O Índice de Saúde do Oceano apresenta a primeira referência
global para 171 regiões costeiras do mundo
Conservação Internacional, National Geographic Society e New
England Aquarium lançam plataforma que avalia a saúde global do oceano, por
meio do monitoramento de dez tipos de serviços e benefícios que ele traz aos
seres humanos.
A Conservação Internacional, a National Geographic Society e
o New England Aquarium lançaram hoje o Índice de Saúde do Oceano (OHI, na sigla
em inglês), a primeira medida abrangente indicadora da saúde dos ambientes
marinhos, baseada no estudo de 171 regiões costeiras no mundo todo.
O novo índice é uma medida quantitativa da saúde dos oceanos
em termos dos benefícios que eles trazem e, portanto, é a primeira medida que
considera os seres humanos como parte desse ecossistema. O índice é organizado
em torno de 10 fatores definidos para medir o uso que as pessoas fazem dos
recursos e serviços oferecidos pelo oceano e ambientes costeiros, sendo eles:
provisão de alimentos; oportunidades de pesca artesanal; produtos naturais;
armazenamento de carbono; proteção costeira; subsistência e economia; turismo e
recreação; identidade local; águas limpas e biodiversidade.
As descobertas do OHI, publicadas hoje na revista Nature,
revelaram uma pontuação global de 60, num total de 100 pontos. Quanto menor a
pontuação, pior a situação, mostrando que, ou não estamos aproveitando os
benefícios fornecidos pelos oceanos, ou não estamos utilizando esses benefícios
de modo sustentável.
Foram atribuídas pontuações para os dez fatores avaliados de
forma global, e também em termos regionais. Na tabela abaixo podem-se
considerar de forma comparativa as pontuações do oceano em termos globais e
para o Brasil:
Global - Brasil
Provisão de Alimentos – 24 - 36
Oportunidades de Pesca Artesanal – 87 - 88
Produtos Naturais – 40 - 29
Armazenamento de Carbono – 75 - 93
Proteção Costeira – 73 - 86
Subsistência e Economia – 75 - 51
Turismo e Recreação – 10 - 0
Identidade Local – 55 - 81
Águas Limpas – 78 - 76
Biodiversidade – 83 - 84
Pontuação Global Média Combinada: 60 - 62,4
O Índice é uma importante ferramenta para políticos tomarem
decisões sobre o futuro dos oceanos. As decisões de gerenciamento de recursos
podem ser examinadas por grupo de metas, permitindo que os políticos avaliem a
efetividade de seus compromissos.
O Índice pode ser usado desde a escala global até localmente
– desde que existam dados de qualidade.
“O Índice é uma ferramenta para ser utilizada ativamente por
tomadores de decisões políticas e de negócios. O website do OHI é único, pois é
um portal para o Índice, ou seja, uma rota direta para sua metodologia,
pontuações globais e componentes dentro destas pontuações para cada país que
tenha zona costeira (ou seja, Zonas Econômicas Exclusivas ou ZEEs). Os usuários
podem garimpar os dados brutos por trás de cada componente. Por esta razão, a
combinação da pesquisa e do website é um avanço na transformação da ciência em
ações”, disse Steve Katona, diretor do OHI.
O Índice de Saúde do Oceano também revela:
- Fornecimento de Alimentos pontuado em 24 em um total de
100, reforçando a necessidade de melhorar o gerenciamento da pesca.
- A maricultura, um subconjunto da Provisão de Alimentos,
também recebeu uma das mais baixas pontuações (10 em um total de 100),
revelando oportunidades para os países criarem espécies marinhas de modo
sustentável para ajudar a atender à demanda do crescimento da população e
fornecer benefícios econômicos.
- Os locais com mais alta pontuação incluíram tanto nações
densamente populosas e altamente desenvolvidas, como a Alemanha, como ilhas
inabitadas, como a Ilha Jarvis, no Pacífico.
- Os países do Oeste da África tiveram a mais baixa
pontuação no Índice de Saúde do Oceano. Estes países também tiveram baixa
classificação no Índice de Desenvolvimento Humano, sugerindo uma relação entre
um bom governo, economias fortes e litoral saudável.
Os cientistas do National Center for Ecological Analysis and
Synthesis, da University of British Columbia’s Sea Around US, da Conservation
International, da National Geographic Society e do New England Aquarium
colaboraram com especialistas em oceanos de universidades, organizações sem
fins lucrativos (ONGs) e agências governamentais para desenvolver este ponto de
referência inicial e esta plataforma digital. Ela foi concebida para aumentar a
consciência sobre os problemas dos oceanos, direcionar prioridades políticas e
facilitar uma abordagem mais pró-ativa e inclusiva no gerenciamento dos
oceanos.
Ao fazer uma nova previsão da saúde dos oceanos como um
grupo de benefícios, o OHI destaca os vários e diferentes meios nos quais uma
área costeira pode ser saudável. Assim como uma carteira de ações
diversificadas pode se desenvolver bem em uma variedade de condições de
mercado, muitas combinações diferentes de objetivos podem levar a uma alta
pontuação no Índice. Consistente com esta idéia, o OHI destaca as várias opções
que existem para que ações estratégicas melhorem a saúde dos oceanos.
Mais de 40% da população mundial vive ao longo da costa e à
medida que a população mundial cresce de 7 para 9 bilhões, as pessoas estão
tornando-se cada vez mais dependentes dos oceanos para a sua alimentação,
subsistência, recreação e sustento. No entanto, aproximadamente 84% das
reservas marinhas monitoradas estão completamente exploradas, sobre exploradas
ou até mesmo esgotadas. A capacidade das frotas pesqueiras do mundo é estimada
em 2,5 vezes acima dos níveis de pesca sustentáveis.
“A pontuação global de 60 é uma forte mensagem de que nós
não estamos gerenciando o nosso uso dos oceanos de maneira adequada,” disse Bud
Ris, presidente e CEO do New England Aquarium e coautor da matéria na Nature.
“Há muita oportunidade para melhorias e nós esperamos que o Índice torne este ponto
bastante claro”.
“Pela primeira vez, nós temos uma medida abrangente do que
está acontecendo nos nossos oceanos e uma plataforma global a partir da qual
podemos avaliar as implicações das ações ou omissões humanas,” disse Dr. Greg
Stone, Vice Presidente Sênior e Cientista Chefe para os Oceanos da Conservation
International e coautor da matéria na Nature. “O Índice fornece um meio prático
para que as decisões de gerenciamento por líderes governamentais e de negócios
sejam abastecidas de informações por meio de um quadro quantitativo e robusto
que usa o melhor dado disponível para qualquer lugar através de condições
ecológicas, sociais, econômicas e políticas.”
“O OHI é como um termômetro da saúde do oceano, que nos
permitirá determinar como o paciente está indo”, disse o Explorer-in-Residence
da National Geographic, Dr. Enric Sala. “O Índice medirá se as nossas políticas
estão funcionando ou se precisamos de novas soluções”.
“Nós acreditamos que o gerenciamento efetivo dos nossos
oceanos é uma necessidade crítica para ajudar a sustentar as pessoas e as
economias dependentes deles”, disse James Morris, presidente da Pacific Life
Foundation. “Estamos felizes em ajudar o Índice de Saúde do Oceano para
auxiliar na criação de uma nova direção para a política global nos oceanos”. A
Pacific Life Foundation se comprometeu com US$ 5 milhões para o desenvolvimento
e implementação do OHI.
Os principais parceiros científicos do Índice de Saúde do
Oceano são a University of Santa Barbara’s National Center for Ecological Synthesis
and Analysis em colaboração com a University of British Columbia’s Sea Around
Us. Os parceiros fundadores são a Conservation International, o New England
Aquarium e a National Geographic Society. O patrocinador fundador apresentado é
a Pacific Life. O Darden Restaurants Foundation foi um doador fundador e a
doação inicial foi feita por Beau e Heather Wrigley.
Os autores reconhecem os desafios metodológicos para o
cálculo do Índice, mas enfatizam que ele representa um passo crítico à frente.
“Nós reconhecemos que o Índice é um pouco audacioso. Com tomadores de decisões
políticas e gerentes precisando de ferramentas para medir de verdade a saúde
dos oceanos - e sem tempo a perder - sentimos que era audacioso, mas
necessário,” disse Dr. Ben Halpern, autor-líder e cientista do Índice de Saúde
do Oceano. (jornaldiadia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário