Península
Antártica passa por aquecimento natural há séculos, exarcebado pela ação do homem.
As temperaturas na Península
Antártica, região que está se aquecendo mais rapidamente em todo no Hemisfério
Sul, começaram a aumentar naturalmente há 600 anos, bem antes que as mudanças
climáticas causadas pelo homem intensificassem esse processo. A afirmação,
feita por cientistas em estudo publicado ontem na revista Nature, ajuda a
explicar os recentes colapsos de vastas plataformas de gelo.
Por meio da reconstrução das
temperaturas do passado, os cientistas estimaram que desde então a taxa de
aquecimento foi de 2,6°C por século - algo considerado incomum, mas não sem
precedentes. "Quando o aquecimento incomum recente começou, as plataformas
de gelo da Península Antártica já estavam prontas para o esfacelamento
observado a partir dos anos 1990", afirmou o centro de pesquisa ambiental
British Antarctic Survey (BAS), que liderou a pesquisa.
Uma tendência ao aquecimento
causada por variações naturais, talvez afetando ventos e correntes oceânicas,
começou há 600 anos e tornou vulneráveis as plataformas de gelo que flutuam ao
redor da península. A partir da década de 1920, esse aquecimento se acelerou.
Muitas dessas plataformas se partiram recentemente, causando a perda de cerca
de 25 mil km², área equivalente ao Haiti.
Ação do homem
A queima de
combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial, no século 18, emitiu
gases-estufa que seguram o calor, aumentam a temperatura e causam enchentes,
secas e elevaram os níveis dos oceanos com o derretimento do gelo em terra,
afirmam cientistas ligados à ONU.
"O que estamos
observando é consistente com um aquecimento causado pelo homem, sobreposto a um
aquecimento natural", afirmou Robert Mulvaney, do BAS. Mas ele ressalta
que seu estudo, feito em parceria com especialistas australianos e franceses,
diz respeito apenas a uma pequena parte da Antártida.
Os cientistas cavaram no
gelo, ao norte da península, um buraco de 364 metros para encontrar pistas da
variação de temperatura ao longo dos últimos 15 mil anos. Eles observaram que
há 11 mil anos, no fim da última Era do Gelo, a temperatura no local era pouco
mais alta que a de hoje.
"Se esse aquecimento
rápido que estamos observando continuar, podemos esperar que as plataformas de
gelo ao sul da península, que estão estáveis há milhares de anos, também se
tornem vulneráveis", alertou Nerilie Abram, da Universidade Nacional
Australiana. (OESP)
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