A arquitetura solar avança no
país: lançamento do primeiro BIPV multifamiliar de SC.
A Arquitetura Solar,
conhecida como Building-Integrated Photovoltaics (BIPV), é uma inovação que vai
além da sustentabilidade, tornando-se uma oportunidade de investimento para
empresários, arquitetos, integradores e clientes finais. Entender que este
mercado está em plena expansão e que as decisões tomadas na fase de concepção
de um projeto arquitetônico podem influenciar diretamente a capacidade de
geração de energia da edificação é essencial. A colaboração multidisciplinar
entre profissionais é fundamental para otimizar sistemas que respeitem a
estética e a funcionalidade da construção.
Com esse entendimento, fui
convidada pelo Dr. Andrigo Antoniolli, engenheiro civil, especialista em
energia solar e proprietário da Antoniolli Engenharia, para integrar a equipe
de especialistas no desenvolvimento do Sungarden, um empreendimento
multifamiliar de uso misto que prioriza inovação e sustentabilidade. O projeto
arquitetônico é assinado por Thiago Dorini, da Dorini Arquitetura.
Neste artigo, compartilho
como aconteceu o processo de integração fotovoltaica na arquitetura a partir do
projeto arquitetônico original.
Sobre o empreendimento
O Sungarden possui um projeto
arquitetônico inovador que redefine o conceito de moradia em Florianópolis. Com
uma estética minimalista e contemporânea, o edifício combina elementos naturais
como concreto, madeira, aço e vidro, criando uma atmosfera leve e atemporal.
Dorini planejou cada detalhe para proporcionar beleza e funcionalidade, com
soluções que garantem eficiência energética através de amplas aberturas que
favorecem a iluminação e ventilação natural e geração de energia de forma
integrada à arquitetura.
Antoniolli destaca que sua
localização privilegiada próxima à praia da Cachoeira do Bom Jesus permite que
todas as unidades tenham uma vista impressionante da paisagem, conectando os
moradores à natureza. No rooftop, há uma piscina, área fitness e espaços de
convivência que promovem o bem-estar. Assim, o Sungarden busca unir conforto,
sustentabilidade, boa arquitetura e a beleza incomparável de Florianópolis.
Como o arquiteto projetou a
edificação com o uso da energia solar em mente, o primeiro passo foi avaliar o
potencial das áreas destinadas à geração energética, através do Diagnóstico
Solar.
Diagnóstico Solar
Utilizando a ferramenta Ábaco Solar da cidade de Florianópolis, foi possível buscar a combinação de desvio azimutal e inclinação dos elementos arquitetônicos para quantificar o aproveitamento solar. A disponibilidade de irradiação no pergolado do terraço será de 96% da máxima irradiação disponível em Florianópolis, enquanto os brises alcançarão 62%.
Identificação do aproveitamento de irradiação em cada possibilidade de integração arquitetônica através da ferramenta ábaco solar.
Imagem: Arquitetando Energia
Solar
Isso significa dizer que a irradiação anual disponível nos pergolado será de 1.656 kWh/m² enquanto os brises receberão 1.092 kWh/m² no mesmo período. A variabilidade mensal demonstrou a maior contribuição do pergolado nos meses de verão e a similaridade de contribuição mensal entre todas as opções nos meses de maio a julho.
Em seguida, a análise de sombreamento revelou que o pergolado terá pouca interferência das elevações ao redor, com sombra apenas em pontos próximos à torre técnica (Pontos 7 e 8), antes das 10h e após às 16h. Nos brises, o sombreamento ocorrerá antes das 9h e após as 16h, variando de acordo com o mês.
Análise com máscara de sombreamento no pergolado e nos brises.
Imagem: Arquitetando Energia
Solar
Proposta BIPV e expectativa de geração energética
Com base nos estudos de irradiação e sombreamento, selecionamos as tecnologias mais adequadas e dimensionamos o sistema BIPV. No Sungarden, o pergolado terá um sistema de 19,3 kWp, composto por módulos semitransparentes, enquanto os brises contarão com 8,8 kWp de módulos fotovoltaicos fabricados no Brasil. A potência total do sistema será de 28,1 kWp, com geração média de 2.420 kWh/mês, ou cerca de 30.000 kWh ao ano.
Custos de implantação
Diferente dos sistemas
fotovoltaicos convencionais, que são sobrepostos a telhados ou lajes, os
sistemas BIPV requerem uma estrutura de fixação personalizada, que desempenha
tanto uma função arquitetônica quanto energética. No caso do pergolado do
Sungarden, a estrutura foi projetada para manter a estética original enquanto
acomoda os módulos semitransparentes, vedando a cobertura. Para os brises,
desenvolvemos uma estrutura sob medida que harmoniza com o projeto original.
Em termos de custo, o sistema
BIPV + estrutura do pergolado será de R$2.000,00/m² e o dos brises de
R$2.200,00/m². Quando comparados ao CUB (Custo Unitário Básico) de edificações
residenciais e comerciais em Florianópolis, que é de R$2.841,00/m² e
R$3.059,00/m², respectivamente, esses valores mostram-se bem competitivos. Além
disso, é importante considerar os custos evitados com materiais que seriam
substituídos pelos módulos fotovoltaicos e os benefícios obtidos com eficiência
energética, marketing e valorização imobiliária.
Parceiros
O projeto BIPV do Sungarden
conta com a parceria da Garantia Solar BIPV e da Eternit no desenvolvimento de
soluções estéticas, funcionais e eficientes para atender a demanda específica
esta obra, conforme análises e projeto da Arquitetando Energia Solar.
Conclusão
Quando a integração da energia solar é planejada desde a concepção do projeto, o resultado é uma edificação que harmoniza estética, funcionalidade e eficiência energética. O Sungarden é um exemplo claro de como essa abordagem pode transformar um empreendimento, garantindo que as soluções fotovoltaicas estejam perfeitamente integradas à arquitetura. Ao considerar as possibilidades de geração de energia solar desde o início, é possível criar projetos que não apenas respeitam o design original, mas o elevam, agregando valor estético e sustentável. Essa visão proativa, que une arquitetura e tecnologia, não só otimiza o desempenho energético, como também impulsiona a inovação no mercado imobiliário, trazendo benefícios duradouros para moradores, incorporadores e o meio ambiente.
Universidade Federal de Santa Catarina inaugurou prédio exemplar na produção de energia limpa
O edifício tem 4 andares e
foi projetado para aproveitar ao máximo a luz do sol e, assim, gerar energia
elétrica suficiente para abastecer o equivalente a 65 casas com até 4
moradores.
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Brasil
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Sobre a autora: Clarissa Zomer é arquiteta, doutora em Engenharia Civil, especialista em sistemas fotovoltaicos integrados à arquitetura. Atuou como pesquisadora do Laboratório Fotovoltaica UFSC por 17 anos e em 2020 fundou a Arquitetando Energia Solar para prestar consultorias, realizar projetos, e oferecer cursos e palestras sobre arquitetura solar. Foi responsável por grandes projetos BIPV, como o próprio Laboratório Fotovoltaica UFSC, por estudos de viabilidade técnica BIPV, como o Mineirão Solar e a Megawatt Solar da Eletrosul e, recentemente, como os Brises Fotovoltaicos do Instituto Germinare. Possui mais de 60 MWp de projetos de sistemas fotovoltaicos integrados à arquitetura e mais de 60 artigos publicados em revistas internacionais, nacionais e em congressos. Clarissa é também Diretora de BIPV – Fotovoltaica na Arquitetura e Construção da ABGD e Diretora de Projetos Arquitetônicos da Garantia Solar BIPV.
Impressão da vegetação entre os painéis fotovoltaicos
Telhados com vegetação e
irrigamento resfriam sistemas fotovoltaicos
Cientistas avaliaram como os chamados telhados “verde-azulados” podem ajudar a reduzir a temperatura dos painéis fotovoltaicos, com efeito de resfriamento significativo. O sistema de irrigação utilizado na pesquisa conta com um abastecimento adicional de água proveniente de águas cinzas de chuveiro. (pv-magazine-brasil)
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