As evidências que sustentam
esta afirmação:
Capacidade Cognitiva: Um
relatório de 2025 do FMI, baseado em pesquisas em 41 países, concluiu que uma
pessoa de 70 anos em 2022 possui a mesma função cognitiva que uma pessoa de 53
anos em 2000.
Saúde Física: Além da
cognição, testes mostram que pessoas na casa dos 70 anos hoje têm a mesma força
física e função pulmonar de indivíduos mais jovens, cerca de 56 anos, há cerca
de 25 anos.
Implicações para o
Envelhecimento: Isso sugere que o envelhecimento não é mais apenas sobre a
quantidade de anos vividos, mas sobre a adição de "vida aos anos",
permitindo a participação ativa em diversas esferas da vida.
O impacto e o conceito de
"economia prateada":
Atividade no Mercado de
Trabalho: O aumento da capacidade cognitiva e física significa que mais pessoas
de 70 anos podem permanecer engajadas no mercado de trabalho, tanto trabalhando
quanto buscando emprego.
Aumento dos Rendimentos: Isso
leva a um aumento nas horas trabalhadas e nos rendimentos para os mais velhos,
contribuindo para a economia.
Potencial da População Idosa:
O estudo do FMI destaca a importância de aproveitar o potencial dos idosos, que
representam uma fonte de talento e força de trabalho para a sociedade.
Como alcançar a
"longevidade ativa":
Corpo em Movimento: A prática
regular de atividades físicas como caminhadas, musculação leve, ioga e natação
é um grande aliado.
Alimentação Inteligente:
Dietas ricas em frutas, vegetais, proteínas magras e gorduras boas são
essenciais para a vitalidade.
Cérebro Ativo: Estimular a
mente com leitura, jogos, aprendizado de novas habilidades e convívio social
pode reduzir o declínio cognitivo.
A transição demográfica —
caracterizada pela redução das taxas de mortalidade e natalidade — foi um dos
fenômenos mais marcantes do século XX. No século XXI, a principal dinâmica
populacional global será a mudança na estrutura etária. Paralelamente à queda
nas taxas de natalidade, a expectativa de vida ao nascer aumentou nas primeiras
décadas dos anos 2000. De modo geral, também houve avanço na expectativa de
vida saudável, ou seja, o número de anos vividos sem doenças crônicas tem
crescido em ritmo semelhante.
O capítulo 2 do relatório
World Economic Outlook (WEO) do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicado
em abril de 2025 e intitulado “The Rise of the Silver Economy: Global
Implications of Population Aging”, destaca melhorias significativas nas
capacidades físicas e cognitivas de pessoas com mais de 50 anos em várias
economias avançadas — embora persista uma heterogeneidade expressiva entre
diferentes grupos socioeconômicos.
O relatório mostra que, em
muitos países, os indivíduos não apenas vivem mais, mas também envelhecem com
melhor saúde, o que contribui para trajetórias profissionais mais longas e
produtivas. Além disso, a capacidade funcional dos idosos tem melhorado ao
longo do tempo: as gerações mais recentes apresentam maior vigor físico e
desempenho cognitivo superior em comparação com as gerações anteriores da mesma
faixa etária.
Uma pesquisa abrangendo uma
amostra de 41 economias de mercado — entre avançadas e emergentes — indica que,
em média, uma pessoa de 70 anos em 2022 apresentava a mesma capacidade
cognitiva que uma pessoa de 53 anos em 2000. Esse fenômeno, frequentemente
descrito como “os 70 anos são os novos 50”, evidencia um notável processo de
rejuvenescimento cognitivo nas gerações mais velhas.
Ao longo de uma década, esse
avanço nas habilidades cognitivas tem sido associado a impactos significativos
no mercado de trabalho: estima-se um aumento de aproximadamente 20% na
probabilidade de pessoas mais velhas permanecerem ativas economicamente — seja
trabalhando ou procurando emprego —, um acréscimo de cerca de seis horas na
média de horas semanais trabalhadas, e um crescimento de 30% nos rendimentos do
trabalho, entre os que estão empregados.
1. Redefinição do que
significa ser “idoso”
Se os septuagenários de hoje
têm desempenho cognitivo semelhante ao de pessoas de meia-idade há duas
décadas, então o limiar tradicional de “velhice” está desatualizado. Isso
desafia indicadores clássicos de envelhecimento, como a proporção de pessoas
com 60 anos ou mais, pois essas pessoas estão envelhecendo de maneira diferente
— com maior autonomia, produtividade e capacidade de aprendizado.
2. Impactos na força de
trabalho e aposentadoria
Com melhor cognição, muitas
pessoas podem continuar trabalhando por mais tempo, especialmente em ocupações
que exigem conhecimento, experiência e julgamento. Idosos mais ativos e
mentalmente saudáveis tornam-se consumidores sofisticados, impulsionando
setores como tecnologia, educação continuada, turismo, cultura e serviços
financeiros. Ao contrário da narrativa do “envelhecimento como ônus”, essas
gerações podem continuar contribuindo economicamente, com aumento da
produtividade, inclusive como empreendedores, cuidadores, professores e
voluntários.
3. Mudança na razão de
dependência e nos custos sociais
Melhores capacidades
cognitivas significam menor necessidade de cuidados precoces, o que reduz os
custos com saúde e assistência de longa duração no curto e médio prazo. Embora
o risco aumente com a idade, melhorias em educação, estilo de vida e acesso à
saúde cognitiva retardam o início e a severidade de doenças neurodegenerativas,
como Alzheimer. Reforça-se a importância do investimento em educação, nutrição
e estímulo cognitivo desde a infância até a velhice, promovendo a saúde e a
educação diária e continuada.
4. Implicações para políticas
públicas
Indicadores como “idade de
dependência” precisam ser atualizados para refletir a nova realidade cognitiva
e funcional dos idosos. Programas de capacitação contínua tornam-se centrais
para garantir a inserção e adaptação dessas gerações às transformações
tecnológicas e sociais. A educação ao longo da vida vale para todas as pessoas
e para todas as faixas das gerações prateadas. A mobilidade e participação
social de idosos cognitivamente saudáveis demanda cidades acessíveis, seguras e
integradas.
5. Desigualdades
intrageracionais
É importante destacar que
essa melhoria média das capacidades cognitivas não é igual para todos.
Diferenças por renda, gênero, raça, educação e região espacial persistem e
devem ser reduzidas. A “geração prateada cognitivamente ativa” é
majoritariamente composta por pessoas com melhor acesso à educação, saúde e
ambientes sustentáveis. Neste sentido, políticas de equidade devem garantir que
os benefícios desse avanço não se concentrem apenas entre os mais favorecidos e
que haja universalização dos direitos básicos de cidadania.
6. Envelhecimento feliz
Não basta ter uma vida-longa
e saudável se não houver alegria de viver. O envelhecimento feliz – a experiência
de bem-estar e satisfação na longevidade – importa porque, sem ela, a
vida-longa é um fardo. A alegria pode ser experimentada mesmo em situações
supostamente adversas. Independentemente da idade, as pessoas podem optar por
duas mentalidades: envelhecer como declínio ou envelhecer como crescimento
contínuo. A mentalidade de declínio acredita que tudo piora à medida que você
envelhece e depois morre. A mentalidade de crescimento vê o envelhecimento como
um período de progresso contínuo para se tornar quem você é. Essa mentalidade
reconhece não apenas os desafios e as perdas do envelhecimento, mas também as
oportunidades e os pontos fortes.
7. O bônus do envelhecimento
A longevidade cognitiva aprimorada está correlacionada com o aumento da produtividade social e com a capitalização do 3º bônus demográfico da economia prateada. O envelhecimento populacional deve ser acompanhado da capacitação e do empoderamento dos cidadãos idosos, tanto como consumidores, mas principalmente como membros ativos e valorizados da comunidade.
Prosperar na velhice significa viver de forma plena, com propósito e satisfação, mesmo diante dos desafios que acompanham o envelhecimento. Trata-se de maximizar a saúde física, a função cognitiva, o bem-estar emocional, as conexões sociais e o senso de significado na vida. Prosperar não implica estar livre de dificuldades ou problemas de saúde, mas sim cultivar resiliência, adaptabilidade e a capacidade de encontrar valor e alegria no cotidiano. A longevidade bem-sucedida não ocorre por acaso: ela é fruto de escolhas, atitudes e ações que buscam, ativamente, elevar a qualidade de vida.
O envelhecimento da população
deixou de ser sinônimo de declínio físico e mental. As chamadas gerações
prateadas apresentam hoje nível de capacidade cognitiva significativamente
superior ao das gerações anteriores na mesma idade, o que amplia seu potencial
de contribuição econômica, social e cultural.
Se “Os 70 anos se tornaram os
novos anos 50”, é fundamental que as oportunidades para os idosos se
materializem de forma concreta nos níveis individual, local e nacional.
Nesse contexto, a longevidade
cognitiva aprimorada não representa apenas uma extensão do tempo de vida, mas
uma expansão das possibilidades de participação ativa e significativa na
sociedade.
Quando valorizada de maneira
inteligente e inclusiva, essa nova condição dos idosos transforma-os em agentes
de desenvolvimento:
• No plano individual, vivem
com mais saúde, autonomia e propósito.
• No plano local, fortalecem
comunidades e redes de solidariedade.
• No plano nacional,
impulsionam o crescimento econômico, a inovação e a coesão social.
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