O
estudo, conduzido por Fabian Dablander, do novo instituto climático SEVEN da
Universidade de Austin, analisou dados de pesquisas representativas em nível
nacional com mais de 128.000 pessoas em 142 países.
Os resultados mostram um padrão claro e consistente: indivíduos que vivenciaram pessoalmente um risco climático nos últimos cinco anos mostraram-se mais propensos a descrever as mudanças climáticas como uma ameaça muito séria em comparação com aqueles no mesmo país que não vivenciaram tais eventos.
Inundações, secas, ondas de calor
Uma
descoberta impressionante é o poderoso efeito das ondas de calor na percepção
de risco. Vivenciar uma onda de calor aumentou a probabilidade de enxergar as
mudanças climáticas como um perigo grave, quase na mesma proporção que ter
formação universitária — um fator há muito reconhecido como um dos mais fortes
preditores da conscientização climática.
O efeito de inundações, secas e ondas de calor apresentou grande variação entre os países, enquanto outros perigos, como furacões e incêndios florestais, produziram reações mais consistentes em todo o mundo. Mesmo eventos relativamente infrequentes, como deslizamentos de terra, foram associados a uma percepção de risco mais elevada, demonstrando o amplo impacto psicológico da experiência com perigos naturais.
Influência da liderança política e das narrativas culturais
Mas
os resultados também mostram que, embora as experiências individuais com
desastres sejam profundamente importantes, elas nem sempre se estendem
perfeitamente ao nível nacional. Países com ampla exposição a riscos climáticos
não necessariamente apresentam níveis gerais mais elevados de percepção de
risco climático. Por exemplo, embora as inundações sejam o risco mais comum em
todo o mundo, a preocupação nacional com as mudanças climáticas permanece
relativamente baixa em algumas regiões propensas a inundações. Isso sugere que
a cobertura da mídia, a liderança política e as narrativas culturais
influenciam fortemente a forma como as pessoas interpretam suas experiências.
As diferenças também foram evidentes entre as regiões. Os sul-americanos foram os mais propensos a considerar as mudanças climáticas uma ameaça muito séria, com quase ¾ dos entrevistados afirmando isso, enquanto na Europa esse número chegou perto da metade. Já os moradores da Oceania relataram as maiores taxas gerais de experiência com riscos, com mais de 4 em cada 10 afirmando ter vivenciado pelo menos um evento extremo nos últimos 5 anos. A Europa apresentou as menores taxas de pessoas relatando experiências com riscos, com 2 em cada 10.
As
implicações são significativas para o debate público e as políticas públicas.
Embora indivíduos que enfrentam eventos extremos sejam mais propensos a levar
os riscos climáticos a sério, essas experiências pessoais por si só podem não
ser suficientes para construir um consenso nacional.
Sem comunicação eficaz e liderança política, mesmo a exposição generalizada a perigos pode não ser suficiente para galvanizar a ação coletiva necessária para enfrentar a crise climática.
Mudanças climáticas: como a construção civil minimiza os efeitos
140
países
A pesquisa analisou dados da Pesquisa Mundial de Riscos de 2023, realizada pela Fundação Lloyd’s Register e pela Gallup. Ao analisar experiências de risco juntamente com educação, renda e resiliência em mais de 140 países, o estudo fornece o panorama global mais abrangente até o momento sobre como os impactos climáticos estão moldando as percepções de risco.
(a) Percentagem de pessoas que consideram a mudança climática uma ameaça muito séria para o seu país nos próximos 20 anos (a) e sofreram um desastre climático nos últimos 5 anos (b). Resiliência média entre países (c). Número total de perigos em todos os países (d) e número de países onde as pessoas apresentaram um perigo particular (e). Resiliência média entre continentes (f). Os tsunamis foram experimentados apenas 14 vezes e excluídos da análise principal. (ecodebate)





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