A China tem a maior
população nacional entre todos os países do mundo, desde o início dos registros
históricos das civilizações. O “Império do Meio” foi também a maior economia do
mundo até o século XVIII. Agora, no século XXI, a China volta, em um patamar
mais elevado, a disputar a hegemonia econômica mundial.
A população da China
era de 550,8 milhões de habitantes em 1950 e chegou a 1,34 bilhão em 2010. Mas
não deve ultrapassar 1,4 bilhão de habitantes e, provavelmente, será
ultrapassada pela Índia a partir do ano 2025. A divisão de população da ONU
estima, para o ano de 2050, uma população de quase 1,5 bilhão de habitantes na
hipótese alta, de 1,29 bilhão na hipótese média e de 1,13 bilhão na hipótese
baixa. Para o final do século as hipóteses são: 1,59 bilhões de habitantes, na
alta, de 941 milhões, na média, e somente 506 milhões na hipótese baixa.
Ou seja, a população
da China pode variar entre 506 milhões e 1,59 bilhão de habitantes em 2100,
dependendo fundamentalmente do comportamento das taxas de fecundidade e um
pouco menos da migração. No caso da hipótese baixa, a China pode chegar em 2100
com uma população menor do que a que tinha em 1950.
A China tem uma área
de 9.596.960 km2, maior do que a área territorial do Brasil. A
densidade demográfica em 2010 era de 140 habitantes por km2, bem superior do
que a densidade brasileira de 23 hab/km2, mas bem abaixo da densidade
demográfica da Índia que estava em 373 hab/km2 em 2010.
Depois de um longo
período de declínio econômico, de invasão estrangeira e de guerra civil que
empobreceu o país, o Partido Comunista tomou o poder na China continental em 1º
de outubro de 1949, enquanto o partido Kuomintang (KMT), que estava no poder
desde a instauração da República, migrou para a ilha de Formosa (Taiwan).
No quinquênio 1950-55
a taxa de fecundidade total (TFT) estava em 6,1 filhos por mulher e caiu para
5,4 filhos por mulher no quinquênio seguinte. Porém, com a desorganização
econômica e política da Revolução Cultural a TFT voltou a crescer e ficou em 6
filhos por mulher no quinquênio 1965-70. O timoneiro Mao Tsé-Tung chegou a dar
várias declarações favoráveis ao crescimento demográfico e à utilização da
população como uma arma do poderio do país.
Porém, o alto
crescimento populacional se tornou insustentável. Como dizem os chineses: “Ren
tai duo!” (demasiada gente!). No início dos anos 70 – ainda na época de Mao
Tsé-Tung – o governo adotou uma política para incentivar a a redução do número
de nascimentos por meio de três objetivos: a) uma fecundidade menor, b) retardar
o nascimento do primeiro filho e c) aumentar o espaçamento entre os
nascimentos. Esta política ficou conhecida como: “fecundidade menor, mais
tardia e com maior espaçamento entre os filhos” (fewer, later, longer). Com
isto, a TFT caiu para 4,8 filhos por mulher em 1970-75 e para 2,9 filhos por
mulher em 1975-80.
Mas a despeito da
grande queda da fecundidade nos anos 70, o governo comunista adotou a política
de controle da natalidade mais draconia já adotada no mundo. A política do
filho único, começou em 1979, e a taxa de fecundidade caiu para 2 filhos por
mulher em 1990-95 e chegou a 1,6 filhos em 2005-10. O resultado é que a
população continuou aumentando apenas porque a estrutura etária era jovem
(crescimento pela inércia demográfica), mas o ritmo de incremento tem se
desacelerado rapidamente e a população deve começar a diminuir antes de 2030.
Segundo a Agencia oficial Xinhua, o 18o Congresso do PCC, de novembro de 2012,
discutiu um relatório propondo mudanças na política populacional, pois os
dirigentes estão preocupados com o rápido processo de envelhecimento do país.
A divisão de
população da ONU estima, na hipótese média, que a TFT vai ficar em 1,8 filhos
por mulher em 2050 e em 2 filhos em 2100. Na hipótese alta se acrescenta 0,5
filhos para cima e na hipótese baixa se reduz 0,5 filhos. Ou seja, se a TFT
chinesa ficar em torno de 1,5 ou 1,6 filhos por mulher nas próximas décadas, a
população da China pode seguir a hipótese baixa e ficar com um montante na casa
dos 500 milhões de habitantes em 2100.
A redução da
fecundidade na china possibilitou uma mudança na estrutura etária gerando um
bônus demográfico que foi bem aproveitado e criou as condições para se retirar
cerca de 600 milhões de chineses da situação de pobreza extrema. Porém, a
política de filho desrespeita os direitos reprodutivos e gerou um grande
desequilíbrio na razão de sexo, pois como a população tem preferência por
filhos do sexo masculino, exite muito fetocídio feminino (e femicídio), tendo
como resultado um superávit de 52 milhões de homens a mais do que mulheres. Na
idade de casar, o excesso de homens (ou a falta de mulheres) torna inviável
todos encontrarem uma parceira para casamento. Não é raro homens comprarem ou
sequestrarem uma esposa, reforçando as desigualdades de gênero no país.
A China tem sido o
país que apresentou o maior crescimento econômico da história, com uma taxa
anual de variação do PIB em torno de 10% entre 1980 e 2011. A taxa de
mortalidade infantil caiu de 122 mortes por mil nascimentos em 1950-55 para 22
por mil em 2005-10 e a esperança de vida subiu de 44,6 anos para 73 anos no
mesmo período. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) subiu de 0,4 em 1980
para 0,68 em 2010. Mas a China, que já disputa o título de primeira potencia
econômica mundial, ainda tem muito que avançar na área social.
Em termos ambientais
os desafios são ainda maiores, pois o país sofre com a desertificação, a
poluição dos rios e lagos, a falta de saneamento básico e a poluição do ar nas
cidades. Segundo o relatório Planeta Vivo 2012, da WWF, a China possui uma
pegada ecológica per capita de 2,13 hectares globais (gha), mas possui uma
biocapacidade per capita muito menor, de somente 0,87 gha. Portanto, o déficit
ambiental do país era superior a 200%, em 2008.
Ou seja, a pegada
ecológica era mais de 3 vezes a biocapacidade do país. A pegada ecológica total
da China (2,13 gha per capita vezes 1,359 bilhão de habitantes) é de 2,89
bilhões de hectares globais (gha), enquanto a pegada ecológica total dos
Estados Unidos (7,19 gha per capita vezes 305 milhões de habitantes) é de 2,19
bilhões de gha. A China era responsável pela emissão de 2,4 bilhões de
toneladas de CO2 em 1990, passou para 8,3 bilhões em 2010 e 8,9
bilhões em 2011, sendo o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo.
Por isto, a China é
atualmente o país que mais impacta o meio ambiente global e tem investido no
mercado de commodities e comprado alimentos e matérias-primas de outros países
do mundo com maior biocapacidade e com superávits ambientais. Portanto, o país
mais populoso do mundo afeta não só o seu próprio meio ambiente, mas tem um
impacto negativo no resto do mundo.
O decrescimento da
população da China nas próximas décadas vai aliviar um pouco a pressão
ambiental, mesmo porque os níveis de poluição tornam impossível manter o
crescimento dos últimos anos. Mas o país terá que fazer um esforço muito maior
para mudar o padrão de produção e consumo no sentido de fazer a pegada
ecológica caber dentro da disponibilidade de sua biocapacidade, respeitando as
fronteiras planetárias da China e da Terra. (EcoDebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário