoas. Portanto, o grupo global de
crianças e adolescentes (0-14 anos) já começou a diminuir desde 2002 e deve
chegar a 1,70 bilhão de pessoas em 2100.
A transição demográfica
também está em estágio avançado nos 4 países mais populosos do mundo. O gráfico
abaixo, com dados da projeção média da Divisão de População da ONU (revisão
2022), mostra o número de nascimentos na Índia, China, EUA e Indonésia, de 1950
a 2100.
Nota-se que, na China,
nasciam cerca de 25 milhões de bebês em medos do século passado, caiu durante a
crise do “Grande Salto para a Frente”, ultrapassou a casa de 30 milhões de
nascimentos durante a Revolução Cultural, caiu novamente nas décadas de 1970 e
1980 e chegou a 28 milhões de nascimentos em 1990. A partir de 1991 a
diminuição do número de nascimentos foi muito grande, atingiu 10 milhões de
bebês em 2023 e deve ficar abaixo de 5 milhões no final do século. Entre 1964 e
2024, o número de nascimentos caiu 3 vezes, de cerca de 30 milhões para 10
milhões. Entre 1964 e 2100, o número de nascimentos deve cair 6 vezes, de 30
milhões para 5 milhões por ano.
Na Índia, o número de
nascimentos foi de 15,7 milhões em 1950, cresceu até o pico de 29 milhões em
2001, caiu para 23 milhões de bebês em 2023 e deve diminuir para 13 milhões no
final do atual século. Nos Estados Unidos da América (EUA), o número de
nascimentos foi de 3,4 milhões em 1950, subiu para 4,1 milhões em 1990 caiu nos
anos seguintes e atingiu o pico de 4,3 milhões de bebês em 2007. O número de
nascimentos caiu para 3,7 milhões em 2023 e deve ficar em 3,6 milhões de bebês
em 2100.
Os EUA são o terceiro país
mais populoso do mundo e segundo as mais novas projeções do US Census Bureau (o
IBGE dos EUA), a população do país deve crescer até 370 milhões de habitantes
em 2080, para iniciar uma fase de decrescimento demográfico para 366 milhões de
habitantes em 2100. A população da Indonésia era de 70 milhões de habitantes em
1950, chegou a 275 milhões em 2022, deve atingir o pico populacional em 2061,
com 319 milhões, para apresentar um decrescimento para 297 milhões de
habitantes em 2100.
O importante a destacar é que
todo país com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) passou pela transição
demográfica. Não existe país com alto nível de bem-estar com taxas de
mortalidade e natalidade elevadas.
Como escreveu Martin Luther
King, em 1966, o alto crescimento demográfico dificulta o combate à pobreza e
dificulta a melhoria das condições de educação, saúde, moradia, etc.
A diminuição do número de
nascimentos é uma excelente notícia, tanto em termos sociais, quanto em termos
ambientais. A redução do número de crianças abre espaço para o investimento na
qualidade de vida das novas gerações, para a ampliação dos direitos de cidadania
e para a melhor qualificação da força de trabalho. Por exemplo, ao invés de
investir em novas instalações escolares, a diminuição do número de potenciais
estudantes permite se investir na melhoria da qualidade da educação e na
expertise profissional.
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