Telefone celular guarda tesouro em matérias-primas cada vez
mais escassas
Cada vez mais
funcional, o telefone celular é hoje um verdadeiro faz-tudo, em todas as partes
do mundo. E pouca gente tem ideia dos materiais preciosos guardados nesta
pequena caixa.
Diferentes tipos de
metais permitem que os celulares ofereçam suas inúmeras funções. Cada aparelho
traz apenas uma pequena quantidade desses metais – juntando vários, porém, a
soma de materiais preciosos usados nos telefones é enorme. As matérias-primas
estão ficando cada vez mais escassas e, consequentemente, mais caras. Mas, por
que isso está acontecendo? Quais materiais serão usados na tecnologia do
futuro? Aqui estão algumas respostas.
“Confiava-se que a
Terra sempre ofereceria o tanto de matéria-prima que fosse necessário”, resume
Armin Reller, professor de Estratégia de Reservas da Universidade de Augsburg.
Ele conta que durante muito tempo essa ideia perdurou entre cientistas e
setores da economia. “Agora nós vemos um claro limite”. E limite de
disponibilidade é também limite de crescimento, pois a indústria se estrutura
na tecnologia proporcionada por esses materiais.
Sem o lítio, por
exemplo, o carro elétrico não tem como rodar. Sem o elemento índio, não há
células solares, e sem os metais de terras-raras, controlados pela China,
torres de energia eólica não funcionam. Novas possibilidades de extração
precisam aparecer – caso contrário a contenção acabará se tornando um dogma da
moderna sociedade de consumo.
Mais efetivo do que
mineração
Uma possibilidade de
manter as reservas é a reciclagem. Em uma tonelada de celulares, por exemplo,
encontram-se 300 gramas de ouro. Para se ter uma ideia do montante, mineradoras
calculam que em uma tonelada de rocha é extraído apenas um grama do precioso
metal. No entanto, a maioria dos celulares usados vai parar em países africanos
ou latino-americanos, ou vai para o lixo ou fica esquecida em alguma gaveta.
Até mesmo a Alemanha,
que se considera “país da reciclagem”, tem dificuldades em desenvolver um
efetivo sistema de reaproveitamento do material de aparelhos celulares. Uma
ideia que veio do setor político é fazer com que o cliente pague uma caução na
hora da compra, a fim de forçá-lo a devolver o aparelho quando ele quiser
trocá-lo.
A reciclagem de todos
os metais usados na produção de um celular ainda é uma árdua tarefa para a
ciência e a indústria. Dos quase 35 metais encontrados nos aparelhos, apenas
uma pequena fração pode ser reciclada de maneira rentável. E isso vale não
apenas para celulares, mas também para laptops, televisores e outros aparelhos
eletrônicos – um imenso potencial em vista.
O sonho da reciclagem
completa
De qualquer maneira,
a ampliação da exploração de matérias-primas mundo afora não é a melhor
solução. A questão moral ainda é muito forte, já que essa exploração é feita
quase sempre às custas do homem e do meio ambiente. Pequenos garimpeiros
trabalham muitas vezes sob condições miseráveis.
Nas montanhas do
Congo, crianças retiram o tântalo, tão importante para a produção de
microcapacitores, enquanto milícias financiam uma guerra com o comércio do
material. Na China, o meio ambiente sofre com os resíduos químicos liberados
com a exploração de metais de terras-raras.
Também por isso os
centros de pesquisa estão em busca de uma revolução da reciclagem. Um deles
está na Universidade de Hamburg-Harburg. A pesquisadora Kerstin Kuchta e sua
equipe estudam um novo processamento do metal de terras-raras neodímio.
O sonho é alcançar
uma sociedade que consiga viver para sempre apenas das matérias-primas que têm
à disposição. “Ainda há muito a se fazer nesse sentido, pois não podemos
continuar usando e depois jogar o resto fora”. Teoricamente, seria possível
reutilizar até 80% do material de um aparelho celular. Mas a realidade é bem
diferente – pelo menos, até agora. (EcoDebate)
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