No fim da linha
do ciclo do consumo e do desperdício, o lixo é fonte de poluição e agravos à
saúde mas também de lucros.
O maior navio já
construído pelo homem é um superpetroleiro de nome Knock Nevis. O navio –
desmontado em 2010 – tinha um comprimento equivalente a quatro campos de
futebol e a largura de um prédio de 23 andares. E era capaz de transportar, de
uma só vez, uma carga com peso máximo de 564 mil toneladas.
Mas mesmo esse
colosso se apequenaria se tivesse que desempenhar a inglória tarefa de
transportar o lixo domiciliar gerado anualmente no mundo: uma montanha de 730
milhões de toneladas, que necessitariam de 1,3 mil viagens do Knock Nevis. Isso
porque estamos falando só do rejeito gerado nos domicílios. Se tivesse que
transportar a somatória do lixo que é gerado anualmente por todas as atividades
humanas levadas a cabo no mundo – estimadas em 30 bilhões de toneladas -, o
maior navio da história precisaria fazer mais de 53 mil viagens.
Aí você pergunta:
transportar para onde? Pois é, como se não bastasse, o transporte é só um dos
componentes desta equação. Arranjar um lugar para dispor de todo esse lixo de
maneira a provocar o menor impacto possível é um desafio tão grande quanto
transportá-lo, se não maior. No lixo podem ser encontrados vários agentes patogênicos
e resíduos químicos com potencial para afetar nossa saúde; o lixo é capaz de
impactar negativamente o meio ambiente de diversas formas, poluindo o solo, a
água e o ar. Para piorar, o descarte do lixo gera um problema na medida em que
ninguém quer morar perto de depósitos de rejeitos que, via de regra, acabam
sendo instalados próximos a populações pobres em áreas periféricas.
Enfim, o lixo – desde
sua geração até sua disposição final – é um tema que extrapola discussões
meramente técnicas, trazendo à baila questões políticas, econômicas, sociais e
éticas, como você verá ao final desta reportagem, que busca dar um panorama das
principais dificuldades para o manejo do lixo hoje no Brasil, as soluções
possíveis e as estratégias que vêm sendo apresentadas como soluções, mas que
trazem em si mesmas outros problemas.
Política Nacional de
Resíduos Sólidos
Mas por que falar de
lixo agora? A explicação está na lei 12.305, que instituiu a Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecendo diretrizes e metas para a área de
gerenciamento do lixo no país, além de criar instrumentos para que os três
entes federados, o setor produtivo e a sociedade civil se articulassem no
sentido de garantir o descarte ambientalmente adequado dos chamados resíduos
sólidos comumente chamados de lixo. Essa denominação engloba desde o que é
gerado nos domicílios até o que é produzido pela atividade mineradora, passando
por resíduos de serviços de saúde, industriais, entre outros. A lei estipulou
um prazo de dois anos para que todos os municípios e estados que desejassem
receber recursos federais destinados a essa área elaborassem planos de gestão
de resíduos, que deveriam apresentar um diagnóstico de todo o lixo gerado em
seus territórios, especificando volume, caracterização e as formas de
destinação e disposição final adotadas, além de uma série de outros itens,
como: a identificação de áreas favoráveis para a disposição ambientalmente
adequada dos resíduos; regras para seu transporte; planilhas de custo e metas
para redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, no sentido de reduzir
a quantidade de resíduos que efetivamente precisaria ser descartada.
O prazo terminou em
agosto deste ano, e o balanço não é dos mais animadores. Segundo Silvano
Silvério, diretor de ambiente urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a
estimativa do governo é de que cerca de 550 municípios elaboraram ou estão
elaborando seus planos de gestão, e deverão receber recursos do MMA. Isso
representa em torno de 10% dos 5.565 municípios brasileiros. No mais, diz
Silvério, 17 estados e o Distrito Federal estão elaborando seus planos com
recursos do MMA. “Ressaltando que 2012 não é o prazo para terem seus planos
elaborados, e sim para acessar recursos da União. O que não impede e nem
desobriga os municípios e estados de elaborarem seus planos, que são
instrumento da PNRS e são, portanto, obrigatórios”, afirma. Com o fim do prazo,
ele diz que o governo avalia a possibilidade de continuar apoiando a elaboração
dos planos.
Maurício Waldman,
pós-doutor em resíduos sólidos pela Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), acredita que muitos dos municípios que concluíram seus planos de
gestão de resíduos no prazo o fizeram de maneira incompleta. O pesquisador cita
o caso de São Paulo, onde, segundo ele, “a prefeitura, para atender a exigência
de fazer um plano até esse ano, fez um que não especifica metas, custos de
implantação, só faz promessas. Ninguém quis se comprometer”. Para Waldman,
estabelecer o prazo para elaboração até 2012, as vésperas de uma eleição
municipal, foi equivocado. “Eu não consigo imaginar nenhum prefeito deixando um
plano destes de graça para o seu sucessor. Tem uma questão aí que é política”,
aponta. Segundo ele, uma das dificuldades é inerente à forma como os cargos são
preenchidos na maioria das prefeituras. “Não necessariamente quem está à frente
de uma secretaria de obras ou de uma secretaria de meio ambiente é da área. Em
geral é uma pessoa que está na composição política do partido que entrou e é
contemplada com esse cargo”, situa. Além disso, diz, em geral o aparato
administrativo das prefeituras não tem uma concepção muito clara de tudo o que
envolve o gerenciamento do lixo. “Na cabeça de muitos administradores, qual é o
grande problema do lixo? É não deixá-lo acumulado na calçada porque é
esteticamente ruim, a população reclama. Então a ideia é tirar o lixo da
calçada. Mas para onde ele vai? Aí é outra historia”, afirma.
Quantidade e
destinação do lixo domiciliar
Maurício levanta uma
questão fundamental: quanto lixo é gerado nos municípios brasileiros todos os
dias e o que é feito com ele? Os dados consolidados mais recentes são de 2008,
e estão na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ela, a coleta regular de
resíduos sólidos é feita em quase 90% dos domicílios do país, sendo que na área
urbana esse percentual passa de 98%; na área rural, contudo, a coleta só chega
a 33% dos domicílios. Em 2008, foram coletadas 183,5 mil toneladas por dia de
resíduos sólidos urbanos (provenientes das residências e estabelecimentos
comerciais e de serviços) no país.
Segundo a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, atualmente o local mais adequado para receber
esse lixo são os aterros sanitários, empreendimentos que devem receber licença
ambiental dos órgãos ambientais estaduais para funcionar e obedecer a uma série
de critérios técnicos: o local tem de ser cercado para barrar a entrada de
estranhos; o lixo deve ser coberto por terra e, por baixo, receber uma manta de
polietileno para evitar que o chorume – resíduo altamente tóxico proveniente da
decomposição do lixo – contamine corpos d’água; o terreno deve possuir uma
unidade de tratamento de chorume e uma usina de captação do metano, gás também
produzido na decomposição da matéria orgânica e que é um dos causadores do
efeito estufa; entre outros critérios. Em 2008, existiam 1.723 empreendimentos
desse tipo no Brasil, que receberam 110 mil toneladas diárias de lixo, ou seja,
58,3% do total produzido. Este número vem crescendo: dez anos antes, de acordo
com o IBGE, esse percentual era de 35,4%.
Sobram então
aproximadamente 73 mil toneladas diárias de lixo (41,7% do total) que não foram
dispostos em aterros sanitários e, portanto, segundo a lei, foram despejados de
forma inadequada do ponto de vista ambiental. E é justamente esse um dos
principais desafios para os municípios brasileiros na área de gerenciamento dos
resíduos hoje. Segundo a PNSB 2008, dessas 73 mil toneladas/dia, 37,3 mil
(19,8% do total) foram dispostas nos chamados vazadouros a céu aberto, ou
simplesmente, lixões. Outras 36,6 mil toneladas/dia (19,4%) de resíduos foram
para os aterros controlados, que oficialmente são uma mistura entre lixão e
aterro sanitário, mas que não atendem a todos os critérios para serem
classificados como aterros sanitários e, por isso, não são considerados
adequados para disposição final do lixo.
A erradicação dos
lixões e dos aterros controlados é um dos pontos focais da Política, tanto que
a lei estipulou um prazo de quatro anos após sua aprovação para que os 5.565
municípios brasileiros passassem a descartar todo o seu lixo em aterros
sanitários. O prazo termina em 2014, e a tarefa, pelos dados do IBGE, não será
das mais fáceis: em 2008, existiam 2.906 lixões e 1.310 aterros controlados no
país. Esse quadro, no entanto, já foi muito pior: em 1998, eram 4.642 lixões e
1.231 aterros controlados, que, juntos, recebiam 56,7% do lixo gerado no país
na época. Este percentual caiu para 39,2% em 2008, segundo o IBGE. Para Silvano
Silvério, o histórico dá motivos para otimismo. “Ele mostra que mesmo antes da
política, sem apoio financeiro do governo federal, houve um bom aumento na
destinação dos resíduos em aterros sanitários”, aponta. Segundo o diretor de
Ambiente Urbano do MMA, o governo federal ainda estuda a possibilidade de
apoiar os municípios nessa empreitada. “Essa é uma agenda tipicamente
municipal, e, portanto, ainda não temos nenhuma definição se vamos apoiar ou
não, mas o que eu posso dizer é que isso está em discussão”.
Os 2.906 lixões do
país estão distribuídos por 2.810 municípios, de acordo com a pesquisa do IBGE.
Trocando em miúdos, 50,5% das cidades brasileiras têm como principal forma de
destinação de seus resíduos os lixões. Erradicá-los, diz Silvério, “é um desafio
grande para os municípios, e a destinação adequada até 2014 vai depender de
como os prefeitos vão se colocar frente a essa meta que a lei impõe”. Um
instrumento previsto na lei e que poderia contribuir nessa tarefa, diz, são as
ações consorciadas entre vários municípios para a implantação e operação de
aterros sanitários, principalmente para os municípios de pequeno porte, que
sozinhos não produzem a quantidade de lixo suficiente para que seja viável
economicamente a instalação de um aterro sanitário. Segundo o IBGE, 98,5% dos
lixões e 93,5% dos aterros controlados localizam-se em cidades pequenas, com
até 100 mil habitantes. De acordo com Silvério, o custo total para adequar a
destinação final do lixo ao disposto na lei no Brasil inteiro é da ordem de R$
10 bilhões.
Os dados do IBGE
mostram que a incidência de lixões não é uniforme no país (veja mapa ao lado),
e tende a ser maior nas cidades pequenas. Além disso, o uso dos lixões como
forma de descarte dos resíduos é mais comum nas regiões mais pobres: dos 2.906
lixões citados na PNSB, 1.655 estavam na região Nordeste, 388 no Norte e 349 no
Centro-Oeste. Enquanto no Brasil como um todo metade dos municípios tem lixões,
nessas regiões a situação é bem mais preo-cupante: no Nordeste, esse índice
chega a 89%; no Norte, a 84%; e no Centro-Oeste, a quase 73%. Já no Sul, que
concentra 805 dos 1.723 aterros sanitários do país, apenas 15,3% dos municípios
têm lixões; e no Sudeste, que tem 605 aterros sanitários, 18,4% dos municípios.
Para João Alberto
Ferreira, professor do departamento de Engenharia Sanitária da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), parte da explicação está nos altos custos de
implantação de um aterro sanitário. “Do ponto de vista de um administrador
público acostumado com um lixão, o aterro sanitário é muito caro. Se hoje uma
prefeitura gasta R$ 3 por tonelada depositada em lixão, ela vai passar a gastar
até R$ 50 com o aterro”, revela. Supondo que esta barreira seja transposta, diz
Ferreira, é provável que o prefeito tenha dificuldade de encontrar empresas
interessadas. “Se fizer uma licitação para contratar uma empresa grande que
hoje opere no Brasil, muitas não se interessam por um município de pequeno
porte porque não tem viabilidade econômica”.
Maurício Waldman
aponta que mesmo que o histórico nacional mostre uma evolução na disposição
adequada de rejeitos, é preciso ir um pouco mais a fundo para ter a dimensão
real do tamanho do problema. “Se você pegar o mapa dos municípios do Brasil
onde tem lixão, embora a maior parte do lixo vá para os aterros, vê-se que eles
estão nas cidades mais populosas e ricas. A maior parte das cidades tem lixões,
e estão onde? Na Amazônia, no pantanal, em áreas de mangue, ou seja, em áreas
de interesse ambiental”, destaca, completando: “É complicado, não só pelos
lixões em atividade, mas também pelos que estão sendo desativados sem nenhum
laudo”. Waldman estima em mais de 15 mil o número de lixões no país, contando
os que foram desativados mas ainda oferecem riscos à saúde.
Lixo e saúde
Antes de ler esta parte
da reportagem, cabe uma advertência: evite continuar se tiver acabado de comer.
O conselho não é gratuito: falar de todos os agravos para a saúde e para o meio
ambiente que o lixo pode causar é meio tenebroso, e pode provocar náusea e
indigestão em pessoas suscetíveis. Por isso mesmo, é importante para quem
estuda, trabalha ou simplesmente tem interesse na área da saúde.
Doutor em saúde
pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz),
João Alberto Ferreira lista, no artigo ‘Aspectos de saúde coletiva e
ocupacional associados à gestão dos resíduos sólidos municipais’, algumas das
formas pelas quais o lixo pode afetar a saúde e o meio ambiente.
“Microorganismos patogênicos ocorrem nos resíduos sólidos municipais mediante a
presença de lenços de papel, curativos, fraldas descartáveis, papel higiênico,
absorventes, agulhas e seringas descartáveis e camisinhas”, diz o pesquisador.
Ele cita como exemplos os microorganismos responsáveis por doenças do trato
intestinal e dermatites e o vírus causador da hepatite B.
A transmissão
indireta de doenças pode se dar pelos vetores que encontram abrigo e alimento
no lixo. No artigo ‘Resíduos sólidos e saúde pública’, Cristina Lucia Sisinno,
também doutora pela Ensp, afirma que no caso do lixo esses vetores são
principalmente roedores e insetos. Os primeiros, diz ela, “podem estar
implicados na transmissão de um grande número de doenças”, para em seguida
listar as principais: peste bubônica, tifo, leptospirose e salmonelose, entre
outras. Já entre os insetos que proliferam no lixo, destacam-se as moscas,
mosquitos pulgas e baratas, que podem atuar na transmissão de doenças que vão
desde diarreias infecciosas até peste bubônica, passando por malária, dengue e
febre amarela.
Como se não bastasse,
Ferreira lembra ainda uma situação que segundo ele é recorrente nos lixões do
país: a utilização do lixo como fonte de alimento de animais criados em sítios
nas proximidades. “É muito comum ter porcos e vacas nos lixões, e a pergunta é:
quem consome essa carne? Ela pode estar sendo consumida sem que se tenha ideia
de onde veio. Em todas as cidades temos controle muito eficiente da vigilância
sanitária sobre o consumo da carne de porco e de vaca nas feiras livres?
Duvido”, opina.
Impactos ambientais
A decomposição do
lixo gera dois resíduos com potencial enorme de impactar o meio ambiente: o
chorume e o gás metano. O chorume, como aponta Cristina Lucia Sisinno no artigo
‘Impacto ambiental dos grandes depósitos de resíduos urbanos e industriais’, é
formado quando a água da chuva e a umidade presente no próprio lixo passam
através dos resíduos dissolvendo componentes orgânicos e inorgânicos e produtos
em decomposição, “formando um líquido altamente poluente e de complexa
composição”. Estudos da United States Environmental Protection Agency [em
português, Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos], citados por
Cristina, relacionaram mais de 100 substâncias consideradas perigosas para a
saúde humana em amostras de lixo urbano, como arsênio, antimônio, chumbo e mercúrio.
“Atingindo os lençóis d’água subterrâneos – fonte de abastecimento de água para
a população em muitos locais -, o chorume poluirá poços, podendo provocar
endemias, desencadear surtos epidêmicos ou provocar intoxicações. Por ser comum
na carga de chorume a presença de microorganismos indicadores de poluição
fecal, as águas superficiais receptoras de chorume também terão uso limitado”,
escreve Cristina.
Já o metano, escreve
a autora, é o componente predominante do biogás. Este, por sua vez, é gerado
quando a matéria orgânica presente no lixo é fermentada por microorganismos em
um ambiente impermeável ao ar. Além de ser inflamável, o que torna comum a
ocorrência de combustão espontânea do lixo nas áreas de descarte, o metano,
segundo João Alberto Ferreira, é um dos gases causadores do efeito estufa,
sendo 21 vezes mais impactante nesse sentido que o dióxido de carbono. Uma das
maneiras de se lidar com o biogás, nos aterros sanitários, é queimando-o, o que
de acordo com Cristina constitui uma fonte de poluição do ar. Ferreira
complementa: “Num aterro de grande porte, são 200 viagens por dia de caminhões
de lixo, e com isso há a emissão local de barulho, dióxido e monóxido de
carbono. Além disso um aterro grande movimenta 10 mil toneladas de lixo por dia.
Uma vizinhança relativamente próxima vai sentir o cheiro e vai sofrer os
impactos do material particulado, que causa problemas para a atmosfera local”.
Reciclagem
Por tudo isso é que a
PNRS colocou como prioridade a erradicação dos lixões e a instalação de aterros
sanitários para dar conta de receber todo o lixo produzido no país, mas a
disposição “ambientalmente adequada” é apenas a última etapa de um processo que
deve também integrar a reutilização e a reciclagem de materiais com vistas a
reduzir a quantidade que precisa efetivamente ser descartada. E de acordo com
os números do IBGE, essa é uma parcela pequena do total de resíduos sólidos
produzidos diariamente nos domicílios brasileiros, em torno de 16% do total.
Das 183 mil toneladas diárias de resíduos produzidos em 2008, 58,6 mil
toneladas foram de materiais recicláveis, como o vidro, o papel, papelão,
plásticos e metais, o que representa 31,9% do total. Nesse aspecto, pelo menos
segundo as estatísticas, a situação não é das piores: em 2008, o percentual de
reciclagem do alumínio, aço, papel e papelão ultrapassou os 35% do total. Por
outro lado, essa taxa ficou em torno dos 20% para vidros e plásticos.
O problema aparece
quando analisamos mais pormenorizadamente esses números: segundo comunicado do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre resíduos sólidos, de
2012, a participação da coleta seletiva formal – presente em apenas 18% dos
municípios, sendo que na maioria deles ela só cobre alguns bairros – no
montante reciclado foi de 0,7% para os metais, 7,5% para papel e papelão, 10,4%
para o vidro e 17,7% para os plásticos. “Produtos como latas de alumínio e PET
têm um nível alto de reciclagem por conta de um trabalho semiescravo,
dependente de gente que está catando lixo na rua em condições degradantes”,
conclui João Alberto Ferreira. Segundo o Ipea, os catadores hoje somam entre
400 mil e 600 mil pessoas, das quais apenas 10% estão organizados em
cooperativas. Sua renda mensal média varia entre R$ 420 e R$ 520.
Segundo Severino Lima
Júnior, da articulação nacional do Movimento Nacional dos Catadores de
Materiais Recicláveis (MNCR), um aspecto positivo da Política Nacional de
Resíduos Sólidos foi a inclusão dos catadores no texto da lei, de modo a evitar
que esses trabalhadores, que já vivem sob condições precárias, percam
totalmente suas fontes de renda com o encerramento dos lixões. “A PNRS que diz
que agora as prefeituras têm obrigatoriedade de contratar cooperativas, a não
ser nas cidades onde não haja catadores. E vai além: as prefeituras e os
estados, na elaboração de seus planos, têm a obrigação de prever a participação
dos catadores se quiserem recursos federais”, afirma Severino. Segundo ele, a
ideia é que os catadores recebam apoio para formação de cooperativas –
fortalecendo sua organização e seu poder de barganha frente à indústria da
reciclagem – e com a inclusão destas nos programas de coleta seletiva formais.
“Muitas prefeituras não querem reconhecer o papel e a importância do catador no
ciclo de destinação adequada dos resíduos, pelas dificuldades que têm algumas
cooperativas em termos de organização e também pela dificuldade de algumas
prefeituras perderem o vício de contratação de empresas terceirizadas”, avalia
Severino. Segundo ele, mais de 90% do material que é reciclado no país passa
pela mão de um catador, seja em lixões, na rua, em cooperativas ou por
programas oficiais de coleta seletiva.
Vidro, plástico,
metais, papel e papelão não são os únicos materiais que podem ser
reaproveitados. Segundo o IBGE, 51,4% do lixo produzido no Brasil em 2008 foi
de matéria orgânica. Entretanto, das 94 mil toneladas diárias, apenas 1,5 mil,
ou 1,6% do total, foram encaminhados para tratamento via compostagem, para ser
usado como adubo. E isso é um problema, porque é justamente o lixo orgânico
que, ao se decompor nos aterros e lixões, causa os maiores problemas para o
meio ambiente e para a saúde pública. “As cidades fariam mais se debitassem do
IPTU o dinheiro para todo mundo ter uma composteira do que fazer essas grandes
operações de coleta de resíduos com caminhões compactadores, estações de
transbordo. Só que se você fizer composteira doméstica quem vai reclamar são as
empresas coletoras de lixo”, diz Maurício Waldman, lembrando que as empresas
ganham por tonelada de material coletado e, portanto, não interessa sua
composição. E como você verá adiante, atualmente essa não é a única forma que o
setor privado dispõe para gerar dinheiro a partir do lixo, principalmente da
fração orgânica.
“A reciclagem”,
escreve Waldman no livro ‘Lixo: cenários e desafio e desafios’, “além de não se
contrapor à dinâmica geral do processo de acumulação de capital, contribui,
pelo contrário, para sua reprodução em outro patamar, agora reclamando uma
lógica ‘sustentável’”. Ele lembra que a reciclagem está atualmente monopolizada
por cinco itens – vidro, papel, plástico, aço e alumínio -, que são os mais
valorizados do ponto de vista econômico. “Deste modo, mesmo que a performance
da atividade recicladora detenha sinonímia com a ‘defesa da natureza’, trata-se
de iniciativa fortemente pautada pela viabilidade econômica, que determina seus
fluxos e progressos”, aponta no texto. A baixa inserção dos resíduos orgânicos
nos ciclos de reciclagem, para Waldman, demonstra essa íntima relação da
indústria recicladora com as dinâmicas de mercado.
O lucro do lixo
Você deve se lembrar
que o Rio de Janeiro sediou, em junho deste ano, a Rio+20, evento da
Organização das Nações Unidas (ONU) que reuniu governantes de centenas de
países para discutir soluções para a crise ambiental. Talvez você se lembre
também que a conferência deixou como legado oficial a proposta de economia
verde, que basicamente propõe que a financeirização da natureza – por meio de
mecanismos de mercado – é a melhor solução para os problemas ambientais. Mas o
que o lixo tem a ver com isso? Muito, e uma das chaves para entender essa
relação está numa pequena sigla: MDL, ou Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
Fabrina Furtado, doutoranda do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e
Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ), explica que o
MDL foi criado com o Protocolo de Kyoto, compromisso internacional assinado em
1997 no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas,
que estabeleceu que os países ditos desenvolvidos deveriam reduzir suas
emissões de gases de efeito estufa em 5,2% (com base nos índices do ano 1990)
até 2009. “Esse protocolo também estabeleceu o que eles chamam de mecanismos de
flexibilização, que permitem que os países ricos possam atingir suas metas de
forma mais flexível”, afirma Fabrina, completando que, entre estes mecanismos,
estão a comercialização de carbono e o MDL, que devem ser analisados
conjuntamente. “A comercialização do carbono permite que as empresas comprem e
vendam sua poluição. Exemplo: há duas empresas, uma na Alemanha e outra na
Inglaterra, as duas têm metas de redução, só que uma consegue reduzir muito
mais do que é obrigada e a outra não consegue atingir sua meta. Em vez de ela
mudar sua forma de produzir e diminuir suas emissões, ela compra o excesso da
outra empresa”, explica. O MDL, por sua vez, foi a forma encontrada para
integrar os países ‘em desenvolvimento’ nesse comércio. “Os países ricos, com
compromisso de redução das emissões de CO2, em vez de reduzirem as emissões,
podem investir em projetos que teoricamente devem reduzir ou remover CO2 da
atmosfera elaborados por empresas nos países em desenvolvimento. Esses projetos
geram um ativo financeiro que pode ser comercializado depois de passar pelo que
se chama de ciclo de projeto do conselho executivo do MDL na ONU”, diz. A
última etapa deste processo é o registro do projeto nesse conselho e, a partir
daí, ele pode gerar créditos que são vendidos e comprados através da própria
ONU.
E adivinhe qual foi o
primeiro país do mundo a registrar um projeto de MDL na ONU? Acertou quem falou
o Brasil. E o projeto pioneiro foi justamente o do aterro sanitário Novagerar,
em Nova Iguaçu, estado do Rio, em 2004. Entre os projetos passíveis de serem
registrados como MDL pela ONU – e portanto de receberem créditos para serem
comercializados – estão vários que dizem respeito aos aterros sanitários, e uma
das possibilidades é a captação do biogás para geração de energia elétrica, que
também foi implementada no aterro controlado de Gramacho, em Duque de Caxias
(RJ), que antes de ser fechado, no inicio de 2012, era o maior da América
Latina. A energia gerada ali, afirma Fabrina, será vendida para a Reduc,
refinaria da Petrobras localizada na mesma cidade. Segundo ela, o país hoje é o
3° do mundo em número de projetos de MDL registrados na ONU, com 213, sendo 33
na área de gestão de aterros sanitários.
Soluções paliativas
para um problema estrutural
Para Fabrina, o
principal problema deste tipo de iniciativa está na sua lógica, “que diz que os
problemas ambientais ocorrem porque não tem produto nem propriedade de direito
sobre a natureza”. “Isso despolitiza o debate sobre mudanças climáticas,
reduzindo-o a uma questão de emissão de carbono, que por sua vez é reduzido a
um cálculo matemático de emissões que podem ser trocadas. E exclui de todo esse
processo a discussão sobre o modelo de desenvolvimento e justiça ambiental. São
feitas mudanças aqui e ali mas no longo prazo não se têm grandes melhorias,
porque o problema na verdade é estrutural. As questões deveriam ser: por que se
gera tanto lixo, de onde ele vem, quais as populações que são mais diretamente
afetadas pela degradação ambiental que ele provoca” protesta.
Além disso, ela
afirma que o MDL acaba legitimando o direito de poluir. “A causa real da
geração da poluição e os impactos socioambientais são ignorados. Tanto é que
são as empresas que mais precisam mudar suas formas de atuar que compram
créditos, porque é mais barato”, afirma. A maioria dos projetos de MDL, diz
Fabrina, são problemáticos. “Hoje há projetos que recebem créditos e têm
diversos impactos sociais e ambientais, como por exemplo a Thyssen Krupp, que
recebe crédito de carbono mesmo sendo uma empresa denunciada por crimes
ambientais, violação de direitos, relação com milícia”, critica. No caso de
Gramacho, aponta, o Ministério Público Federal entrou com ação contra a
concessionária do aterro hoje desativado, denunciando o vazamento de chorume
nas águas da Baía da Guanabara e a falta de monitoramento ambiental do projeto
que, na análise de Fabrina, ganha para continuar poluindo.
Incineração
A captação de biogás
é só uma das possibilidades de se lucrar com o lixo que o mercado de carbono
abre para as empresas do setor. Outra delas é a incineração do lixo, também com
o intuito de gerar energia ‘limpa’ e reduzir a emissão de gases de efeito
estufa. Não por acaso, a PNRS não proibiu a incineração do lixo, o que para
especialistas da área deixou a porta aberta para que ela fosse considerada uma
forma ambientalmente adequada de destinação dos resíduos sólidos. Segundo
Elisabeth Grimberg, coordenadora de resíduos sólidos do Instituto Pólis, essa é
uma das principais falhas da lei. “Vai se queimar materiais com alto teor de
combustão que ainda tem um ciclo de vida a cumprir como os plásticos, papéis e
papelão, que são materiais que, se você recicla, trazem economia de energia, de
água e de matéria prima”, aponta.
O Movimento Nacional
dos Catadores de Materiais Recicláveis também se posicionou contra a
incineração. “Conhecemos vários modelos de reaproveitamento energético através
da incineração na Europa, e reconhecemos que em alguns essa tecnologia serve,
mas porque não há catadores na matriz da cadeia de reciclagem deles. No Brasil
temos 600 mil catadores e se você implantar a incineração vai matar essas
famílias de fome”, critica Severino, concluindo: “A Europa em si já está
discutindo a questão energética e está querendo ampliar o papel da energia
eólica e solar. Por isso muitos países estão com equipamentos parados querendo
vender para a América Latina. É uma forma de eles darem destinação a
equipamentos que vão ficar em desuso”. Por fim, a energia produzida a partir da
queima do lixo, propagandeada como ‘limpa’, tem impactos ambientais relevantes.
Segundo documento produzido pela organização não-governamental Gaia (Grupo de
Ação e Intervenção Ambiental), por mais que mecanismos de controle da poluição
do ar presentes em modelos novos de incineradores retenham alguns dos elementos
poluentes, eles são “transferidos para outros subprodutos, tais como os
diferentes tipos de cinza e na fumaça, que resultam da queima, e para a lama
que se vai concentrando nos filtros d’água, todos eles inevitavelmente
despejados no meio ambiente”. Além disso, afirma a entidade, os incineradores
emitem mais dióxido de carbono por unidade de geração de eletricidade do que
usinas movidas a carvão, por exemplo.
Seropédica: lixo e
injustiça ambiental
Ninguém quer morar
perto de um depósito de lixo, certo? Essa constatação, embora óbvia, traz à
tona um problema frequente na área de gerenciamento do lixo, mas que é pouco
abordado: a falta de transparência no processo de escolha dos locais destinados
a receberem os rejeitos, que em geral, acabam próximos a populações com menores
possibilidades de fazerem valer seus direitos. A questão da disposição do lixo
tem papel central na discussão sobre essas situações que, segundo uma certa
corrente de ambientalistas, configuram injustiças ambientais.
Talvez um exemplo
recente facilite o entendimento. Em junho deste ano, o maior lixão da América
Latina, no Jardim Gramacho em Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de
Janeiro, encerrou suas atividades depois de 34 anos recebendo o lixo gerado no
Rio e em outras cidades da região. Com o fechamento, as 7 mil toneladas de
rejeitos que o local recebia diariamente passaram a ser levadas para um aterro
construído com essa finalidade na cidade de Seropédica, a cerca de 70
quilômetros do centro do Rio, que mal nasceu e já é o maior aterro sanitário do
país em volume de lixo recebido: segundo o Ministério das Cidades, são 3
milhões de toneladas por ano.
Contudo, José Cláudio
Alves, decano de extensão da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ) – instituição localizada em Seropédica e que vinha acompanhando esse
processo -, afirma que a implantação do novo aterro foi marcado por diversas
irregularidades. Para começar, diz ele, leis do município tiveram que ser
alteradas para permitir a instalação do aterro. Primeiro, era preciso permitir
que lixo de outra cidade, no caso o Rio, fosse depositado ali; a segunda
alteração pressupunha diminuir o tamanho de uma Área de Preservação Ambiental
(APA) exatamente sobre o local destinado a receber o aterro. “O local é parte
da Serra dos Órgãos, que é onde você tem a captação das águas para alimentação
do aquífero Piranema”, diz José Cláudio. A terceira alteração na lei era a
permissão de que uma empresa privada gerenciasse isso, e a quarta, a criação de
uma área de saneamento ambiental, destinada à instalação do aterro e que,
segundo ele, é do tamanho do campus da UFRRJ, em torno de 3,6 mil hectares.
“Essas alterações foram propostas na Câmara dos Vereadores numa sexta-feira e
aprovadas na segunda. Foram feitas e aceitas a toque de caixa. Isso garantiu
que o empreendimento viesse a existir”, revela.
Segundo o decano de
extensão da UFRRJ, a universidade procurou o Instituto Estadual do Ambiente
(Inea), órgão ambiental responsável por conceder a licença ambiental do aterro
sanitário, para denunciar os possíveis impactos da sua instalação sobre um
aquífero. “Nós levamos laudos sobre a situação do aquífero, que é de solo
sedimentar, arenoso -, escavando meio metro já se encontra água. É um aquífero
frágil, que pelos estudos da Rural, daria para abastecer 140 mil pessoas. Mas o
Inea acatou o estudo de impacto ambiental da própria empresa que instalaria o
aterro, que dizia que não havia corpos hídricos nesse local, o que não é
verdade: eles inclusive aterraram pequenas nascentes e córregos que corriam
nesse espaço do empreendimento”, argumenta.
Como se não bastasse,
José Cláudio ainda aponta várias falhas de engenharia no empreendimento, que
colocam em risco o equilíbrio do ecossistema da região. “Até hoje eles não têm
o centro de tratamento de chorume. Transportam o chorume em tanques de
Seropédica até Águas de Niterói. Eu e algumas pessoas fizemos um documentário:
fomos até o aterro de Nova Iguaçu, que é da mesma empresa, coletamos água a 50
metros de distância do empreendimento e fizemos análise. A água já estava toda
contaminada pelo lixo, com fósforo e amônia. A meu ver, o mesmo está
acontecendo em Seropédica: não há nenhum controle sobre esse chorume, e o
aquífero, a essa altura do campeonato, já deve estar bastante contaminado”,
diz.
Para ele, o aterro de
Seropédica é um caso emblemático de injustiça ambiental. “Eles tentaram fazer
esse empreendimento em Paciência, na Zona Oeste do Rio, só que lá tem uma
população eleitoral muito grande e houve um movimento bem forte com parlamentares.
Quando eles viram que lá não iriam conseguir, escolheram Seropédica, onde a
população eleitoral é muito pequena, muito mais pobre, com capacidade de
mobilização inferior”, aponta. E conclui: “O Inea deveria cumprir o seu papel e
não cumpre. Ele é um órgão absolutamente refém de interesses políticos”.
Dilemas
Como você pôde ver,
os desafios que o lixo coloca são imensos, a começar porque sua geração não
para de crescer no Brasil, tanto em termos absolutos quanto per capita, com a
inserção econômica, via consumo, de grandes parcelas da população. Para
ilustrar, bastam alguns dados presentes no livro ‘Lixo: cenários e desafio e
desafios’, de Maurício Waldman: enquanto a população brasileira aumentou 15,6%
entre 1991 e 2000, a produção de lixo domiciliar expandiu-se 49%. Isso porque
estamos falando apenas do lixo domiciliar, que embora cause maior comoção do
ponto de vista da opinião pública, representa apenas 2,43% do total do lixo
mundial. Tanto que, de acordo com o autor, “prevê-se que a logística de
descarte dos rejeitos entrará em colapso em muitas nações, inclusive pela falta
de espaço”. Mesmo em países como o Brasil, que possui áreas disponíveis, elas
situam-se muito longe da fonte geradora, “pressupondo para alcançá-las uma
remuneração proibitiva pelo frete dos resíduos”, diz ele.
Como aponta Waldman,
tratar da questão do lixo sem questionar o consumo (e a consequente geração de
lixo) como indicativo de desenvolvimento, é impossível. Você já reparou que
produtos como eletrodomésticos, celulares, computadores e até veículos têm vida
útil cada vez mais curta? Pois isso não é por acaso, e a razão tem um nome
pomposo: a obsolescência, que se dá quando um produto já é fabricado de modo a
se deteriorar rapidamente ou quando ganha uma repaginação, que pode ser, por
exemplo, um novo layout ou novas funções. Waldman escreve que a obsolescência
tem como função impulsionar os ciclos de reprodução do capital. “Quanto mais
rápida for a substituição das mercadorias, tanto mais encorpado será o giro do
dinheiro”, aponta. Em termos econômicos, continua, a obsolescência “promove a
ampliação dos ganhos financeiros, visto que, precarizando a durabilidade das
mercadorias, permite o rebaixamento do seu custo. Quanto antes e quanto mais os
produtos se tornarem inúteis, tanto maiores serão os lucros, ainda que a
contrapartida seja sobre-explorar os recursos naturais e, é claro, maximizar a
geração de lixo”.
Como indaga outro
trecho de seu livro: “O mundo tem assistido a uma sobre-exploração de recursos
sem que nem mesmo as necessidades mínimas de parte significativa da humanidade
estejam sendo atendidas. Ora, como então imaginar a ampliação deste modelo? Com
certeza não existem recursos suficientes. Caso o padrão das sociedades
afluentes fosse estendido para toda a população mundial, seriam necessários
três planetas Terra para sustentar os humanos”. (EcoDebate)
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