sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sociedade Provisória – Inferno à Vista

“Seu Cabral vinha navegando: inferno á vista…”. Tudo bem que não tenhamos sido descobertos de forma planejada – mas, que isso não deve ser desculpa; é vero. É preciso mudar nosso DNA cultural para atender á demanda da vida com qualidade, daqui em diante. Cá entre nós, a cultura de tornar definitivas as medidas provisórias é um flagelo a atormentar nossa vida particular, familiar, social e política. Nós temos alergia a tudo que seja planejado, definido, estudado – Metas de longo prazo são muito demoradas para quem gosta de levar vantagem em tudo. Nesta terra, nós vivemos como se a vida transitória fosse durar para sempre. No planejamento de nossa existência apenas investimos nas metas de curto prazo. - Nas finanças. Gastamos mais do que receberemos. O provisório uso do cheque especial e do crédito; torna-se um hábito financeiro definitivo. - No cultivo das relações afetivas. Ficar e fazer um test drive sexual e afetivo é uma forma de viver que chegou e ficou. Somos adeptos dos ditados populares práticos e fast food: Quem dá para os pobres: cria o filho só – responsabilidade é para otários. - Nos cuidados com a saúde. Somos os campeões do uso de sintomáticos. A sociedade do analgésico. Investir em prevenção de saúde é coisa para quem não tem o que fazer; o negócio é aproveitar a vida. - Na convivência social. As pessoas se buscam e descartam segundo os interesses do momento. - Horários foram feitos para serem descumpridos. - Regras para serem burladas. - Viver com ética não dá lucro; pois, exige investimentos educacionais de longo prazo. - Nas amizades. As rapidinhas não precisam de nome; não trazem problemas; vão e vem como ondas. - Na vida política. É sinal de esperteza não se definir. Princípios dão trabalho. Ética impede as amarrações. Programa de trabalho de longo prazo é entregar os dividendos para os sucessores. Tudo que ocorre no macro é a soma das individualidades. E no íntimo, também somos a somatória de nós mesmos. Para preencher esse vazio que começa a tomar conta do nosso peito e da mente; trazendo aquela sensação de inutilidade – o momento atual exige reflexão: O que em nossas vidas é provisório? O que é definitivo? Quais são minhas metas de curto, médio e longo prazo? Estão alinhadas num mesmo foco? Tenho um projeto de vida? Viver uma vida provisória é a principal razão das incertezas, conflitos, tristeza, depressão, pânico, angústia e seus filhotes: insônia, perda de memória, dores para todo lado, vontade de dormir para sempre. O estilo de viver sob a batuta do provisório e da gariba; vai nos levar, mais além, a um inferno já muitas vezes, por nós, navegado. Viver de forma provisória nos tira a dignidade; pois, perdemos o respeito por nós mesmos. E também por não estabelecermos uma vida regida pelos princípios da ética cósmica; no coletivo, são raras dentre milhões a conviver, as pessoas que se fazem respeitar por viver sob a guarida da simplicidade, honestidade, coerência. O que fazer para encontrar metas de vida, definitivas; imutáveis? Praticando o básico: Consulte permanentemente sua consciência, sem usar de desculpas nem justificativas, para saber se em cada momento fez o melhor possível. No trato consigo mesmo e com os outros adote a máxima: só faça aos outros; aquilo que gostaria de receber – a começar pelo pensamento. Se cada um de nós, deixar de ser um cidadão provisório; breve nós viveremos numa sociedade justa, ética, saudável, feliz, próspera, rica, amorosa. Quer se curar? Não garibe sua saúde com sintomáticos nem pseudo preventivos – planeje sua cura. Quer melhorar a vida social e política da sua terra – não se preocupe apenas em escolher o melhor candidato para esta eleição – atue politicamente o ano inteiro, o tempo todo; faça, cobre, exija, ponha, disponha e deponha se for preciso… (EcoDebate)

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