Elevação do nível do mar
ameaça praias icônicas do Rio de Janeiro e evidencia urgência de políticas
públicas para proteção costeira
Pesquisa revela impactos da
erosão costeira em praias brasileiras e aponta soluções técnicas e ambientais
para preservação do litoral nacional
Copacabana e Ipanema podem
perder até 100 metros de areia até o fim do século, em decorrência da elevação
do nível do mar e da intensificação da erosão costeira, segundo estudo da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse cenário não é apenas
preocupante pela dimensão física da perda territorial, mas pelo que ele revela
sobre a forma como lidamos com os espaços urbanos litorâneos.
A ocupação do território
brasileiro teve início nas regiões litorâneas, onde se estabeleceu o processo
de colonização portuguesa, historicamente marcado por práticas extrativistas e
predatórias. O Brasil possui uma das maiores regiões costeiras do mundo e por
sua localização estratégica e riqueza natural, essas áreas tornaram-se os
primeiros núcleos de povoamento e desenvolvimento econômico do país.
Atualmente, elas continuam exercendo papel central na dinâmica territorial
brasileira.
Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022), aproximadamente 111,28
milhões de pessoas vivem em uma estreita faixa de até 150 quilômetros de
largura ao longo da costa, o que representa 54,8% da população nacional. Essa
concentração populacional evidencia não apenas a importância histórica e
econômica do litoral, mas também os desafios contemporâneos relacionados à
gestão urbana, ambiental e climática dessas regiões.
O Brasil dispõe de
instrumentos legais para lidar com essas questões, como o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro (PNGC) e o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).
Entretanto, nem sempre são aplicados e fiscalizados de maneira efetiva. Existem
soluções técnicas que incluem ações de engenharia costeira, como a alimentação
artificial de praias, como as realizadas em Copacabana, Matinhos (PR),
Balneário (SC), entre outras.
As soluções baseadas na natureza também se apresentam como opção, por meio da recuperação de ecossistemas costeiros como dunas, restingas e outras formações vegetais que atuam como barreiras naturais contra a erosão. É fundamental que as providências adotadas sejam pautadas em análises técnicas e científicas, considerando as particularidades de cada região. Assim, evita-se a implementação de ações que, ao invés de mitigar, possam potencializar os impactos ao longo do tempo.
Estudo da UFRJ revela que o mar pode avançar até 100 metros no Rio de Janeiro até 2100, ameaçando praias como Copacabana, Ipanema e a infraestrutura urbana.
A participação ativa das
comunidades costeiras em iniciativas de preservação e o incentivo à atuação
governamental são relevantes para enfrentar esses desafios, mas o avanço do mar
está profundamente conectado a processos globais. Sem uma diminuição
considerável na liberação de gases de efeito estufa por parte dos principais
setores econômicos como energia, transporte e indústria e sem a atuação mais
rigorosa das potências mundiais, estaremos sujeitos a ver o aumento do nível
dos oceanos batendo novos recordes a cada ano, afetando, sobretudo, grupos
minoritários, principalmente aqueles que são mais vulneráveis e menos
responsáveis pelo problema. (ecodebate)
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