Doulas, mãos amigas.
O dia tão esperado se aproxima e é hora de escolher a forma pela qual o pequeno chegará ao mundo. Se por um lado a rápida recuperação do parto normal e a ausência de cicatriz a seduzem, por outro, o medo da dor e o desejo que o filhote chegue em segurança podem pesar na opção pela cesariana. De fato, o Brasil é campeão mundial em realizações da cirurgia. "Em 2006, 42% dos nascimentos realizados em hospitais conveniados ao SUS (Sistema Público de Saúde) eram cesáreas. Nos hospitais da rede privada, a taxa alcançava 90%", constata Fábio Roberto Cabar, doutor em obstetrícia e ginecologia pela Universidade de São Paulo (USP). A tendência é mundial. "Países que tradicionalmente apresentavam taxas baixas deste tipo de parto, como a Turquia e a Itália, alcançaram, no início dos anos 2000, taxas de 30 e 33%, respectivamente", completa o especialista.
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Contrariando os números, desde 1985, o Ministério da Saúde recomenda que apenas 15% dos partos sejam cirúrgicos. "Essa porcentagem se deve ao fato de que, teoricamente, teríamos uma taxa de 15% de complicações intraparto que justificariam a intervenção cirúrgica ou mesmo gestações de alto risco nas quais seria necessário o parto cesariano para não incorrer em risco de morte para mãe e/ou bebê", explica Edílson Ogeda, ginecologista e obstetra do Hospital Samaritano, em São Paulo. Por que, então, é cada vez maior o número de cesáreas realizadas nas maternidades do país?
Mitos e questões culturais costumam ser a resposta para essa questão. "O medo da dor, o perigo de ter que sair de madrugada para dar a luz, o receio de não encontrar seu médico na hora que precisa ou não chegar ao hospital a tempo são algumas das preocupações que levam as mulheres a optarem pela cirurgia", opina Cássio Sartório, ginecologista e obstetra do Centro de Fertilidade da Rede D'Or, no Rio de Janeiro. "Além disso, hoje, a mulher, em geral, trabalha fora e precisa se organizar para ter seu filho. Portanto, ela gosta de poder programar sua gravidez, sabendo exatamente o dia e a hora do nascimento da criança", acrescenta Luciano Patah, ginecologista e obstetra do Hospital Sepaco, em São Paulo.
É importante salientar a questão dos planos de saúde. "Os convênios médicos remuneram o especialista igualmente (independentemente do tipo e da duração do trabalho de parto). Desta forma, para o médico particular (ou de convênio), pode ser muito mais cômodo marcar a cirurgia, saber exatamente a hora e o dia em que precisa fazer o atendimento, sem precisar acompanhar todo o trabalho de parto", pontua Fábio. (bolsademulher)
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