sexta-feira, 1 de outubro de 2010

"Esteira" do degelo

Na "esteira" do degelo, Rússia quer provar que 1 milhão de km² do Ártico lhe pertence.
A Rússia fincou sua bandeira sob o Pólo Norte há três anos Um representante do governo da Rússia disse em 22/09/10 que o país pretende comprovar, até 2013, que uma área de mais de um milhão de quilômetros quadrados no Ártico faz parte de seu território, em meio a uma corrida com outros países pelo controle dos recursos minerais na região. A declaração do conselheiro do presidente Dmitry Medvedev para as mudanças climáticas, Alexander Bedritsky, foi feita durante uma reunião internacional em Moscou para discutir a divisão do território do Ártico e a cooperação entre Rússia, Noruega, Canadá, Dinamarca e Estados Unidos. Estima-se que a região do Polo Norte guarde cerca de 25% das reservas mundiais de petróleo e gás natural, e esses países, que têm territórios próximos ao Ártico, ainda não alcançaram um consenso sobre como dividir a área.
Bedritsky disse que seu país pretende apresentar à ONU dados adicionais entre 2012 e 2013 para comprovar que o país tem direito ao território que reivindica. “Defenderemos nossos interesses no Ártico com todos os instrumentos fornecidos pelos acordos internacionais, e não acredito que veremos um confronto, apesar de alguns países afirmarem que existe a necessidade de reafirmar os seus potenciais”, disse Bedritsky. Degelo Até 23/09/10, 300 delegados discutiram em Moscou as possibilidades de cooperação entre os países e as principais reivindicações por faixas de território. Um ponto polêmico é uma montanha submersa conhecida como Cordilheira de Lomonosov. Em 2001, Moscou reivindicou o território, disputado com o Canadá, às Nações Unidas. O pedido foi rejeitado por falta de evidências de que o pico faz parte da plataforma continental onde fica a Rússia. De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, o país precisa comprovar que a região submersa é uma extensão do território russo para ter direito de exploração sobre ela. Há três anos, uma expedição russa colocou uma bandeira de titânio no solo oceânico sob o Polo Norte como gesto simbólico da reivindicação do país. Os depósitos sob o Oceano Ártico estão se tornando mais acessíveis por causa de uma diminuição dramática da capa de gelo polar a cada ano. Cientistas acreditam que o Ártico pode degelar completamente durante o verão daqui a pelo menos 20 anos. Riqueza submersa A Rússia anunciou recentemente que deve gastar US$ 64 milhões em pesquisa para comprovar seu direito sobre a Cordilheira de Lomonosov. A área pode ter mais de 75 bilhões de barris de petróleo, mais do que o total das reservas atuais do país. Na semana passada, o primeiro ministro do Canadá encontrou com o líder russo em Moscou para discutirem o caso. Segundo a ONU, uma nação costeira tem direito exclusivo de exploração de recursos naturais acima ou abaixo do mar até 200 milhas náuticas (370 km) além do seu país. Se as reservas naturais estenderem esse território, o país precisa levar evidências científicas ao conhecimento à comissão das Nações Unidas, que pode recomendar um novo limite. Apesar da disputa pelos territórios, Moscou diz que não tem planos imediatos para o desenvolvimento da exploração e enfatizou a necessidade de cooperação internacional. Os russos acreditam que podem precisar de até dez anos para comprovar os direitos sobre o território reivindicado. Enquanto isso, o país procura se estabelecer como principal força na região. Disputas Em setembro, Rússia e Noruega assinaram um tratado que pôs fim a 40 anos de disputa sobre as fronteiras no Oceano Ártico e no Mar de Barents. Os países dividiram uma área que corresponde a metade do tamanho da Alemanha, onde há cerca de 7,6 bilhões de barris de petróleo, de acordo como o Ministério russo de recursos naturais. O acordo deve permitir que a Noruega mantenha seus níveis de produção de petróleo e gás apesar da diminuição das suas reservas atuais no Mar da Noruega. Em agosto, Canadá e Estados Unidos deram início a um estudo conjunto das fronteiras de cada país no ártico. Os dois países disputam desde os anos 1970 um território de cerca de 21 mil Km² que pode conter 1,7 bilhão de metros cúbicos de gás – o suficiente para suprir a demanda do Canadá por 20 anos – e mais de 1 bilhão de metros cúbicos de petróleo.

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