O cenário climático global
pode sofrer uma importante mudança nos próximos meses. Segundo previsões da
Organização Meteorológica Mundial (WMO), há 55% de chance de transição para
condições de La Niña entre setembro e novembro de 2024.
La Niña é caracterizada pelo
resfriamento das temperaturas da superfície do oceano no Pacífico equatorial
central e oriental. Isso gera mudanças na circulação atmosférica tropical,
afetando ventos, pressão e padrões de chuvas. Em geral, seus impactos
climáticos são opostos aos do fenômeno El Niño, com efeitos que variam conforme
a intensidade, duração e a época do ano.
No entanto, esses fenômenos
climáticos naturais ocorrem em um contexto de mudanças climáticas induzidas
pelo ser humano. O aumento das temperaturas globais e a intensificação de
eventos climáticos extremos são influenciados pelo acúmulo de gases de efeito
estufa na atmosfera. A secretária-geral da WMO, Celeste Saulo, afirmou que,
mesmo com a possível ocorrência de uma La Niña de curto prazo, o aquecimento
global continuará sua trajetória ascendente.
Nos últimos nove anos, os recordes de temperatura global foram quebrados, apesar da influência de uma La Niña prolongada de 2020 a 2023. O evento El Niño de 2023-2024 começou a se formar em junho de 2023 e atingiu seu pico entre novembro de 2023 e janeiro de 2024, sendo classificado como um dos cinco mais intensos já registrados. Mesmo após o enfraquecimento do El Niño, seus efeitos ainda foram sentidos em diversas regiões.
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Durante os últimos três meses,
o mundo experimentou condições climáticas neutras, sem a presença de El Niño ou
La Niña. No entanto, o planeta foi impactado por extremos climáticos, como
calor intenso e chuvas devastadoras. Esse
cenário ressalta a importância de iniciativas como o programa "Early
Warnings for All", da WMO, que busca fornecer alertas climáticos
antecipados para evitar tragédias.
Além do El Niño e da La Niña,
outros fatores influenciam o sistema climático global, como a Oscilação do
Atlântico Norte, a Oscilação Ártica e o Dipolo do Oceano Índico. Esses
elementos são levados em conta nas atualizações climáticas sazonais globais
emitidas pela WMO, que oferecem previsões mais abrangentes sobre as condições
futuras.
De acordo com a última atualização, espera-se que temperaturas acima da média prevaleçam em quase todas as áreas terrestres, devido ao aquecimento dos oceanos, exceto na região equatorial oriental do Pacífico, onde a La Niña pode se desenvolver. Em termos de precipitação, é previsto aumento nas chuvas em partes da América do Sul, América Central, Caribe, Chifre da África e partes do sudeste da Ásia.
As atualizações da WMO são baseadas em previsões de Centros Globais de Previsão de Longo Prazo e visam fornecer subsídios a governos, tomadores de decisão e organizações em setores sensíveis ao clima, protegendo vidas e meios de subsistência. A organização também destaca que os Centros Regionais de Clima e os Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais continuarão monitorando as mudanças nas condições do ENSO nos próximos meses.
(revistacultivar)
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