No século XX, a população mundial passou de 1,56 bilhão, em
1900, para 6,1 bilhões de habitantes, em 2000. Um crescimento de quatro vezes.
Este alto crescimento ocorreu em decorrência da transição demográfica, que
possibilitou uma grande queda das taxas de mortalidade e uma queda posterior e
mais lenta das taxas de fecundidade.
A esperança de vida ao nascer da população mundial estava em
torno de 30 anos de idade em 1900 e chegou a cerca de 65 anos no ano 2000. Ou
seja, de forma inédita na história da humanidade, a esperança de vida da
população mundial mais que dobrou em 100 anos. Este grande salto nunca tinha
acontecido antes e provavelmente nunca irá acontecer no futuro, pois a grande
conquista foi reduzir significativamente as taxas de mortalidade infantil e,
depois de um certo ponto, a longevidade tem limites biológicos.
Como será a dinâmica
demográfica no século XXI?
Em maio de 2011, a divisão de população da ONU atualizou os
três cenários de projeção para a população mundial no século XXI. Pelo lado da
mortalidade, as conquistas vão continuar, mesmo que em ritmo menor, pois a
esperança de vida ao nascer, que na média da população mundial, era de 65 anos
em 2000, já chegou a 68 anos em 2010 e deve atingir 80 anos em 2100.
A população mundial chegou a 7 bilhões no final de
2011 pode atingir 10,1 bilhões de habitantes ou mesmo 15,8 bilhões em 2100. Ou
até mesmo pode cair para 6,2 bilhões de habitantes, em conformidade com os
diferentes cenários das taxas de fecundidade. Portanto, a população mundial
pode variar de 6,2 bilhões a 15,8 bilhões dependendo do número médio de filhos
por mulher e da sua evolução nas próximas décadas.
Pode parecer que esta grande diferença de 6,2 a 15,8 bilhões
de habitantes ocorra devido a grandes diferenças nas taxa de fecundidade. Mas,
ao contrário, isto é provocado por uma diferença na taxa de fecundidade média
de apenas 0,5 (meio filho) por mulher.
No quinquênio 2005-10 a taxa de fecundidade total, na média
mundial, estava em 2,52 filhos por mulher. Se esta taxa continuar neste nível a
população mundial chegaria a 15,8 bilhões de habitantes em 2100. Se a TFT cair
gradualmente em apenas meio filho por mulher (para uma TFT de 2 filhos em 2100)
então a população seria 5,7 bilhões a menos, ou seja, de 10,1 bilhões de
habitantes em 2100. Se a fecundidade cair mais meio filho abaixo da projeção
média (para 1,55 filhos por mulher) então a população mundial ficaria em 6,2
bilhões de habitantes, aproximadamente a mesma população do ano 2000. Nesta
hipótese de fecundidade mais baixa, o crescimento demográfico seria zero no
século XXI.
Estes três cenários mostram que o tamanho da população
mundial em 2100 pode ficar em um leque que varia de 6,2 bilhões a 15,8 bilhões
de habitantes. Uma pequena variação média de meio filho por mulher pode fazer a
quantidade da população ficar bem acima dos 10,1 bilhões da projeção média ou
bem abaixo deste número. Tudo vai depender do comportamento reprodutivo das
famílias.
Como é sabido, as taxas de fecundidade estão caindo em quase
todo o mundo. O número médio de filhos por mulher cai, em primeiro lugar,
porque cai a mortalidade infantil provocando o aumento da sobrevivência do
número de filhos em cada família. Assim, com mais filhos vencendo mortalidade
infantil, o número ideal de crianças é atingido mais rapidamente e as mulheres
e os casais passam a limitar a possibilidade de uma nova gravidez. Além disto,
o demanda por filhos se reduz na medida em que o custo das crianças aumenta e
os seus benefícios diminuem. Isto acontece devido ao processo de urbanização,
do aumento dos níveis de renda e educação, da entrada da mulher no mercado de
trabalho, do crescimento dos sistemas de proteção social, etc.
Todos os países do mundo que atualmente possuem alto nível
de educação ou alto nível de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) possuem
fecundidade abaixo de 2,2 filhos por mulher. Contudo, existem uma certa
quantidade de países (especialmente na África Sub-sahariana) que possuem
fecundidade acima de 4 fillhos por mulher. Os estudos mostram que a alta
fecundidade acontece devido à falta de acesso aos direitos básicos de cidadania
(educação, habitação, saúde, liberdades políticas, etc.) e especialmente devido
à falta de acesso aos direitos sexuais e reprodutivos. Em geral, a fecundidade
é alta onde existe alta percentagem de pessoas pobres e há altas necessidades
não-satisfeitas de contracepção.
Os estudos mostram que existe uma relação inversa entre IDH
e fecundidade. Quando um sobe a outro cai. Assim, para garantir a continuidade
da redução da pobreza e das taxas de mortalidade, a ONU aprovou, no ano 2000,
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. As 8 metas dos ODMs são:
# 1. Erradicar a extrema pobreza e a fome
# 2. Atingir o ensino básico universal
# 3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das
mulheres
# 4. Reduzir a mortalidade na infância
# 5. Melhorar a saúde materna
# 6. Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças
# 7. Garantir a sustentabilidade ambiental
# 8. Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento
No ano de 2005, a ONU realizou a Cúpula do Milênio + 5 para
avaliar o andamento das iniciativas e corrigir eventuais lacunas existentes.
Após diversos estudos e avaliações sobre as principais fraquezadas dos ODMs,
foi feito um acréscimo fundamental para melhorar a qualidade de vida da
população, que é a meta # 5B: “Alcançar, até 2015, o acesso universal à saúde
reprodutiva”.
Acesso à saúde reprodutiva integral é fundamental para se
garantir os direitos sexuais e reprodutivos, conforme aprovado na Conferência
Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada na cidade do
Cairo, em 1994. Também é fundamental para a redução da gravidez indesejada.
Infelizmente, a maior parte da população pobre do mundo não
tem acesso integral aos serviços de saúde reprodutiva. Os ricos possuem acesso
à saúde reprodutiva, pois podem pagar via mercado privado. Mas a população de
baixa renda precisa contar com o apoio do Estado, que por seu lado, precisa
garantir os direitos de cidadania.
Se os 8 ODMs forem efetivados em todos os países do mundo é
de se esperar que as taxas de fecundidade continuem a cair, especialmente
naqueles países com menor grau de inclusão social. Quanto mais rápido os países
avançarem na qualidade de vida dos seus cidadãos e cidadãs mais rápido as taxas
de fecundidade vão ficar próximas de dois filhos por mulher (que é o número
mais citado quando se pergunta o número ideal de filhos que as pessoas querem
ter).
Desta forma, o avanço da qualidade de vida das pessoas e dos
direitos reprodutivos de mulheres e homens, caso se efetive, deve possibilitar
a continuidade da queda das taxas de fecundidade e, em consequência, a
população mundial, no final do século XXI, pode ficar abaixo de 10 bilhões de
habitantes. (geografianovest)
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